sábado, 20 de março de 2021

"Associação de Futebol de Beja: “Prontos para a retoma”

 

A Associação de Futebol de Beja tem estado a aguardar pelas medidas que o Governo anunciou no dia de ontem e, a partir daí, perceber quando poderá retomar a atividade desportiva. Contudo, será necessário um período preparatório para as equipas recuperarem o ritmo competitivo.

 

Texto Firmino Paixão

 

O atual estado de emergência estará em vigor até à próxima terça-feira, contudo, de acordo com o cronograma do plano de desconfinamento ontem anunciado pelo Governo, pode abrir-se uma janela para a retoma das competições a breve prazo. A direção da Associação de Futebol de Beja (AFB) reuniu, recentemente, com os clubes, cuja atividade tem estado suspensa, para avaliar a vontade de retomar e concluir as provas suspensas desde o início do ano, como revelou Pedro Xavier, presidente da Associação de Futebol de Beja (AFBeja) em entrevista ao “DA”.

 

A AFBeja ouviu recentemente os clubes que disputam as provas distritais. Que temas estiveram em análise? Há disponibilidade, ou não, para os campeonatos prosseguirem?

A direção da AFBeja realizou reuniões com os clubes da I e II divisão, com os clubes de futsal e do escalão de sub23. Quisemos ouvir os responsáveis dos clubes sobre o momento atual das suas estruturas, as suas ambições e preocupações para o que resta da época, e a conversa incidiu em duas componentes principais: a desportiva e a financeira. Ao nível desportivo, falámos da vontade de retomar as atividades e concluir as provas, suspensas desde janeiro. Do ponto de vista financeiro, o objetivo foi informar os nossos clubes das reuniões que realizámos com o secretário de Estado do Desporto e com os grupos parlamentares com assento na Assembleia da República, nas quais não deixámos de frisar as dificuldades financeiras que os nossos associados atravessam e de procurar soluções que possam ajudar estes clubes - que consideramos serem pilares do futebol e futsal do país - a ultrapassarem os problemas causados por esta pandemia. Os clubes estão prontos para voltarem ao trabalho, desde que existam condições de segurança dos nossos agentes desportivos e das nossas populações.

 

Qual foi o sentido de voto dos clubes, quanto à prossecução das provas? Existiu unanimidade, ou nem por isso?

O que notámos na grande maioria dos nossos clubes foi, acima de tudo, a disponibilidade para trabalharem lado a lado com a AFBeja no sentido de se encontrarem soluções para o que resta da temporada. Isso foi o mais importante. Mas teremos de aguardar pelas decisões do Governo e da Direção-Geral de Saúde no que toca à retoma desportiva. Nessa altura serão definidas algumas estratégias e voltaremos a reunir com os nossos associados, para podermos dar passos em frente.

 

Seguramente que vos deram conta de enormes dificuldades de natureza financeira?

Sim. Como referi, a AFBeja informou os seus clubes das diligências efetuadas em conjunto com as outras associações distritais e regionais junto do Governo, com o propósito de garantirmos a sustentabilidade dos clubes de base geral. De qualquer modo, dentro das nossas possibilidades, iremos sempre procurar formas de apoiar os nossos associados. Nesse sentido, e a título de exemplo, num cenário de retoma iremos continuar a garantir durante esta época o pagamento integral da taxa de arbitragem em todas as competições já iniciadas.

 

A Federação Portuguesa de Futebol (FPF) criou um fundo de dois milhões de euros para apoio aos clubes distritais que em janeiro estavam em atividade. Esta ajuda pode atenuar as dificuldades?

Uma ajuda é sempre bem-vinda. Por isso, houve desde a mais recente suspensão das provas um grande empenho do movimento associativo no sentido de dar a entender à FPF a profundidade dos efeitos da pandemia nos clubes. Falamos não só do estrangulamento financeiro, mas também de dificuldades no âmbito desportivo e social. No imediato, a FPF disponibilizou o referido fundo que, convém realçar, vai englobar 1500 clubes a nível nacional e que será, decerto, importante para os nossos associados.

 

O presidente da FPF integrou a delegação que participou na audição realizada na Assembleia da República onde focou a necessidade de “fundos de apoio ao desporto para salvar milhares de clubes, entidades e associações desportivas”. Que retorno tiveram?

O presidente da FPF foi ao parlamento representar cinco modalidades desportivas: futebol, andebol, basquetebol, hóquei em patins e voleibol. O pedido realizado foi no sentido de salvar o desporto, visto que a pandemia obrigou à paragem dos escalões de formação desde março de 2020, o que resulta na perda de milhares de atletas nas mais variadas modalidades, sobretudo no futebol. A atual situação é muito preocupante e são precisas rápidas e consistentes medidas para fazer face à tragédia que se abateu no desporto em Portugal. A preocupação é partilhada pelos representantes do Governo e da Assembleia da República. Continuamos a acreditar na definição de medidas concretas que permitam recuperar o que, infelizmente, se perdeu neste período.

 

A FPF está entre as cinco federações que entregaram ao Governo propostas para inclusão do desporto no Plano de Recuperação e Resiliência. Sentiram que existe sensibilidade para que isso aconteça?

Trata-se de um plano com um valor de 13.900 milhões de euros em subvenções, centrado em três grandes áreas temáticas: reforço da resiliência económica, transição climática e transição digital. Depois do que vivemos e ainda estamos a tentar ultrapassar, entendemos que aquilo que perdemos, em boa parte a nível social, desportivo e cultural, por exemplo, não deve restringir-se a estas três áreas temáticas. Foi por isso que, no passado dia 20 de fevereiro, as associações desportivas regionais emitiram um documento no qual foi exigida a inclusão de propostas explícitas para a recuperação e desenvolvimento do desporto em Portugal, tendo em conta não só o impacto da pandemia, que paralisou a atividade dos escalões de formação e retirou público dos campos e estádios, mas também a comprovada importância do desporto para a saúde da população e o grande empenhamento de todo o tecido desportivo nacional na promoção da atividade física.

 

E o futebol tem um retorno social determinante…

Se, numa outra abordagem, olharmos, apenas, para o impacto da prática desportiva de um ponto de vista económico, um estudo científico elaborado pela FPF mostra que, só o futebol, tem retorno social na ordem dos 1,67 mil milhões de euros, nos quais se inclui o trabalho dos dirigentes desportivos, clubes, associações, voluntários, pais e encarregados de educação, árbitros, pessoal médico, treinadores e jogadores que são fundamentais nas dinâmicas das comunidades locais.

Fonte:  https://diariodoalentejo.pt/

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