O clube Beja Padel conseguiu resultados de referência numa prova do circuito nacional jovem da Federação Portuguesa de Padel, sucesso que deu notoriedade ao clube e projeção ao trabalho na área da formação.
Texto Firmino Paixão
Com escassos três anos de existência, o Beja Padel já forma campeões que, muito em breve, pode projetar para as seleções nacionais. Com cerca de 70 jovens a praticar a modalidade, o clube já tem os holofotes a incidir sobre o trabalho que está a realizar com os seus escalões de formação. No Open Jovem que, em finais de abril, decorreu nos courts do Padel Clube de Vila Real de Santo António, os jovens bejenses conquistaram lugares de relevo. O responsável pelo clube, Guilherme Gaivão, está orgulhoso com o percurso destes prometedores atletas.
O Beja Padel já forma campeões?Sim, nós participámos, recentemente, na segunda prova do circuito nacional de jovens, onde conseguimos levar grande parte dos nossos atletas. Fomos mesmo o clube com maior presença de jovens e, com estes atletas, conseguimos vitórias no escalão de Sub/18, um 2.º lugar no escalão de Sub/16, vitórias nos escalões de Sub/14 e Sub/12. Para um clube com três anos de existência, numa cidade onde não temos acesso a tantos atletas como, por exemplo Lisboa ou Porto, entre outras, achamos que foi um resultado digno de muito registo.
Só pode estar orgulhoso destes resultados?Claro, mas isto é o resultado de muito trabalho, muita dedicação na formação e no acompanhamento diário destes atletas. São jovens que, muitos deles, optaram por fazer desta modalidade a sua atividade principal, muitos deles jogavam futebol e esta seria uma segunda modalidade, mas já estão a ver o padel como uma única opção, o que, para nós, é muito bom. Além dos que competem, temos muitos atletas que não estão tão focados na parte da competição, mas temos, atualmente, cerca de 70 miúdos a treinar, portanto, o nosso foco está na formação.
Qual é o segredo para, num tão curto espaço de tempo, colocar estes atletas a obter resultados com tanta notoriedade?Com muito trabalho, muita dedicação e muito amor por isto. Há pais que acreditam muito em nós e nos deixam ficar os miúdos, por exemplo, nas férias. Aceitamos aqui os miúdos o dia inteiro, eles gostam é de jogar e conseguimos mostrar aos pais que esta é uma forma de eles se desligarem mais dos telemóveis ou de coisas que nós aqui não permitimos, ou melhor permitimos mas doseadamente, pois para mim é muito assustador ver os miúdos um dia todo agarrados aos telemóveis e ao tablets. Portanto, estão cá o dia inteiro, organizamos jogos e treinam com intensidade. Hoje em dia também já conseguimos ter alguma disponibilidade de espaço também para os mais velhos fazerem alguma atividade física, porque estes jovens não têm as mesmas rotinas que a nossa geração tinha, nós estávamos sempre a correr.
Provavelmente também muita disponibilidade e entrega da parte dos miúdos para se dedicarem à modalidade?Sem dúvida. Tudo isto é algo que nós oferecemos e que eles querem. Sem eles quererem nós podíamos oferecer-lhes tudo e não resultava. Estes miúdos dedicam-se muito, treinam muitas horas, se calhar, abdicam de estar a brincar com os outros, porque o Padel é algo que lhes dá prazer. Depois, temos um quadro técnico bastante qualificado, temos aqui treinadores que sã requisitados no país inteiro, porque os resultados que surgiram, num clube com três anos, sugerem que se façam muitas perguntas sobre o que se está a passar aqui. Temos orgulho no que estamos a conseguir, sinceramente que não estava à espera.
Que significado tem esta notoriedade para o promotor desta atividade que, há três anos atrás, era inovadora na cidade de Beja?Como referi, é o resultado de muito trabalho, de um grande esforço e dedicação, mas também muita felicidade por, tão rapidamente estarmos a conseguir resultados que ainda não esperávamos nesta altura. É verdade que tínhamos esse objetivo, mas não esperávamos tão cedo, e isso mostra muito que está aqui a ser feito um trabalho especial, nós próprios não tínhamos tanto a noção de que iríamos ter este sucesso.
Com 70 miúdos na formação, e uma grande presença de outros escalões etários, pressupõe que já existe uma base perfeitamente sustentada e com garantias para o futuro?Claro, mas o momento mais crítico é quando eles atingirem a idade de irem para as universidades e se dispersarem mais. Mas o objetivo não é só que eles fiquem filiados no clube, importa é que se fidelizem à modalidade, isso é que importa mais do que tudo. Que fiquem ligados a esta atividade, que sejam miúdos saudáveis e que consigam ter uma vida mais ativa, porque nota-se nestasgerações que existe muita carência de desporto.
Quando refere que estão a fazer perguntas sobre o trabalho do Beja Padel é porque a federação que tutela a modalidade já vos está a questionar?Para já ainda não fomos contactados, mas esperamos ser, contudo, se isso não acontecer, também não espero que seja uma obrigação. Mas acho que, de alguma maneira, estão a ver o que se está aqui a passar, porque é notório e sim, espero que, com este novo patrocinador, que temos agora, a KEOS, vejam bem estes miúdos e os apoiem, porque a parte competitiva sai muito cara a um clube. Isto é o que queremos fazer, mas também precisamos de ajuda para que isto continue a acontecer com esta qualidade. Precisamos que nos apoiem. Mas também gostava de aproveitar para convidar todos os jovens e adultos a virem experimentar. Temos vários tipos de promoções e estamos abertos a receber todas as pessoas, de todas as idades, para experimentarem esta modalidade, que não para de crescer.
Valeu a pena ter dado este passo que foi criar um clube de padel na cidade de Beja?Foi a melhor coisa que fiz na minha vida. Estive nos aviões durante cerca de 18 anos e, sou muito sincero, foi o melhor passo que dei, competi durante muitos anos, ténis, rugby, joguei muitos desportos, porque gosto muito da vertente competitiva, gosto muito de ver os miúdos a competir e ver como as suas cabeças mudam com a competição. Não estou tão ligado à parte do treino, mas vejo a transformação. Faria tudo de novo. Gosto imenso do que estou a fazer e estou muito confiante no futuro.
Fonte: https://diariodoalentejo.pt
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