sexta-feira, 6 de julho de 2012

Castrense é modelo em termos de gestão"

TEXTO: Carlos Pinto
O FC Castrense é bem-sucedido no plano desportivo… e financeiro! Quem o garante é o presidente Carlos Alberto Pereira, que ao "CA" fala sobre o presente e o futuro daquele que é, na sua opinião, um dos melhores clubes do distrito de Beja.

Carlos Alberto Camacho Guerreiro Pereira, presidente do Futebol Clube Castrense, 46 anos, natural de Aljustrel
Criticou recentemente o modelo de campeonato nacional da 3ª divisão proposto para 2012-2013. Porquê? O FC Castrense e eu pessoalmente somos a favor dos novos quadros competitivos, mas não de como se está a fazer a transição. Essa transição devia ter sido feita já este ano e agora os homens da FPF não pensaram bem as coisas. Aliás, penso que nem as pensaram! Porque a maneira como o campeonato está previsto, com uma segunda fase que tem uma série para a descida, não faz sentido nenhum. Os seis clubes que vão participar nessa fase já têm a sua classificação definida, o que será desmotivante e fará os clubes gastarem dinheiro desnecessariamente.
  
   A próxima época será muito "sui generis", com apenas dois clubes a subir e todos os outros a descer aos distritais. Nesse quadro, que objectivo terá o FC Castrense? O FC Castrense vai tentar, na primeira fase, ficar entre os primeiros seis classificados. Mas independentemente disso, já fizemos uma exposição por escrito à FPF a solicitar um modelo diferente de apuramento das equipas que vão subir…
  
   Que modelo? Na nossa opinião, o campeonato devia ser disputado apenas numa fase regular. Seriam 22 jornadas, que depois iriam definir a classificação final.
  
   Quanto custará a próxima época? Vamos aumentar o orçamento em cerca de 10 a15% relativamente ao da última época, que foi de 65 mil euros. Mas se o modelo competitivo for alterado, o nosso orçamento também vai ser alterado.
  
   Como está o clube financeiramente? O FC Castrense, a nível financeiro e mesmo em termos de gestão, é um clube modelo. Afinal, qual é o clube que em três anos consecutivos paga IRC ao Estado? Se calhar, a nível nacional, só deve haver mais um ou dois…
  
   Em suma, o FC Castrense tem "boa saúde" no capítulo financeiro? Sim, sim… O FC Castrense foi este ano campeão e isso faz-me feliz. Mas fomos campeões e muito mais do que isso! O título foi a imagem do que tem sido o nosso trabalho ao longo destes anos, ou seja, mesmo perante a possibilidade de termos melhores resultados desportivos contemos sempre os custos. De forma a que se chegássemos ao fim da época sem sermos campeões em termos desportivos, éramo-lo certamente a nível financeiro. E foi essa postura da direcção que permitiu que ao longo de três anos recuperássemos o clube financeiramente e conseguíssemos títulos desportivos. Nesta altura, posso dizê-lo, o FC Castrense deve ser dos clubes mais sólidos a nível de gestão desportiva e financeira.
  
   Qual era o passivo quando entraram? Na ordem dos 75 mil euros.
  
   Ainda existe passivo neste momento? O FC Castrense, actualmente, tem activos [risos]. É certo que este tipo de associações não existem para ter lucro, mas o FC Castrense conseguiu ter saldo positivo nos três anos de gestão desta direcção. Actualmente é um clube que tem activos.
  
   Há quem justifique os bons resultados financeiros do clube com a "mão-de-ferro" do seu presidente. É assim mesmo? Faço as contas muitas vezes e quando faço os orçamentos retiro sempre uma parte da receita, que será depois a margem para errarmos. Felizmente, temos sempre conseguido ultrapassar as expectativas iniciais relativamente aos orçamentos. Ou seja, ultrapassámos sempre as receitas previstas. Tudo fruto de muito trabalho e dedicação ao clube por parte da minha equipa directiva.
  
   Uma das lacunas apontadas ao clube é o aparente "distanciamento" dos associados relativamente ao FC Castrense. Enquanto presidente também sente isso? Para conseguirmos um objectivo há sempre um princípio, um meio e um fim. Desde que apostámos em fazer todas as camadas jovens que temos tido mais público nos jogos dessas camadas. E essas pessoas irão acompanhando as equipas até chegarem aos seniores. Só que para se chegar aos seniores vindo das camadas jovens, o atleta tem de fazer um percurso de vários anos. Por isso, penso que daqui a alguns anos iremos ter mais pessoas a ver futebol.
  
