quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Crónica de Opinião – Arbitragem – Bruno Vieira “Eu quero ser árbitro”


Acho que nunca aconteceu a nenhum pai, chegar ao dia em que pergunta ao filho o que quer fazer da vida e ele responder “eu quero ser árbitro”. Possivelmente, se soubesse o que sei hoje, mas à cerca de 15 anos atrás, seria a primeira pessoa a faze-lo, o que deixaria o meu pai perplexo, mas certamente satisfeito por ter assumido tal situação. Se reparamos bem, ninguém quer ser árbitro. Quem é que quer ir para um campo de futebol e correr bem pertinho de uma bola, sem lhe poder tocar?! Quem é que quer entrar dentro de um campo de futebol ao lado de 22 jogadores e ser assobiado desde o 1º minuto, inclusive ser ofendido de todas as maneiras possíveis e imaginárias por pessoas que tentam descarregar o stress que acumulam depois de uma semana árdua de trabalho?! Só acontece a quem tem gosto pela coisa, quem ama esta arte, a arte de ser árbitro de futebol.
É por estas e por outras que se costuma dizer que ser árbitro não é para todos, é só para quem tem jeito para a coisa, e normalmente só descobrimos isso depois de entrarmos para dentro de um campo de futebol, com um apito na boca e um par de cartões na mão e nos questionarmos “e agora?!”. Agora, meus amigos, basta correr dum lado para o outro, analisar situações com poucos segundos para decidir e ouvir os piores nomes que alguém poderia chamar às vossas mãezinhas que estão em casa a lavar a roupa e a passar a ferro descansadas da vida sem nunca terem culpa da falta de ética desportiva que existe por parte de alguns amantes do maior desporto Rei de sempre, o futebol.
Mas isto tudo de ser árbitro não tem só coisas menos boas, também existem regalias, como é o facto da remuneração que recebemos por jogo elaborado ou conjunto de jogos feitos ao fim de semana, mas acreditem que não se equipara ao que nós fazemos em prol do futebol. Um jogo poderá recomeçar sem um jogador de cada uma das equipas, poderá começar sem treinador, massagista ou delegado, e sem árbitro?! Acham que um jogo poderia se desenrolar sem árbitro?! É por isso que deveríamos ser mais valorizados, e não desvalorizados como acontece no nosso quotidiano, mas isto meus amigos são meros desabafos que guardarei para a próxima crónica, talvez.
 Por agora queria terminar esta crónica sobre “Eu quero ser árbitro”, com algo que penso vós irá interessar e por a grande razão pela qual escolhi este tema para debater hoje. É já em Outubro que vai abrir um novo curso de árbitros na AFB. Se pretenderes efectuar a tua inscrição baste ires à Associação Futebol de Beja ou com algum colega árbitro, que ele certamente irá guiar-te da melhor maneira possível. Garanto-vos que quem entra para a família da arbitragem, dificilmente sai. E por muito que digas que não tens jeito para a coisa, acredito que terás outras qualidades que irão preencher essa tua lacuna. Foi essa etapa que mudou a minha vida e me fez ver o quanto é importante a formação em tudo o que fazemos hoje em dia. Mesmo que não queiras ser praticante, é sempre uma mais-valia em termos de conhecimento, e esse nunca é demais. Inscrevam-se.
Uma palavrinha para aqueles que tem sempre uma palavra a dizer fora do campo (algures entre a bancada) força nisso, inscrevam-se e não sejam como todo o santo Português que só se interessa a criticar os que trabalham, sem nada fazer para merecer elogios futuros.
Nunca se esqueçam - “Vencer sem riscos é triunfar sem glória”.

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