A equipa feminina do Mineiro Aljustrelense é um misto de sensualidade e técnica futebolística. Joga futebol de primeira qualidade e surpreende positivamente todos o que forem à bola só para verem as pernas às meninas.
"Queremos ser campeãs e ganhar uma nova taça, mas pugnamos, principalmente, pela união do grupo e por trazermos mais mulheres para o futebol e promovermos a modalidade". A afirmação é de Vera Costa, a jogadora treinadora da equipa sénior feminina do Mineiro Aljustrelense, aliás, uma das mais valias, senão a maior, da equipa que atualmente lidera o respetivo campeonato.
Quando se fala de objetivos a técnica assume: "O primeiro objetivo é o convívio e a união do grupo, isso é o mais importante, e depois virão os resultados. Não vou negar que não tenho objetivos, toda a agente quer ganhar". O recrutamento de jogadoras não é tarefa fácil, mas Vera diz: "Com o decorrer dos jogos vão--nos procurando, até miúdas de 10 anos, e temos a nossa guarda--redes que tem 43. Não fechamos a porta a ninguém. Quem quiser vir treinar pode vir, temos a Marina, a Fernanda e a Carla, que são do norte, quem quiser vir jogar futebol pode fazê-lo, a porta está sempre aberta".
No balneário a relação é de amizade e a mensagem passa facilmente. A treinadora explica: "Já aqui estou há três anos, iniciei este trabalho com elas, numa época em que não houve competições, mas eu organizei torneios. Somos uma família, conhecemo-nos bem, temos a Ana Rita Nascimento que não jogava no Alentejo há 10 anos, veio da Casa do Benfica de Setúbal, a Rute também não estava por cá há algum tempo, mas são atletas que já jogaram comigo e por isso foi fácil, ouvem-me e respeitam- -me como treinadora, mas somos todas amigas".
Depois, também pesa a experiência e o currículo de Vera Costa: "Estive na seleção nacional com a Ana Rita Nascimento, também atleta do Mineiro, tenho uma longa experiência, já jogo há 20 anos, já passei por vários clubes e por vários outros projetos que me têm dado outra bagagem. Na realidade o que tenho de diferente das outras jogadoras é a minha experiência no futebol, apesar de ter alguma formação, porque estou a terminar o curso superior de Técnica de Desporto e já olho para o futebol de outra maneira".
Quanto à qualidade das praticantes a treinadora mineira é perentória: "O nosso campeonato pode ter poucas equipas, mas tem muita qualidade. O Castro, o Serpa, o Odemirense e o Ourique são equipas de qualidade, o Almodôvar ainda está no início, é normal que possa ganhar mais consistência, mas temos atletas muito boas no nosso distrito".
O reduzido número de equipas em prova não preocupa Vera Costa: "Na época passada eram cinco, mas há mais equipas, o Amarelejense e o Barrancos têm equipas, só que não têm apoios nem ninguém que puxe por elas". E pormenoriza: "O futebol feminino é diferente, a mulher é completamente diferente, tem que ser tratada de outra forma, diz-se a um homem para ir ao treino e ele vai. Uma mulher já tem que se saber levar, dar-lhe formação ao nível do passe e do domínio de bola, dar-lhe noções do jogo ao nível técnico e tático, porque uma mulher não teve escola, não teve formação".
Então se o futebol é masculino, mas a bola é feminina, onde é que está a diferença? Vera tem a resposta na ponta da língua: "É uma questão de mentalidade. Os homens dizem que vêm ao futebol feminino para ver as pernas às meninas. Podem vir só por isso, mas depois começam a gostar do que veem dentro do campo, porque nós jogamos à bola, há jogadoras com grande qualidade, nós jogamos futebol com a bola no chão, fazemos passes e dribles bonitos, ainda assim a mentalidade está mais aberta do que há alguns anos", conclui a treinadora, responsável por um projeto interessante que ganha raízes na equipa tricolor, onde até o presidente do Mineiro Aljustrelense, Vasco Santana, faz questão de apoiar a equipa com a sua presença no banco de suplentes.
Texto e fotos Firmino Paixão
Fonte: http://da.ambaal.pt/
Sem comentários:
Enviar um comentário