domingo, 4 de setembro de 2022

Bola de trapos, edição de 2/9/2022, no Diário do Alentejo

 

José Saúde
Crianças
O chorar das crianças foi algo que sempre decretou sofrimento no meu coração! Quando o seu choro é considerado substancialmente infantil é também óbvio que as razões do seu chorar poderá ter razões díspares, sendo que nestes casos exista preocupação por parte dos pais em procurarem técnicos especializados que lhes concedam a própria cura, ou o evitar males maiores. É absolutamente normal que as crianças, que não tem ainda o poder de comunicar oralmente, sejam possuidoras de evidentes manifestações que conduz as suas presenças para os compreensíveis cuidados familiares. Acontece que no cosmos desportivo já me deparei com crianças a chorarem só porque o resultado final da sua equipa se traduziu numa derrota. Vê-se que nos seus frágeis corpos se concentra uma espécie de revolta interior que as conduz para compulsivos choros, uma vez que os miúdos terão sonhado com um êxito que, entretanto, se lhes escapou, resultando desse facto um constrangedor derramar de lágrimas que lhe escorrem compulsivamente pelas suas tão jovens caras. O chorar das crianças no desporto, ao invés daqueles condiscípulos que por ora saúdam sumptuosamente o instante da vitória, é horrível. Todavia, é importante que os adultos estejam à altura de um profícuo conhecimento acerca do seu chorar, subentendendo-se que o seu dever é separar o trigo do joio, não conduzindo os catraios para caminhos ínvios que os poderão conduzir a futuros desportivos incertos. Deixai as crianças manifestarem-se livremente, brincarem com o cosmos desportivo e sobretudo divertirem-se de acordo com as idades que ostentam, incutindo-lhes no universo imaginariamente celestial que há o ganhar e o perder, ou o empatar, sendo que na universalidade das modalidades existiram sempre os mais e os menos dotados, logo, é com a devida justiça que todos, em uníssono, nos preparemos para o profícuo saber em separar das águas e não condenando crianças cujo sofrimento é naturalmente casual. Não atiremos pedras ao ar, já que todos temos telhados de vidros, vendo fantasmas onde na realidade essas perniciosas visões não existem. No silêncio da minha subtil observação, tenho examinado inusitadas atitudes que, em meu entender, prejudicam o rendimento das crianças no evoluir de um jogo de futebol que, às tantas, não sabem a quem obedecer, se ao seu treinador, ou se à ordem dos pais que, por acaso, não passam por vezes de meros curiosos. Analisemos sim que noutros lugares, hospitalares em concreto, existem crianças a viverem num autêntico sofrimento e lutando pelas suas próprias vitórias de vida. Que entendamos, pois é equitativo que o façamos, que o choro das crianças no desporto por um resultado que lhes fora adverso, é somente um momentâneo aliviar de alma e que a seguir vem uma brincadeira que a liberta do ápice com o qual antes se confrontara. O mundo das crianças no desporto e o seu singular raciocinar é-me completamente delicioso.
Fonte: Facebook de Jose Saude

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