O orçamento moderado e a diminuição de receitas pela ausência de público nos estádios, o que, no caso do Mineiro, é fortemente penalizador na motivação da equipa, são os aspetos identificados pelo presidente do Aljustrelense, Rui Saturnino, para explicar a modesta prestação da sua equipa.
Texto Firmino Paixão
No penúltimo lugar da Série H do Campeonato de Portugal, o Mineiro Aljustrelense quer, durante a segunda volta do campeonato, inverter esta posição. Os três reforços que, recentemente chegaram ao plantel e a entrada do técnico José Luís Prazeres, são fatores que o dirigente elege como essenciais para a desejada recuperação na tabela, mesmo sem o “conforto” do seu público.
O último ano foi perfeitamente anormal em vários aspetos. No plano desportivo, certamente que mexeu com a estabilidade Aljustrelense?
Claro! Principalmente porque somos um clube que vive muito do apoio dos associados e, sem termos a sua envolvência nos jogos, nos treinos, no acompanhamento da equipa, também fora de casa, onde nos dão um apoio inexcedível… sentimos essa falta. Nos jogos em casa refletiu-se, financeiramente, na bilheteira e na quotização. Sofremos muito mais com este fator do que outros clubes da nossa região e, para além disso, não tivemos futebol juvenil, algo que é claramente importante, é o nosso futuro que ficou suspenso, está parado. Foi, de facto, um ano para esquecer.
Neste novo ano tem esperança de que as coisas possam melhorar?
Neste momento, ainda não se augura nada de bom para os próximos meses, mas estamos em crer que as coisas estabilizem após o verão e que possamos ter, de novo, os meninos a treinar e a competir, e que os campeonatos voltem a ter público. Se não for assim, nada disto faz sentido, é uma tristeza termos os estádios vazios. No último jogo, com o Vitória de Setúbal, teríamos aqui a melhor casa da época e, infelizmente, não estava ninguém a assistir à partida.
Concorda que a época desportiva, pelo menos na primeira volta do campeonato, não tem sido muito bem-sucedida?
Tem sido uma época muito atípica. Somos das equipas como menos partidas realizadas e isso desvirtua um pouco a classificação. Estamos um pouco cá para baixo, mas temos menos jogos do que a equipa que está acima da linha de água. Falta-nos a presença dos nossos associados, se calhar, somos das equipas que mais sofre, além de financeiramente, também em termos motivacionais, pela ausência do público no nosso estádio. Sentimos a falta do carinho e do apoio dos nossos associados.
É essa a causa principal deste percurso menos conseguido ou identificam outras?
Estão identificadas. Sabíamos que isto poderia acontecer assim, mas ainda estamos a tempo de dar a volta por cima. O nosso orçamento foi muito mais baixo porque sabíamos que perderíamos uma verba considerável, cerca de 50 mil euros em receitas, para além de termos que pagar as taxas com a organização dos jogos em casa, em que não recebemos, sequer, um euro. Nota-se muito a ausência dos sócios e dos adeptos. Existia sempre uma pressão positiva no nosso campo e, nos jogos fora, os jogadores sabiam que nunca estavam sós. Registamos também que foram frequentes as expulsões, em muitos jogos, às vezes mais do que uma, algo que nos impedia de jogar em pé de igualdade com os adversários. O problema foi identificado, está a ser corrigido e, com essa mudança de atitude e com os reforços que temos, ainda que o público não nos possa ajudar, tenho a certeza de que as coisas irão correr muito melhor.
Vai começar a segunda volta, existe a esperança de se inverter esta situação e o Mineiro subir na tabela?
Sim, temos ainda um jogo em atraso e falta-nos toda a segunda volta. Com os três reforços que recebemos já possuímos uma equipa mais homogénea. Brevemente teremos todos os jogadores disponíveis, e em perfeitas condições físicas para podermos lutar até ao final deste campeonato e estou convicto que os pontos irão aparecer muito em breve. Neste momento o nosso plantel está fechado, admitimos apenas que possa haver uma alteração num setor que está por nós identificado, com a saída de um jogador.
Já tiveram duas equipas técnicas, algo que, em passado recente, tem sido recorrente. Esta época, após a renúncia de José Amador entrou José Luís Prazeres com uma nova dinâmica…
Sim, o José Luís, se calhar, era mesmo a pessoa que procurávamos e, com certeza que é, porque traz aquela mística que ele conheceu e sentiu porque, em alturas da sua vida, em que precisou deste clube, nós estivemos cá e ele deu-nos muito mais do que nós lhe demos. Com toda a certeza. Sabíamos da sua grande vontade, sabíamos que um dos sonhos intermédios da sua carreira era passar por este clube, e nós estamos satisfeitos. Houve um grande abanão na equipa, notamos muito isso. Para além dos jogadores com que reforçámos a equipa, o José Luís foi, para nós, também um grande reforço.
O jogo com o Vitória de Setúbal foi um momento histórico na vida dos dois clubes porque se defrontaram, oficialmente, pela primeira vez.
Foi um dia histórico e podia ser muito mais empolgante com público. Seria, temos a certeza, a nossa melhor receita da época, jogando com um clube que mantém uma estrutura de I Liga. Seria um dia importante, porque estavam reunidos os ingredientes necessários para termos aqui um grande casa e uma boa ajuda financeira.
A vida do Mineiro não se esgota aqui, tem também uma equipa B e as secções de hóquei e patinagem…
A equipa B orgulha-me muito. Está ali o fruto da nossa formação. Se verificarmos, estão hoje no plantel principal cinco ou seis jogadores dessa equipa, por vicissitudes de lesões e castigos, mas também pela força e pela vontade deles em treinarem com a equipa principal, que certamente sonharão representar. As secções de patinagem e de hóquei estão a treinar sem competição, mas os escalões de formação no futebol estão completamente parados.
Fonte: https://diariodoalentejo.pt/
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