   Mas reconhece que em Castro Verde há menos "bairrismo" relativamente ao FC Castrense do que acontece noutras terras com os emblemas locais? Disso não tenho dúvidas, mas uma coisa é certa: quando vou ver os jogos fora, na maioria dos casos não vejo mais público do que aquele que vejo em Castro Verde. E nós somos das equipas que arrastamos mais pessoas quando vamos fora. Isso também quer dizer que, se calhar, não temos uma assistência assim tão pequena. Queríamos mais, é claro! Mas também lhe digo que não vejo os sócios afastados do clube. E tanto não vejo que, este ano, tivemos a entrada de cerca de 60 associados, o que quer dizer que aumentámos em cerca de 10% o número de sócios. Passámos de aproximadamente 550 para 614 associados!
  
   Na formação, o FC Castrense tem todos os escalões e na última época teve, pela primeira vez, uma equipa nos nacionais (iniciados). É uma aposta para manter? Quando esta direcção iniciou o seu trabalho, um dos objectivos que tinha era precisamente colocar uma equipa nos nacionais e apostar na formação. Já tivemos uma participação no nacional de iniciados, que dignificou o FC Castrense e só faltou um pontinho para não descermos. E para o ano queremos ser campeões distritais de juvenis.
  
   O FC Castrense tem neste momento futebol, hóquei em patins, patinagem artística, atletismo e aikido. Vão surgir novas modalidades? Vamos apenas manter as que temos. Aliás, penso que actualmente o FC Castrense deve ser o clube mais ecléctico do distrito de Beja, sendo que na última época tínhamos 340 atletas federados.
  
   Neste momento, o que faz mais falta ao FC Castrense? Continuar como está! E depois tentar uma melhoria contínua, para que a cada dia que passe sejamos um pouco melhores.
  
   Ser o "melhor clube do distrito" é uma ambição? Queremos ser sempre os melhores e esse é o nosso objectivo de trabalho. Mas sempre de uma forma sustentada! Não vamos fazer nada de forma leviana e nunca levantaremos os braços a dizer que somos campeões sem conseguirmos antes outras coisas que são mais importantes que isso. Tendo sempre como base a disciplina e a sustentabilidade financeira. Porque não podemos ser hoje os campeões e amanhã o clube desaparecer. Isso não faz sentido nenhum!
  
   Qual o seu maior sonho para o FC Castrense? [breve silêncio] O meu maior sonho era para o ano [2012-2013] sermos campeões distritais de juvenis e a equipa de futebol sénior conseguir a manutenção nos nacionais.
  
  
  
  
   "O FC Castrense conseguiu ter saldo positivo nos três anos de gestão desta direcção. E actualmente é um clube que tem activos."
  
  
   "Não vejo os sócios afastados do clube. E tanto não vejo, que este ano tivemos a entrada de cerca de 60 associados, o que quer dizer que aumentámos em cerca de 10% o número de sócios."

  
  
  
  
  
   
  
  
  
   Plantel com poucas novidades

  
  
   Serão poucas as novidades no plantel sénior do FC Castrense em 2012-2013. De regresso ao campeonato nacional da 3ª divisão, a equipa orientada por Francisco Fernandes começa a treinar nos primeiros dias de Agosto e o objectivo passará, em primeiro lugar, por ficar entre os primeiros seis classificados da fase regular. Para tal, são reforços o guarda-redes Eduardo, o defesa Hugo Páscoa e o avançado Ricardo Amaro (todos ex-Despertar), além do ponta-de-lança José Manuel Romaneiro (ex-Vasco da Gama). Ao FC Castrense devem ainda chegar mais dois reforços, num plantel onde se manterão João Candeias (guarda-redes), Vítor Rolim, Roberto, Tiago Torres, Velhinho (defesas), José Luís Araque, Nelson Horta e Pedro Lança (médios), Telmo Facaia, João Pepe, Rui Pepe, Jorginho e André Damázio (avançados). "Penso que a equipa que tínhamos o ano passado era suficiente para se manter na 3ª divisão nacional", afiança o presidente Carlos Alberto Pereira, garantindo que o plantel não terá mais que "19 ou 20" elementos.
Fonte:  http://www.correioalentejo.com/

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