quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

"Dei demasiado ao desportivo de Beja"

Texto de Carlos Pinto
Carlos Simão regressou ao "activo" no Aldenovense e quer ganhar a Taça. Um desejo manifestado ao "CA", onde também lembra os últimos meses passados no Desp. Beja.
"Dei demasiado ao desportivo de Beja"

Carlos José Pratas Simão, treinador do Clube Atlético Aldenovense, 52 anos, natural de Trindade (Beja)
Pensou muito antes de aceitar o convite para treinar o Aldenovense? De facto, já não estava à espera de trabalhar no futebol esta época. E o que me levou a aceitar o convite do Aldenovense foi a forma como fui abordado pelo presidente e o passado do clube, que tem história e uma massa adepta que o vive muito apaixonadamente.
  
O compromisso é só para esta época ou já prevê o campeonato de 2012-2013? A minha ida é muito "pontual" e apenas no sentido de ajudar a equipa a recuperar alguns lugares na classificação e procurar chegar o mais longe possível na Taça [do Distrito de Beja].
  
Ou seja, a partir de agora a Taça passa a ser a grande prioridade do Aldenovense? É evidente que quando estamos em duas competições e estando longe de ganhar uma – que é o nosso caso no campeonato –, teremos de procurar chegar à final e ganhar.
  
Regressa ao "activo" depois de em Novembro ter saído do Desportivo de Beja. O que o levou a deixar o clube nessa altura? Porque já previa a situação do Desportivo de Beja… Repare, só aceitei o convite [na última temporada] por paixão, por ser um filho da terra e por ser um clube que me diz muito. Mas como esta era uma situação que previa, antecipei a minha saída. Dei demasiado ao Desportivo de Beja – como muita gente tem dado! –, sempre numa perspectiva de, dentro das minhas tarefas, ajudar um clube que tem andado com a casa às costas, desorganizado, perdendo a sua identidade e as suas raízes.
  
Sente que o seu trabalho foi inglório? Inglório não, porque consegui na primeira fase aquilo que se pretendia: evitar que o clube caísse na 2ª divisão distrital. Depois continuei numa perspectiva de, dentro das minhas tarefas, tentar ajudar o clube a ganhar um caminho. Mas depois veio a saída prematura do presidente…
  
Ficou desiludido com a demissão de Jorge Parente? Fiquei desiludido, porque não teríamos continuado este processo. Teria sido mais claro, quando acabámos a época passada, se as pessoas colocassem a questão de forma mais límpida. Ainda hoje não sei porque é que o engenheiro [Jorge] Parente saiu. Porque ele não nos disse nada!
  
Está a "dever-lhe" uma explicação? Não tem de explicar nada. Percebo a situação do presidente, que não é fácil! É praticamente um homem só a fazer muita coisa com coisas dele [sorriso] e isso não é nada agradável. Ainda para mais numa cidade que se afastou completamente do seu futebol, num momento e numa conjuntura social, política e económica muito difícil… Percebi tudo isso! Mas não se pode, passado um mês ou dois de começarmos uma época e tendo todos os escalões a trabalhar, perder o nosso pilar, que é o presidente.
   
Que futuro prevê para o Desportivo de Beja? O Desportivo é um clube com grande história, o maior do Baixo Alentejo, conhecido a nível nacional e que se tem perdido. Acho que o problema do Desportivo de Beja é de pessoas. Pessoas que gostem, de facto, do clube, que tenham uma ideia forte para a instituição e que não se desviem dessa ideia.
  
Crê que isso será possível na actual conjuntura? Duvido! Apesar de me doer muito quando digo isto! Mas cada vez mais vejo o clube a ficar mais pobre… em tudo.
  
Está arrependido de ter feito o que fez nos últimos anos em prol do clube? Nunca, nunca… Só estou incomodado por ver um clube de que tanto gosto morrer todos os dias.
Repensar a carreira

Campeão distrital pelo FC Serpa e pelo FC Castrense em 2006 e 2008, respectivamente, Carlos Simão viu a sua carreira de treinador "estagnar" nos últimos anos, nos quais apenas orientou o "histórico" (mas aflito) Desportivo de Beja. Um cenário que o técnico bejense quer alterar de ora em diante, até porque, admite, não tem "feitio nem mentalidade para andar a treinar só por andar". "Não quero andar no futebol só por andar, sem um compromisso profissional em termos de atitude e quase ‘obrigado’ a ter jogadores com pouca ambição, que só jogam por jogar. Tudo isso faz com que tenha de repensar o meu futuro", anuncia Simão.
Fonte http://www.correioalentejo.com

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