José Saúde
Desportivamente
O mundo empresarial e das SAD’s que proliferam agora no futebol profissional são enigmáticas e tornaram-se triviais. Os seus mentores puxam dos galões, estipulam valores para o craque, convencem, à séria, os adeptos, alguns ainda se deixam cair na esparrela, enquanto os intervenientes retiram das negociatas elevadíssimos proveitos pessoais. A plebe, em parte, defende até à morte o emblema do seu coração, bate palmas ao líder e, desportivamente, numa conversa básica o sabichão da bola não consegue distinguir o trigo do joio e vá de misturar alhos com bugalhos. Porém, a celeridade dos tempos que atravessamos carrega sobre os ombros do esforçado escriba de perseverantes crónicas, mesmo que estas sejam dactilografadas por um simplório entusiasta, mas que o submete a um exame factual, onde não cabem as imprevisibilidades e nem tão-pouco meras invenções por ora auscultadas em público. O espaço que ocupo no universo da escrita, submete-me a fundamentos básicos que conduzem a explanações despretensiosas e sobretudo isentas. Ponto final! Numa velha expressão lusitana, de “aqui d’el rei”, afirmo que nos meus tempos de futebol, onde também fui ator, nunca conheci os tais empresários desportivos, ou as pomposas SAD’s, sendo que estas componentes que agora se instalaram no futebol caíram do céu como abençoadas estrelinhas. As contas são movimentadas em “offshore” e longe de ténues olhares por parte de quem de direito, visto que elas, as contas, residem em paraísos fiscais. Mas eis que quando a corda aperta e o sufoco acontece, estes opulentos criadores de um desenfreado cosmos futebolístico são confrontados com um possível ajustes de conta na barra do tribunal, logo surgem os senhores das leis que entram em campo, levam a mala cheia de viciados “remédios”, fazem um primeiro exame autoritário ao atemorizado lesionado e defendem, numa primeira estância, aquilo que, para eles, é defensável. O tribunal mais tarde decidirá. Ontem rei, hoje sem trono e lá temos o equilibrista a manter-se hirto num arame que, desportivamente, o vai reequilibrando. Discutir o futebol e todo o seu mundo submerso é para os homens que conhecem todas essas jigajogas, não para aprendizes e atrevidos propagandistas. Eu, desportivamente como laico, desconfio destas incoerentes opulências arremessadas por estes “misteriosos” donos da razão. Existem, sim, paradigmas populares que levam o mais incauto comum dos mortais a parafrasear princípios de historietas de fadas contadas pelas nossas avós que nos relatavam encantadoras narrações e que deixavam a pequenada completamente pasmada. Agora, em pleno século XXI, o futebol resvalou para impropérios que cada um de nós, caso o queiramos assumir, temos o dever de saber ler: a profundidade da “coisa” e os valores milionários que o sistema movimenta. Desportivamente desconfio da fartura, mormente a avalanche de impérios descomunais construídos com base em absurdas traficâncias, mas que esbanjam riqueza à custa daqueles que vendem o seu esforço físico no interior do retângulo de jogo.
Fonte: Facebook de Jose Saude
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