sexta-feira, 1 de junho de 2012

"Este ano faltou muita organização"

texto: Carlos Pinto
Jogou todos os minutos de 2011-2012 e sentiu na pele as grandes dificuldades que o Mineiro Aljustrelense enfrentou este ano. Agora é tempo do "capitão" fazer o balanço!
"Este ano faltou muita organização"

Carlos Miguel Capeta Estebaínha, jogador do Sport Clube Mineiro Aljustrelense, 33 anos, natural de Aljustrel
O campeonato já lá vai – que balanço faz da prestação do Mineiro Aljustrelense ao longo da época? Penso que foi uma época muito difícil. Para mim, em termos desportivos, se calhar até foi a época mais complicada! Tivemos um campeonato competitivo, com boas equipas, e nós andámos sempre na mó de baixo. Até que na última jornada [da primeira fase] conseguimos o apuramento para ir à fase de subida! Penso que o grupo está de parabéns, desde jogadores a treinadores e massagistas. Faltou foi apoio da outra parte… Penso que tivemos pouco apoio este ano e isso reflectiu-se um bocado.
  
A "outra parte" é a direcção? Sim, sim… Este ano faltou muita organização e quando assim é complica a situação.
  
À luz dessas dificuldades, o quarto lugar acaba por não ser nada mau… Sim! Mas do balanço que faço, penso que em situações normais, e com os jogadores que tínhamos, teríamos condições para lutar pela subida de divisão. Mas não havia estabilidade no clube e quando assim é paga-se caro! Irmos à fase de subida já foi bom e penso que até fizemos uma boa fase final.
  
O plantel ainda sonhou com a subida? Nós jogadores queríamos subir! Sabíamos que era complicado, mas lutámos sempre por isso. Só que, por vezes, não é fácil criar motivação nos jogadores quando havia alguns que vinham para um treino e não lanchavam. Assim não é fácil… Não é fácil fazer duas horas de esforço sem lanchar. E por vezes tínhamos jogadores a saírem do treino para irem comer bolachas. Assim é complicado…
  
Falou-se em dado momento da época de "greve" dos jogadores do Mineiro Aljustrelense a alguns treinos e até que a participação da equipa em determinados jogos esteve em causa. Confirma essas situações? Sim, estivemos um ou dois treinos sem treinar. Mas nunca pusemos em causa ir a jogo, porque o Mineiro não são 10 nem 20 pessoas. O Mineiro é muito grande, a instituição está acima de tudo e não merecia isso.
  
Porque razão não treinaram? Foi para as pessoas verem o que estávamos passando. Muitas das pessoas trabalham e não vão aos treinos nem sabem o que se passa. E ao domingo não querem saber se recebemos ou não recebemos, querem é resultados! A nossa revolta foi essa e tentámos fazer com que as pessoas ficassem a saber o que se passava no clube.
  
Há subsídios em atraso aos jogadores? Sim, neste momento há.
  
Quantos meses? Varia [de jogador para jogador]…
  
O Carlos Estebaínha também tem subsídios em atraso? Tenho. Quatro meses.
  
Ainda conta vir a receber esses valores? Penso que sim. A minha vontade é essa e penso que a da direcção é de honrar os compromissos que assumiu. Sabemos que não está fácil, mas temos de acreditar nas pessoas.
  
Com a época concluída, já pensou no futuro? Vai ficar em Aljustrel ou mudar de clube? Não decidi nada… Agora vou tirar uns dias e abstrair-me do futebol. Vou descansar desta época desgastante e depois logo se vê.
  
Fala-se do interesse do FC Castrense no seu concurso. Agrada-lhe essa possibilidade? Sim, porque o Castrense é um clube grande no Alentejo, é organizado e tem pessoas competentes. Nunca se sabe!
  
Gostava de reencontrar o técnico Francisco Fernandes? Sim, porque não? É uma pessoa que tem os seus métodos e é exigente, mas também é frontal e trabalhador.
  
  
  
  
   "Para mim, em termos desportivos, se calhar até foi a época mais complicada!"
  
  
   "Não é fácil criar motivação nos jogadores quando havia alguns que vinham para um treino e não lanchavam."
  
  
   "Nunca pusemos em causa ir a jogo, porque o Mineiro não são 10 nem 20 pessoas."
Contra "extinção" da 3ª divisão

Com muitos anos de campeonato nacional da 3ª divisão, Carlos Estebaínha não esconde ser contra a extinção da prova a partir de 2013-2014. "Se agora é difícil para uma equipa sair do distrital para a 3ª divisão, imagine-se sair de um distrital como o de Beja, que tem poucos jogadores, e ir para uma 2ª divisão nacional", argumenta.
Fonte:  http://www.correioalentejo.com

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