O confinamento imposto no início do ano suspendeu a realização das competições amadoras, em modalidades não profissionais.
Texto Firmino Paixão
O Centro de Cultura Popular de Serpa, a Associação Cultural e Recreativa Zona Azul, de Beja e o Núcleo de Andebol de Redondo disputam o Campeonato Nacional da III Divisão de Andebol, em seniores masculinos, competição organizada pela Associação de Andebol de Algarve, organismo que também tutela esta modalidade em território alentejano. Jogaram-se apenas três jornadas e um jogo da quarta. A continuidade da prova depende do desconfinamento mas sua conclusão parece estar garantida.
João Estrela, presidente da associação que organiza a prova, atualmente liderada pelo Serpa, dá como certa a prossecução do campeonato e replica, aqui, a contestação do movimento associativo nacional por o desporto não estar contemplado no Plano de Recuperação e Resiliência. Quanto à expectativa de que a prova possa ter continuidade, ou mesmo chegar a bom termo, João Estrela diz que a informação existente em relação ás provas seniores já iniciadas é que “todas irão terminar, inclusive a III Divisão. Já foram apresentados vários cenários de conclusão das várias provas”, em função da data de desconfinamento.
“Por iniciativa da Federação de Andebol de Portugal (FPA) existe, e tem sido ponto importante, a tomada de posição conjunta de cinco federações: andebol, basquetebol, hóquei em patins, futebol (futsal) e voleibol. Relativamente à paragem das competições seniores, esta foi uma decisão da FPA, tendo em conta o estado da pandemia na altura. Como as competições seniores estão equiparadas aos profissionais, as mesmas poderiam decorrer. No entanto, penso que a decisão de paragem foi a mais correta, pois os clubes também não tinham condições de trabalho minimamente adequadas”, acrescenta.
O andebol, como confirma João Estrela, é uma modalidade que gera muitos contactos, tendo portanto um risco elevado de contágio. “A Direção-Geral da Saúde, no primeiro desconfinamento, elaborou uma escala hierárquica das várias modalidades em função do seu risco. O andebol foi agrupado com o futebol”. Relativamente ao modo como os clubes têm atravessado este período de confinamento com, ou sem, atividades ao nível do treino, ou se, uma vez reposta a normalidade haverá necessidade de realização de uma nova época, o líder associativo assegura: “O nível de atividade que os clubes mantêm é aquele que podem, através das redes sociais, ou dos treinos em casa, elaborados pelos treinadores. Não diria que terá de haver nova pré-época, como se diz na gíria, mas deverá existir algum tempo para o atleta poder recuperar alguns índices físicos que lhe permitam competir”.
Quanto aos escalões de formação, concorda que o regresso só aconteça no início da próxima época desportiva. “Penso só em meados de setembro poderão ter novamente atividade”. Por outro lado, como a Associação vinha fomentando a criação de alguns núcleos da modalidade na região alentejana, através de iniciativas como o Dia do Andebol, quisemos saber se a pandemia interrompeu esse trabalho e se o que estava feito correrá o risco de se perder. “Naturalmente que a pandemia afetou toda a nossa planificação. No entanto, com muito esforço, temos mantido sempre o contacto permanente com todos os nossos filiados, o que nos permite garantir que, assim que possamos voltar à normalidade, iremos recuperar rapidamente o patamar onde estávamos”, sustenta João Estrela.
Noutro plano, e a par da retoma competitiva, o movimento associativo desportivo está a reclamar a inclusão do desporto no Plano de Recuperação e Resiliência e nesse sentido surgiu, nas redes sociais, a campanha “O Desporto Importa”. O presidente do organismo que tutela o andebol no sul do país é perentório: “É uma matéria que nem devia ser discutida. Qualquer governo deveria perceber a importância que o desporto tem na sociedade atual. Quem é que coloca milhares ou milhões de pessoas num estádio, ou agarrados à televisão? O desporto e a música! Esta pergunta daria para uma discussão mais ampla e alargada sobre como o desporto tem sido tratado, ao longo dos anos, pelos sucessivos governos. Ainda não perceberam que colocar dinheiro no desporto é um investimento para o futuro. Já foram entregues ao Governo as propostas conjuntas das cinco federações para o Plano de Recuperação e Resiliência, veremos se terão aceitação, ou não”.
Com notável inspiração, o movimento associativo reivindica a valorização do desporto, com recurso a um pensamento de Nelson Mandela, segundo o qual o desporto tem o poder de mudar o mundo. “Não poderia ser mais adequado” – garantiu João Estrela. “No entanto, acho que não existe nada que faça este Governo mudar de ideias, a não ser que todos os agentes desportivos no país tomassem uma posição conjunta, quanto ao desporto que querem para o futuro. A frase tanto serve para os governos, como para os agentes desportivos, pois se os governos não o fazem, os agentes desportivos deveriam ter a noção da força que têm e tomarem uma posição conjunta”, conclui.
Fonte: https://diariodoalentejo.pt
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