terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

A ansiedade no jogador de futebol, o que dificulta

Este é um dos temas que ainda passa despercebido a quem não vive diariamente dentro do processo competitivo de uma equipa e que também é importante treinar, o controle da ansiedade.
O atleta envolvido no processo competitivo passa pelas mais variadas situações que podem levar ao estado de ansiedade que irá prejudicar o seu rendimento, situações como por exemplo, erros que comete em campo ao jogar, competições intensas, pressão e critica dos adeptos, troca de clube, salários em atraso, lesões inesperadas pelo atleta, perder jogos consecutivos, má relação com colegas de equipa, etc, etc...
Nestas situações, aqui dadas, o atleta pode vir a desenvolver respostas de ansiedade, ou seja, uma resposta física diante de uma situação de ameaça real ou de uma situação interpretada como ameaçadora.
Contudo uma certa quantidade de ansiedade, aquela ansiedade positiva, é importante para se ter um bom rendimento em qualquer tarefa, o chamado eutress, que impulsiona e motiva para realizações dos nossos objectivos.
Em contra partida, o distress, o estresse disfuncional, podem desencadear respostas inadequadas à situação, os pensamentos automáticos comuns a todos os indivíduos, atletas ou não, fazem parte das nossas experiências, pois a ansiedade em alguns momentos é impulsora do desempenho. Os pensamentos automáticos de ansiedade podem traduzir-se numa vontade normal e funcional de entrar em campo para um jogo competitivo, diferente de pensamentos automáticos disfuncionais, indicadores de ansiedade que vão interferir no desempenho e tidos como disfuncionais.
A ansiedade significa o esforço de adaptação do organismo para enfrentar situações ameaçadoras da sua vida e do seu equilíbrio. A ausência de flexibilidade que o atleta pode ter para responder às situações de ansiedade torna-o “vulnerável”, o que confirma a ausência de recursos para enfrentar o desafio de forma tranquila. Isto pode activar mecanismos de fuga ou evitação no atleta quando, finalmente, não encontra respostas adaptativas, levando-o, inclusive, à interrupção de habilidades motrizes finas.
São vários os indicadores de ansiedade que podemos sentir antes de uma partida, de um treino, tão simples como DILATAÇÃO DAS PUPILAS – a química do medo faz que as pupilas se dilatem, isso diminui a capacidade de a pessoa perceber os detalhes que a rodeiam, mas aumenta o poder de visão geral,nesse momento, o jogador com ansiedade teria uma capacidade de ver o todo, mas perderia pequenos lances. É comum ouvirmos do publico expressões do tipo: “por que não passou a bola para o jogador ao lado? quer fazer o golo sozinho, podia ter passado a bola”, Expressões como essas dão uma alusão de que o jogador não está vendo direito, o que pode ser verdade, pois pode vir a perder sua capacidade de detalhes, uma vez que tem suas pupilas dilatadas pela ansiedade.
ESTIMULAÇÃO DO CORAÇÃO, a maior irrigação sanguínea faz com que o cérebro e os músculos trabalhem de forma intensa, O facto do coração bater acelerado exige maior oxigenação tornando a respiração mais curta, ofegante, nesse correspondente com o atleta ansioso, com o ritmo cardíaco acelerado, o atleta sentir-se-á esgotado fisicamente, muitas vezes não tendo “pernas” para o jogo todo, no caso do futebol de campo, nos 90 minutos. O futebol é um desporto de resistência em que o atleta precisa poupar sua energia o que leva a precipitação, que é um factor que o jogador sente com o aumento da adrenalina. No caso do futebol, as finalizações sofrerão deficits na qualidade, pela activação excessiva; muitas pessoas ligadas ao desporto não entendem porque determinado atleta esta bem nos treinos e no dia do jogo tem uma actuação menor.
BOCA SECA, quantas vezes não se vê os gestos com a língua dos atletas antes de um jogo a molhar os lábios.
TENSÃO DOS MÚSCULOS, qualquer movimento tem uma dosagem certa de tensão nos músculos para ser bem executado, ou seja, a precisão técnica, a ansiedade e a tensão evitam que exista precisão, pois as vias neurais ocupam-se com impulsos de alerta do sistema de luta ou fuga, decrescendo ou inibindo os impulsos precisos, para completar a destreza e o movimento coordenado. Uma boa execução não sucede quando os atletas pensam nela, o que enfatiza que o aprendido em sintonia com a execução de funções automáticas e inconscientes é algo que está livre de toda interferência do pensamento A táctica e a técnica não mudam de uma semana para outra, mas as reacções psíquicas sim.
COGNIÇÕES, com o sistema límbico accionado, os pensamentos automáticos disfuncionais podem invadir a mente do atleta; por exemplo, “tenho que fazer golo”, “não estou a conseguir marcar golo”, “hoje não é meu dia de sorte”, “estou a errar demais”, “se continuar a jogar assim vou ser substituído” etc. Estes pensamentos ameaçam o atleta, e se ele não souber responder adequadamente a esses estímulos internos, o sistema límbico continuará accionado. Sem recursos, os sintomas continuam (sudorese, taquicardia, palidez etc.), cortando o estímulo medular (arco reflexo) para o cérebro, que é quando o jogador começa a pensar. O piloto automático é interrompido e, nesse momento, o atleta experimenta desconcentração, fica confuso, suas pernas não obedecem, interferindo na performance de seus remates, passes ou em outros comportamentos, músculos tensos, além do limite de activação ideal, não respondem ao comando consciente. O atleta perderá seu timing e fluidez.
Poderia ainda falar de mais, mas seria um texto demasiado longo e apenas queria deixar uma ideia para percebermos o que as vezes não percebemos estando a ver um jogo!

Fonte: http://joaopratestreinadorfutebol.blogspot.com

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