domingo, 4 de julho de 2021

Bola de trapos, edição de 2/07/2021 no Diário do Alentejo

 

José Saúde
Ilídio do Rosário
Nos arautos do desporto sul alentejano, ressaltam imagens de um passado que tende em não obscurecer as origens de suas gentes, principalmente quando elas são justamente admiradas, não obstante o espaço intemporal onde os brilhantes feitos foram conquistados. Os templos do tempo conduzem-nos ao encontro de um envelhecido sistema desportivo, onde cruzamos épocas que nos trazem à tona das nossas memórias personalidades que enalteceram o seu torrão sagrado, bem como a sua região de proveniência. Debruço-me sobre a temática do ciclismo, por julgar oportuno, uma vez que esteve presente nas nossas estradas, na pretérita semana, a 38ª Volta ao Alentejo que decorreu entre os dias 23 a 27 de junho. Mas, expressa-me a experiência de vida que longe vão os tempos em que no colorido pelotão velocipédico da Volta a Portugal pedalava um ciclista de nome Ilídio do Rosário. Um homem que conheceu a luz do dia numa pequena freguesia do concelho de Beja, chamada Santa Vitória. Retrato fiel de um alentejano de gema, Ilídio do Rosário desafiou as adversidades que a sua velha pedaleira lhe impunha e partiu rumo a uma modalidade onde se afirmou como um verdadeiro ás do pedal. Os seus princípios foram pautados pelo espírito de sacrifício. Porém, as provas amadoras onde participou, anos de 1950 do século passado, dar-lhe-iam uma visibilidade que o conduziu a uma tribuna, porventura impensável, chamada Sport Lisboa e Benfica. Com a camisola do clube da Luz, Ilídio do Rosário conheceu dias de autênticas glórias. No ziguezaguear permanente de um pelotão que não dava tréguas aos mais novatos, o aguerrido alentejano provou a sua raça e chegou a vestir a camisola amarela em algumas das etapas lusas, símbolo de líder, e desafiar, sem pudor, velhos nomes do ciclismo nacional e internacional para gáudio dos amantes das pedaladas. Lembro-me, enquanto criança, acompanhar os feitos de Ilídio do Rosário e extasiar-me com a sua pomposa carreira. O seu nome ficará eternamente perpetuado no mundo desportivo alentejano e Santa Vitória, e as suas gentes avivarão, eternamente, as memórias do filho da terra, tendo também já sido merecedor de numa homenagem documental que teve lugar num espaço da Junta de Freguesia, onde se contemplaram as virtudes do saudoso ás do pedal. Na verdade, se no tempo da sua carreira como ciclista passasse pela “Alentejana”, o nome de Ilídio do Rosário, seria, certamente, um dos favoritos para assumir um lugar no pódio.
Fonte: Facebook de Jose Saude

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