Já depois de ter tomado posse como presidente do FC Castrense, Abelha
revela ao "CA" quais as metas definidas para os próximos dois anos,
assumindo que a ambição continua a ser a aposta nos jovens jogadores da
terra. "Continuo a achar que nos próximos dois anos vamos cada vez mais
dar oportunidades aos nossos jovens de chegar à equipa principal e
dar-lhes experiência, para que nos anos seguintes, nos dois anos do
próximo mandato, esses miúdos possam jogar nos campeonatos nacionais com
uma equipa de qualidade e sem grandes custos", afiança o presidente do
emblema de Castro Verde.
Foi reeleito presidente do FC Castrense. Avançou por sentir que era necessário dar continuidade ao trabalho iniciado em 2018?
Sim, a ideia foi sempre essa. Quando esta direcção e eu pessoalmente
tomámos a decisão de assumir os destinos do clube foi sempre tendo em
vista um projecto, no máximo, de seis anos. Como não tinha muita
experiência, estes primeiros dois anos foram para ganhar o "calo". A
partir de agora, tudo o que começámos a implementar vai começar a dar
frutos, porque o trabalho está a ser bem feito.
Que objectivos traça para estes dois anos?
Que cada vez mais o FC Castrense seja o clube da terra! Queremos que os
atletas nascidos em Castro Verde e aqueles que cheguem à terra se
adaptem ao clube, que gostem do clube, que vivam o clube. Mas todos têm
que ter a noção que não chega apenas o clube dar-lhes as oportunidades:
eles têm também que fazer muitos sacrifícios para poderem chegar aos
patamares que o clube já exige.
Quando foi eleito pela primeira vez, em 2018, tinha como "bandeira"
devolver a mística ao FC Castrense. Sente que esse objectivo foi
alcançado?
Penso que estamos no bom caminho! Uma das coisas que sempre pensámos foi
que o clube tinha de estar mais envolvido com a própria sociedade e por
isso, hoje em dia, o FC Castrense faz parte do conselho consultivo da
Reserva da Biosfera [de Castro Verde] e integra a comissão alargada da
Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Castro Verde. E já somos
entidade formadora de duas estrelas muito perto da terceira estrela ,
o que confere qualidade ao trabalho que fazemos na nossa formação. Por
tudo isto, sinto que as pessoas se estão a identificar mais com o clube.
O futebol sénior é a "imagem de marca" do FC Castrense e os últimos
dois anos, ao nível dos resultados, não foram propriamente famosos. Nos
próximos dois anos poderá ser diferente?
Temos que ver os objectivos que traçámos
E os objectivos que traçámos
nestes dois anos que eram termos cada vez mais jogadores formados na
terra [no plantel] foram atingidos plenamente! Essa foi a nossa meta,
nunca prometemos nada em termos de resultados e continuamos a não
prometer. Continuo a achar que nos próximos dois anos vamos cada vez
mais dar oportunidades aos nossos jovens de chegar à equipa principal e
dar-lhes experiência, para que nos anos seguintes nos dois anos do
próximo mandato esses miúdos possam jogar nos campeonatos nacionais
com uma equipa de qualidade e sem grandes custos. Porque como [o clube]
estava era insustentável!
Ou seja, vai manter-se a aposta na formação sem a ambição de subir de divisão?
Sim, o nosso objectivo é que mais miúdos consigam chegar à equipa
principal. Por exemplo, no ano passado tivemos quatro juvenis que
fizeram o exame médico especial e foram usados na equipa principal. E
queremos que este ano os juniores e até os juvenis tenham noção que a
qualquer momento podem chegar à equipa sénior. As aquisições que
estamos a tentar fazer são de jogadores experientes, alguns que já
passaram pelo Castrense, que vão dar a base [de apoio] aos mais jovens
para poderem errar e para poderem falhar. Ou seja, a ideia nestes
próximos dois anos vai ser esta, ainda que saibamos que o FC Castrense a
qualquer altura está sujeito a subir ao nacional, porque isso é normal
para um clube com o prestígio e a qualidade do FC Castrense. Aliás,
nestes dois últimos anos tínhamos qualidade no plantel. Houve algumas
coisas que não correram bem, mas não era por falta de qualidade no
plantel!
Tem, portanto, a convicção que desportivamente os resultados da
equipa sénior do FC Castrense serão melhores nestes próximos dois anos?
Há uma coisa que é diferente: há o subir e há o ser campeão. Uma coisa
não impede a outra, pois podemos ser campeões e não assumir a subida. E
eu sempre disse que se nestes primeiros dois anos fossemos campeões
provavelmente não assumiríamos a subida. Vamos ver o que vai acontecer,
mas nunca ninguém disse que não queríamos ser campeões. E o FC Castrense
corre esse risco [de ser campeão], ainda mais agora sem o Moura AC e o
Mineiro Aljustrelense no campeonato distrital. Mas essa não é uma
obsessão
A nossa obsessão é que cada vez mais os nosso miúdos tenham
noção que podem chegar à equipa principal, porque lhes vamos dar
oportunidades para isso.
Além do futebol, o FC Castrense conta com atletismo, hóquei em
patins, patinagem artística e voleibol. Que papel vão ter estas
modalidades no clube?
O papel que hoje já têm, ou seja, um papel importante. Sabendo que fazem
parte activa do clube e que o Castrense não é só futebol. E cada vez
está a notar-se isso menos! Queremos que todos os miúdos que pratiquem
essas modalidades tenham espaço para crescer e atingir as metas que
possam ter. Nestes dois anos queremos criar condições para que cada vez
mais estes atletas possam sentir orgulho no clube da terra deles.
No plano financeiro, o FC Castrense é neste momento um clube estabilizado?
Sim, pois desde o início que estamos a gastar conforme o que temos. A
situação está estável e vamos ficar agora com algum fundo de maneio, mas
esse tem de ser bem gerido e guardado, porque não sabemos o futuro.
Temos noção que a partir de agora, a nível dos sócios e do comércio, vai
ser muito difícil e alguma verba que consigamos poupar terá de ser para
o futuro, pois não sabemos o que vem aí.
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