sábado, 22 de maio de 2021

Bola de trapos, edição de 21/05/2021 no Diário do Alentejo

 

José Saúde
Ódios tribais
O futebol é uma modalidade onde os energúmenos espalham os seus efusivos ódios tribais. A vergonha instalou-se numa circunstância, outrora bela, mas que caminha por veredas pejadas de armadilhas. O futebol não pode e muito menos deve enveredar pela obsessão de possessivas individualidades que tentam olvidar a verdade desportiva. Gentes, pastores da vassalagem, que se servem para tirar dividendos de atletas que no interior das quatro linhas tudo dão de si para que o salário não lhes falte. Eles, atletas, veem-se sonegados pelos empresários que se envolvem em comitivas, mas quando o cerco aperta são vistos como “personas” desconhecidos. Analisando a coisa no campo das mais díspares idiotices, creio que se quebrou o dever cívico, assim como a honorabilidade de um pernicioso ser humano que se entrega a um comércio que tem como timbre o de escravizante. Na podridão que se instalou no futebol, onde se movimentam milhões de euros, é admissível concluir-se que a pressuposta fruta definha-se e os pomares, dantes vistosos, são agora reinados que tendem cair para a decadência. Assim, numa atitude de um desespero camuflado, tudo sobra para os jornalistas que em pleno exercício das suas funções são peças a abater como se estes fossem o mal da ambiciosa vitória que, entretanto, fugiu aos pomposos senhores que sempre ambicionam a literal conquista de vitórias sucessivas e avocando a velha tese: “Somos os maiores!...”. Numa espécie de terminologia futeboleira, o importante é salvaguardar o rei, que vai nu, mesmo que seja o filho varão a dar o corpo às balas cravadas de espinhos. Vergonha destes ódios tribais que vão para além do minimamente aceitável. Agride-se, gratuitamente, um jornalista que, no caso, registava imagens que completavam uma reportagem desportiva, sendo o tom de intimidatório imposto pelo “patrão”. A novidade atual no fenómeno futebolístico nacional, ao que parece já não ser novidade, pois a linguagem grosseira é trivial, assenta numa pressão praticada, amiúde, por uma ocasionada mancha futeboleira que terá como base aquele velho ditado popular: “Quem não é por mim é contra mim”. E são estes presumíveis fanáticos, proprietários de inverdades e de vidas faustosas, que incendeiam a beleza do futebol, porque lá em cima está um vil pastor que orienta o seu rebanho num pasto inundado de ervas daninhas. Não às agressões físicas e morais sobre companheiros que exercem as suas profissões em locais públicos, locais onde por lá militam, também, alguns dos inconscientes ascos. É certo que este texto se intromete em contas doutros rosários, porém existe em cada um de nós jornalistas o veemente repúdio pela cobardia de certos indivíduos que se proclamam donos de maléficas convicções, julgando-se impunes às barbaridades que reiteradamente comentem. Como ser humano, e o homem da escrita, direi sempre não a estes ódios tribais!
Fonte: Facebook de JOse saude

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