O novo presidente do Sport Clube Mineiro Aljustrelense, Emídio Charrua, não assume a candidatura do clube ao próximo título distrital. O dirigente promete apenas uma equipa competitiva, um orçamento moderado e o reforço da aposta nos escalões de formação.
Texto Firmino Paixão
Com larga experiência no movimento associativo regional, Emídio Charrua voltou a uma casa que conhecia bem. Foi presidente do Mineiro durante sete anos, foi fundador do Centro de Ciclismo de Aljustrel, fundador da Associação Equestre e, perante a ameaça de um vazio diretivo no clube do seu coração, sentiu-se motivado para um novo mandato de três anos. “A motivação foi sobretudo ser Mineiro. A maior motivação foi essa, é gostar do clube. O Mineiro estava num impasse, não aparecia ninguém para encabeçar uma lista, embora houvesse alguns sócios e dirigentes que estavam com vontade de continuar, chegámos a um consenso e resolvi avançar para este novo projeto”, revelou o antigo atleta.
Chegou a falar-se noutras candidaturas. No momento certo não avançaram?
Não, uma das hipóteses seria o clube avançar para uma comissão administrativa, porque já se tinham feito algumas assembleias e não havia solução nenhuma à vista. Falava-se em muita coisa mas, na altura concreta, não se avançava nada. E o Mineiro é um clube que nunca se deixa atrasar, tem sempre muita coesão, somos uma família e, para andarmos sempre na linha da frente, tivemos que tomar as rédeas disto, para não cairmos num vazio diretivo.
Avançou para mais um mandato de três anos, certamente que o fez com espírito de missão?
Claro, o nosso clube é diferente. É uma missão, mas as idades já vão sendo outras, temos toda uma vida já atrás de nós e todos chegamos a um momento em que desejamos descanso. Dizemos que vamos parar, vamos descansar, mas o ‘bichinho’ está sempre cá dentro, e então, o que conta é que cá estamos de novo para tentarmos fazer o melhor por este clube.
Como reencontrou o Mineiro? Mais organizado, mais moderno do que nos outros mandatos em que o liderou?
Sim, o clube está estabilizado, está tudo muito bem organizado e nós só temos que dar continuidade ao trabalho que tem vindo a ser feito pelos anteriores executivos. Financeiramente também está equilibrado, mas é claro que, quando se entra de novo, tentamos sempre mudar alguma coisa, corrigir algo com que não concordamos. Mas o que está bem feito é para continuar. O Mineiro não tem nada a ver com o resto que existe por aí. O Mineiro tem uma mística que faz com que as pessoas se mobilizem em volta do clube e, mesmo nos momentos mais difíceis, mais dia, menos dia, arranja-se sempre uma solução para tudo.
O senão é ter reencontrado a equipa no Distrital da I Divisão da Associação de Futebol de Beja, mas a época anterior foi extremamente difícil…
Esta última época, com a história da pandemia, foi muito desgastante para todos. Mas de uma vez por todas, teremos que olhar para o futuro do clube e pensar que não podemos andar neste ciclo de ano sim, ano não, subir e descer de divisão. Nós estamos a apostar muito nas camadas jovens, mas isso só dará fruto daqui por cinco ou seis anos e, se calhar, quem vier depois, terá outras ideias e modificará tudo outra vez. Às vezes, não se consegue dar continuidade ao trabalho por causa disso. São mandatos curtos e quem vem a seguir nem sempre comunga das mesmas ideias, mas vamos tentar pôr o clube a funcionar da melhor maneira possível.
E o plantel? Já disse que a espinhal dorsal, está formada …
Pensamos fazer uma equipa para dar muita luta no próximo distrital. O Mineiro quando entra em campo é sempre para ganhar. Temos uma massa associativa muito exigente e temos que tentar fazer uma equipa com qualidade, sem entrarmos em loucuras. Na época passada, tínhamos uma equipa bê e, com outros jogadores que se mantiveram na equipa principal, faremos um plantel baseado em jogadores da terra e do distrito. Não iremos mais longe do que isso.
Uma equipa para regressar de imediato ao Campeonato de Portugal?
Não está nos nossos objetivos subir já mas, se isso acontecer, abraçaremos esse projeto. Faremos uma equipa à Mineiro, que luta sempre para ganhar e, se isso acontecer, cá estaremos. Se subirmos terá que ser com cabeça, tronco e membros, não podemos subir de qualquer maneira. Há por aí tanta gente já a assumir-se como candidato… eles que se assumam, nós não somos candidatos, vamos jogar futebol para dar umas alegrias aos sócios e, no final, logo se verá.
O Campeonato de Portugal perdeu duas equipas alentejanas, o Mineiro e o Moura, subirá uma, é pouca representatividade?
Claro, mas isso não é de agora. É um problema antigo porque mantermo-nos nos nacionais não é nada fácil, estamos numa região do interior do Alentejo, onde é tudo muito complicado e vá lá que o Mineiro tem umas condições que muitos outros clubes não possuem, sobretudo o apoio da massa associativa e do comércio local. Nas zonas mais populosas é tudo mais fácil, existem mais jogadores, o recrutamento é mais fácil e aqui não é só o Mineiro que não consegue, está difícil no distrito todo. Contrariar isso não é fácil, dizer que vamos fazer isto, ou aquilo, é diferente e, ao longo do campeonato, há coisas que, às vezes, correm mal… somos um parente pobre dos nacionais. O interior fica sempre esquecido.
Vai manter a aposta na formação?
Sim, esse é um ponto de honra. Só dará frutos daqui por uns anos, os resultados não serão imediatos, mas como temos muitos miúdos vamos, sobretudo, apostar nessa área, colocando os meios de que dispomos para conseguirmos fazer equipas de futebol de onze em vários escalões.
Qual o projeto mais imediato que esta direção quer colocar no terreno?
O projeto que queremos é formar jogadores, depois a questão da sede, que necessita de uma grande remodelação. Vamos ver se, em conjunto com o município, conseguimos resolver isso. O imóvel era das minas mas, atualmente, é propriedade da Câmara Municipal. Temos que remodelar o edifício para darmos outro aspeto à sede do Mineiro.
Os sócios podem contar com uma direção ambiciosa e determinada?
Esse é o hábito, nenhuma direção vem para o Mineiro que não tente fazer tudo o que é possível para dar alegrias aos sócios do clube e organizá-lo para que, quem vier, não critique. Nós temos das melhores massas associativas que existem, mas quando se falha, são muito críticos e nós temos que aceitar essas coisas.
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