Foto de FIBA Europe
Miguel Maria Cardoso é um dos jovens jogadores portugueses que maior destaque tem recebido nos últimos anos.
A capacidade que demonstrou nos
escalões jovens foi compensada com constantes chamadas às Selecções
Nacionais jovens, enquanto que no seu clube foi conquistando espaço
desde que se estreou na equipa principal do FC Porto Ferpinta com 17
anos de idade. Aliás, na temporada de 2011-12, Miguel Maria era já um
dos atletas em quem Moncho López foi confiando ao longo do ano para
entrar na rotação de jogadores que fazia parte do plano de jogo
portista. Para 2012-13, o jovem base português decidiu abraçar um novo
projecto, rumando a França para jogar no Nanterres e continuar a evoluir
na Pro-A, um dos campeonatos mais prestigiados do basquetebol europeu.
Na mais recente entrevista
BasketPT.com, fique a saber pouco mais sobre as perspectivas de Miguel
Maria para a próxima fase da sua carreira desportiva, mas também sobre o
seu passado mais recente em que jogou de Dragão ao peito.
Comecemos pela tua próxima etapa. Como estás a encarar a tua mudança para o Nanterres, de França?
Estou a encarar de uma forma boa,
optimista em relação ao que posso vir a ganhar graças a
esta experiência. Fui muito bem recebido, toda a gente me tem tratado
com muito carinho e para já tem sido óptimo. Não poderia estar mais
satisfeito.
Dos jovens portugueses que vão
jogar para outro país, a maioria costuma escolher Espanha. Tens algum
motivo para ter escolhido o basquetebol francês?
Nenhum motivo em especial, apenas
escolhi o Clube que me ofereceu as melhores condições de trabalho. Além
disso, penso que é o melhor sitio em que posso estar nesta altura. Já
que falou em Espanha, aproveito para desejar a maior sorte do Mundo ao
meu companheiro de equipa do ano passado, João Soares, nesta nova
experiência em terras de nuestros hermanos.
Até agora a equipa ainda só
contratou um base puro. Sentes que podes disputar já alguns minutos na
Pro-A, ou para já vais dividir tempo entre a equipa principal e as
Esperanças?
Neste momento só estou focado em
treinar, treinar e treinar. Essas coisas são para ser pensadas mais lá
para a frente. É óbvio que não escondo o desejo de poder jogar já na
Pro-A, mas estou convencido de que se fizer o meu trabalho direito, se
me esforçar e trabalhar diariamente, dia após dia, essa oportunidade vai
surgir e vou estar preparado para agarrá-la.
Sentes que para que os jovens
portugueses atinjam patamares de qualidade mais elevados, precisam de
sair do país e jogar noutros campeonatos?
Ano após ano, cada vez mais sinto que o
jogador português é menos valorizado... Muito pouca gente segue a Liga
Portuguesa de Basquetebol, por isso, um jovem jogador que queira ser
profissional tem que partir para Ligas mais fortes, mais competitivas,
onde a projecção seja grande e onde se viva o basquetebol. Em Portugal,
cada vez vai menos gente aos jogos, os pavilhões não enchem, a Liga é
cada vez menos competitiva. Sei também, que a situação que o país
atravessa neste momento não é a melhor, mas espero que a Liga volte a
ser, pelo que me dizem, como era há uns anos atrás.
Fazes parte de uma fornada de
jovens jogadores com alguma qualidade. Sentes que estas gerações mais
jovens têm qualidade para dar continuidade ao que fizeram Sérgio Ramos,
Carlos Andrade, João Santos, Filipe da Silva, Miguel Miranda, etc?
Sinto que sim, mas para isso os Clubes
têm que apostar nos jovens jogadores portugueses, dar-lhes
oportunidades, dar-lhes um voto de confiança, acreditar que eles são
capazes. Portugal, é um país com muito talento, mas parece que só os
portugueses é que não se apercebem disso. Se tudo isto acontecer, penso
que conseguiremos dar continuidade ao excelente trabalho desenvolvido
por esses jogadores de enorme qualidade.
Aos 17 anos fizeste o teu primeiro jogo na LPB. Essa estreia está bem guardada na memória?
Está bem guardada na minha memória, e
nunca a vou esquecer: foi contra o Barreirense no Dragão Caixa. Jogar a
primeira vez naquele Pavilhão e para os Melhores Adeptos do Mundo, é
coisa que nunca se esquece na vida!
É claro que estas oportunidades que tens tido, dão muito trabalho…
Sim, dão trabalho. Mas é um trabalho
saudável e que adoro fazer. Adoro acordar todos os dias de manhã e saber
que o sitio para onde vou é o pavilhão - é das coisas que me deixa mais
feliz e realizado. Sofremos muito, é cansativo, mas o esforço acaba por
ser sempre recompensado de alguma maneira. Quem não trabalha, isso é
óbvio, não vai chegar lá. É preciso ter espírito de sacrifício e lutar
todos os dias contra todas as barreiras que nos possam aparecer.
Quando chegaste ao plantel
principal do FC Porto Ferpinta, sentiste dificuldade em passar a treinar
e jogar, diariamente, com alguns dos grandes nomes do nosso
basquetebol?
Ao início é sempre complicado. Há uma
grande diferença de num ano fazer parte duma equipa de juniores e no ano
a seguir fazer parte de uma equipa de Seniores. Ainda para mais num
plantel com tanta qualidade como era o nosso. Mas é daquelas coisas que
um jovem jogador tem que aprender, é importante saber gerir as nossas
emoções.
Jogas numa posição que te obriga
a ser a "voz de comando" da equipa. Durante o teu tempo de sénior no
FCP sentes que tinhas a confiança dos teus colegas de equipa, quase
todos eles com carreiras de sucesso?
De certo modo, essa confiança vai-se
ganhando a pouco e pouco, nos jogos, nos treinos, no balneário. Penso
que sim, apesar de ser na altura o elemento mais novo, penso que de
certo modo comandei bem a equipa sempre que fui chamado a intervir. É
claro que quanto mais experiente for o jogador, mais respeito ele vai
ter por parte dos outros jogadores.
E que balanço fazes destas temporadas a aprender com Moncho López?
O balanço só podia ser muito positivo.
É uma excelente pessoa, um excelente treinador, que exige o máximo dos
jogadores todos os dias. Um excelente profissional e sinto-me um
verdadeiro privilegiado por poder ter trabalhado com o Professor Moncho
Lopéz.
Para acabar, como acompanhaste o processo que levou à extinção da equipa de seniores do FC Porto?
Sinceramente, fui apanhado de
surpresa, não estava à espera. Estava no Campeonato da Europa de Sub 20
quando me disseram. É uma pena para o basquetebol português, para todos
os adeptos e amantes da nossa modalidade. Um histórico como o Futebol
Clube do Porto não participar na Liga de Basquetebol é algo que não se
via há anos. Espero que seja apenas uma "interrupção" e que voltem
brevemente para continuarem a dar alegrias aos adeptos.
Para acabar, gostava de dizer:
Sonhem e lutem por tudo o que mais desejam! Se trabalharem arduamente
todos os dias e se todos os dias pensarem para vocês mesmos que querem
ser melhores, então serão melhores. O sonho comando a vida...
Miguel Maria, natural de Ponte
de Lima, foi formado na Escola Desportiva Limiana, onde jogou cerca de
sete temporadas nos vários escalões.
Fonte: http://www.basketpt.com/
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