José Saúde
Futsal, nos píncaros do mundo
Não sou fã de uma ideia desportiva onde a futurologia traça exagerados anseios, por vezes inacabados. Sim, porque urge definir regras que definem que o dia de amanhã mergulha num mar de incertezas. Há quem defenda que o futuro é possuir um dom que esbarra inevitavelmente num fenómeno circunscrito ao universo astrológico, mas, assente em teorias doutrinadas que encaixam em concisas obstinações que visam transformar a labiríntica causa do porvir. Este diapasão do vocábulo conduz o mundo desportivo a enveredar por caminhos ínvios que leva o adepto a colidir, por vezes, com o muro das lamentações, onde as respostas serão imaginariamente inexactas. E se é verdade que o contexto desportivo arroga uma série de fatores físicos e humanos que se adaptam à evolução do fenómeno, creio que a generalidade das modalidades que outrora assumiam cunhos, alguns erráticos, são agora autênticas surpresas que honram prazeres divinais para os atletas e, sobretudo, para um contingente de admiradores que tendem extravasar o seu orgulho para o âmbito mundial. Somos de um tempo em que o futebol de salão era jogado com regras rígidas e os jovens malabaristas na arte da bola, impunham determinação nos lances literalmente geniais. Recordo, com elevada consideração, o saudoso Manuel Ferreira, um homem de Beja, o “Pé de Ginja” (com uma deficiência numa perna) como era conhecido pelo povo, um árbitro eclético que dirigia nos ringues as modalidades amadoras e que a rapaziada, à época, praticava. O futebol de salão, onde o “Pé de Ginja” era mestre, deu, mais tarde, lugar ao futsal. Revolucionaram-se as leis do jogo, os pavilhões deixaram de possuir tabelas, a bola circula pelo ar, há lances disputados com a cabeça, ao invés do antigamente que a altura do esférico não ia para além do joelho, defende-se ou ataca-se no interior da área, enfim, uma série de conjunturas que deram uma beleza ao jogo. Na minha ideia subsiste, e bem arrumada, a razão que o futsal atingiu parâmetros impensáveis. Aliás, a Associação de Futebol de Beja agarrou a modalidade e deu-lhe “asas para voar”. Observam-se hoje polidesportivos com molduras humanas memoráveis, os clubes de maior ou menor dimensão nacional não abdicam de possuir nas suas fileiras a dita circunstância, resultando desse facto as chamadas dos atletas para as seleções nacionais. O futsal organizou-se de tal forma que os campeonatos regionais e nacionais, integrados nas Associações e na Federação Portuguesa de Futebol, são agora lícitas aspirações de gentes que se integram num fenómeno desportivo que tem galgado fronteiras rumo a uma fiel afirmação. De facto, o sonho de Portugal no Campeonato Mundial de Futsal de 2021 era ser campeão, sabendo-se que o Europeu já os portugueses o tinham no bolso. Assim sendo, no pretérito domingo, 3 de outubro, na Arena de Kaunas, na Lituânia, o treinador Jorge Braz comandou um grupo de jogadores que colocaram o futsal português nos píncaros do mundo ao vencerem a Argentina por 2-1.
Fonte: Facebook de Jose Saude
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