O Mineiro Aljustrelense tentou durante várias assembleias gerais eleger novos órgãos sociais, mas a solução foi a eleição de uma comissão administrativa.
Texto e foto Firmino Paixão
Mandatada para um ciclo de três meses, após o que promoverá novo ato eleitoral, a comissão administrativa presidida pelo projetista António Manuel Gonçalves, de 35 anos, vai apostar prioritariamente na formação. O novo líder mineiro referiu que houve sempre algum obstáculo que impediu as eleições – a questão das contas ou a clarificação de números –, pelo que a eleição da comissão foi a forma mais prudente de pôr o clube a andar sem que se levantassem questões mais graves. Os novos dirigentes já recorreram do castigo de um ano que a Federação Portuguesa de Futebol aplicou a Eduardo Rodrigues, técnico da última época.
As contas ainda estão por aprovar?Reunimo-nos no dia seguinte à nossa tomada de posse, a direção cessante ficou de entregar os documentos necessários para fechar algumas situações e até hoje isso ainda não se verificou. Além do que prevíamos, têm surgido situações que ameaçam que o problema se agrave, nomeadamente com jogadores, em que tínhamos um valor de referência e quando falámos com eles o valor era superior. Vamos ter que nos sentar todos e firmar esses valores. O défice andará entre os 60 e os 70 mil euros, ou um pouco mais até. São os valores que têm sido divulgados aos associados, mas ainda há situações que têm de ser decididas em assembleia geral.
O futuro do Mineiro alguma vez esteve em risco no início desta temporada?Não. O Mineiro tinha a chave metida na fechadura, faltava rodar e estava fechado. Esta foi a situação que encontrámos quando aqui chegámos. Não estávamos à espera que estivesse nesse pé, mas foi o que encontrámos. Mas fechar o Mineiro, jamais, nem que tivéssemos que mover tudo o que tivesse que ser movido para o evitar.
Esta comissão tirou a chave da fechadura?Alguém teria que ser, fomos nós, poderiam ter sido outras pessoas, mas eu tenho a certeza que ninguém permitiria que isso acontecesse, com a mística que o clube tem jamais isso aconteceria.
A equipa já iniciou os trabalhos, o clube regressou à normalidade?Estamos aqui há três semanas, a primeira coisa que fizemos foi arranjarmos forma de estabilizar o clube em termos de associação e da Federação Portuguesa de Futebol e também a questão das Finanças. Percebermos qual a dimensão do buraco que aqui estava. Tratámos das situações existentes com a federação, atrasando processos para que não existissem impedimentos na inscrição de jogadores. Para já as coisas estão controladas, e estabilizadas essas situações começámos a pensar no futuro.
O futuro passa pela formação do plantel...Apostaremos nas camadas de formação do Mineiro, nos jovens que estavam fora e outros que andavam por aqui. Mantivemos a espinha dorsal da equipa que já está num patamar etário mais avançado, portanto, aproveitando o momento difícil e a profunda reestruturação que existe no futebol amador, há uma planificação que tem de ser feita e este é o momento ideal para potenciarmos o valor que existe na nossa juventude.
Que futuro para os escalões de formação, para a equipa feminina e para o hóquei em patins?O hóquei tem uma secção autónoma, já nos reunimos e há decisões a tomar em breve. As camadas jovens continuarão porque são o garante do futuro do Mineiro, e captaremos mais jovens em idades de juvenis e juniores. A equipa feminina está filiada, aguardo um contacto de quem estava à frente da equipa para que possamos definir o futuro do futebol feminino em Aljustrel.
A comissão assumirá os compromissos que vêm do passado?Com certeza que sim. Há compromissos mais imediatos. O dinheiro não cai do céu, nem escorrega por uma telha, as empresas não podem colaborar, o município dá-nos o subsídio anual, mas no futuro não sabemos o que acontecerá. Honraremos, para já, os compromissos imediatos, nomeadamente com os atletas que ficaram, Finanças, associação, federação. Já falámos também com o antigo treinador. Enfim elas são mais que muitas. Relativamente aos atletas, há que sublinhar o perdão que eles fizeram ao clube, de um terço do valor que lhes era devido. É de enaltecer, é de amor à camisola, todos eles, também o João Pinto (massagista), um homem enorme no seu amor ao clube.
O Mineiro faz 80 anos em 2013, é um marco na sua história em que o clube devia estar unido e estabilizado…Tenho a certeza que o vamos conseguir. Temos uma série de eventos na rua, uns com o objetivo mais claro de angariação de fundos, mas vamos ter outros para aproximar novamente as pessoas que estavam afastadas. No final destes três meses haverá eleições. Para já estamos a pensar só na imagem e no futuro do clube, e esses 80 anos tenho a certeza que vão ser comemorados na união de todos os associados. Isso é sagrado.
O antigo treinador foi castigado pela federação e o clube negligenciou na sua defesa?Essa é a única forma que eu encontro para justificar o que se passou. Devemos salientar que na altura do acórdão o Eduardo [Rodrigues] já não tinha vínculo com o clube, no entanto é uma questão de profissionalismo, ele era treinador do clube. Se o recurso que nós já fizemos à federação não for aceite, o Eduardo ficará inibido de exercer a sua atividade durante um ano. Tenho comigo o acórdão e só consigo justificar isso como uma irresponsabilidade. Falámos com ele e vamos tentar chegar a um acordo.
Fonte: http://da.ambaal.pt
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