sexta-feira, 22 de junho de 2012

No Despertar vai jogar-se por amor à camisola: Os desafios de um jovem presidente



O Despertar Sporting Clube, histórico do futebol alentejano fundado em Beja em 1920 e dirigido nos últimos 22 anos por Mariano Baião, atravessa um novo ciclo.

Texto e foto Firmino Paixão
Luís Miguel Mestre, 34 anos, assumiu, em maio último, a presidência do clube, sucedendo ao carismático dirigente que no início do ano tinha apresentado a renúncia ao cargo por dificuldades de relacionamento com o executivo do município de Beja. Libertar-se do estigma da anterior presidência e deixar a sua marca pessoal num clube que movimenta 250 atletas e que, em passado recente, foi classificado pela UEFA como o 6.º melhor clube na formação em Portugal, são os desafios que Luís Mestre se propõe enfrentar com coragem e determinação.

Como se sente um jovem de 34 anos a presidir um clube com 92?É uma responsabilidade enorme. Não é hábito os clubes terem presidentes tão jovens, acho até que sou o mais novo dos atuais órgãos sociais. É uma responsabilidade grande, mas é uma honra que as pessoas tenham acreditado em mim e tenham feito força para que eu encabeçasse a lista candidata. Isso só me dá mais força para trabalhar em prol do clube.

Qual foi a sua primeira decisão enquanto presidente?Foi a decisão de termos na próxima temporada uma equipa de seniores totalmente a custo zero, face à situação delicada que atravessamos a nível financeiro. Vamos para a 1.ª Divisão Distrital com uma equipa que seja a continuidade do nosso trabalho de formação.

O anterior presidente esteve 22 anos no clube, naturalmente que ainda estará muito presente no dia a dia do Despertar…Ainda bem que está presente, continuamos com uma boa relação e sempre que tenho dúvidas tenho que as esclarecer com ele. A máquina está bem montada, mas as opiniões dele são sempre uma boa ajuda.

Que motivações teve para se candidatar à presidência do Despertar?Deixei de jogar futebol há cinco anos e, nessa altura, fui convidado para iniciar o projeto dos seniores, escalão que o clube não tinha. Acompanhava o clube de perto, conhecia os problemas. Quando o Mariano Baião saiu assumi um papel determinante, e como se mantiveram quase todos os anteriores dirigentes decidimos formar esta lista. Gostava de deixar aqui obra feita, alguma coisa marcante que assinalasse o tempo que por aqui iremos passar.

Modernizar o clube, retomar o seu ecletismo está no vosso programa?Não estamos a pensar em mais modalidades. A cidade, felizmente, já tem clubes que se dedicam à natação, ao atletismo, ao andebol, ao basquetebol, não temos muito mais possibilidades a explorar. Pensámos no futebol feminino, que não existe em Beja, mas temos o problema do espaço para treinos. Já se equipam dois ou três escalões em cada balneário, como é que conseguíamos meter ainda uma equipa feminina?

A lista de órgãos sociais é muito vasta mas a atividade também é muito diversificada…Temos nove equipas de futebol, não decidimos ainda se teremos uma décima, porque temos muitos juvenis e não queremos dispensar ninguém, queremos ficar com eles todos, mas não podemos ter um plantel com 30 jogadores. Equacionamos formar uma segunda equipa de juvenis mas esbarramos sempre nas dificuldades de logística.

O Despertar vai manter a política de não dispensar jogadores que não precisa?Não queremos que ninguém saia, mas também não queremos que ninguém fique contrariado. O que temos que saber é a causa de um jogador querer sair para outro clube. Pode não gostar do treinador, pode ter incompatibilidades com outros colegas. Queremos saber, porque há inúmeras razões para um atleta querer sair.

A passagem pela 3.ª Divisão deixou feridas difíceis de sarar?Não, ainda temos alguns subsídios em dívida com os jogadores. A situação do clube é apertada, mas estamos muito longe da falência técnica, como agora de costuma dizer.

O novo presidente do Despertar já dialogou com o município de Beja?Já falei com o presidente e com o vereador do pelouro, as relações são boas, têm que ser porque nós utilizamos espaços municipais, mas a nível financeiro temos valores em atraso de 2011 e nem sabemos se em 2012 receberemos algum apoio. Temos conversado sobre os acessos aos campos, sobre os arranjos exteriores no edifício da sede, na iluminação do sintético 2. Não podemos dar prémios aos nossos jogadores mas gostamos que eles tenham boas condições de treino e é isso que estamos a tentar junto do município.

Tem sentido o apoio dos adeptos e associados que constituem a família despertariana?Sim, sinto muito orgulho por isso, tenho recebido palavras de incentivo e de encorajamento que me permitem estar otimista quando a este desafio de manter o Despertar na rota do prestígio que todos lhe reconhecemos. 

Fonte:  http://da.ambaal.pt

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