Uma boa campanha desportiva, pese embora o elevado número de perdas de alados, revelam o progresso competitivo da columbofilia distrital, onde surgem novos valores.
Texto e foto Firmino Paixão
O presidente da Associação Columbófila do Distrito de Beja, José Francisco Palma Lampreia, faz uma análise positiva da última temporada desportiva, revelando fatores positivos como o equilíbrio competitivo, a modernização da modalidade e a inauguração de uma nova sede para a associação. Sublinha a presença de atletas bejenses nas seleções nacionais, acentuando que foram atingidos níveis muito elevados. Ainda assim, o dirigente revela que não será candidato a um novo mandato.
Que balanço faz da época que recentemente se concluiu?A época 2012 foi um pouco mais difícil do que as anteriores, devido às condições meteorológicas. A maioria das provas teve médias mais baixas porque os pombos encontraram mais dificuldades e perderam-se algumas aves, mais do que tem sido normal em épocas anteriores. Os especialistas referem a existência de radiações ultra violetas acima do normal, muitas vezes durante a semana tínhamos temperaturas médias de 20º e ao fim de semana subiam acima dos 30, tudo isso gerou uma instabilidade enorme aos atletas.
O normal é perderem-se aves em situações de mau tempo?Sim, mas as temperaturas elevadas, desde que sejam repentinas, são sempre uma dificuldade acrescida para qualquer ser vivo, ainda mais para um pombo que tem que atravessar tantos obstáculos (montanhas, aves de rapina) e tem que voar durante tantos quilómetros. Parecendo que está bom tempo, nós não conseguimos avaliar as tempestades solares e magnéticas, as radiações a que as aves se sujeitam. Aparentemente está tudo normal, mas a verdade é que para os pombos não está.
O calendário foi cumprido com normalidade?De certa maneira decorreu com normalidade, embora tenhamos feito alguns acertos. Estou a lembrar-me de uma prova em que devido ao calor tivemos que encurtar a distância de solta em cerca de 40 quilómetros para atenuar o esforço dos atletas. Também houve um fim de semana em que se previam muitas dificuldades e adiámos a prova para o dia seguinte. Temos que ser nós a ajudar e a tomar essas decisões no sentido de defendermos as aves e minimizarmos as perdas.
No plano desportivo houve surpresas ou foi um pouco mais do mesmo?O balanço foi bom porque ganharam columbófilos de várias coletividades, revelando uma forte competitividade no distrito. A diferença entre os primeiros 10 de cada zona tem vindo a diminuir, o que demonstra que existe mais competitividade do que no passado, em que as diferenças eram de dois e três mil pontos. Hoje não é assim, essas diferenças diminuíram e os campeonatos são disputados com muito interesse até à última prova.
Têm surgido alguns novos valores na columbofilia distrital?Este ano revelaram-se dois ou três novos columbófilos ao mais alto nível: Rui Vilalva, que veio de Évora para o nosso distrito, e o Ludgero Inácio também se destacou pela positiva na velocidade e meio fundo, fez uma grande campanha.
Os tempos estão difíceis e a columbofilia não é exceção?
Temos constatado alguma diminuição a nível de praticantes, por várias razões, uma delas a situação económica, outra porque os cidadãos e as câmaras complicam a vida aos columbófilos que têm pombos em centros urbanos. Tudo isso tem sido minimizado com a construção de aldeias columbófilas um pouco por todo o distrito, mas não é a mesma coisa. O columbófilo sempre teve os pombos em casa e agora tem que os levar para fora das vilas ou cidades. Isso levará ao abandono da modalidade.
Têm surgido novos praticantes que compensem os abandonos?Há sempre quem comece de novo e outros que regressam, como as coletividades de Moura e Pias que estão a aumentar o número de associados. Existe um certo equilíbrio em número de columbófilos, embora o número de pombos tenha vindo a diminuir porque as pessoas fazem contas à vida e em vez de terem 100 aves ficam com 60 ou 70. Mas cada columbófilo terá, em média, 80 a 120 pombos, e num distrito com mais de 300 praticantes estaremos a falar de 30 000 atletas, ou seja, a primeira modalidade do distrito em número de praticantes federados.
Que expectativas existem para as exposições do próximo ano?A fasquia está muito alta. Nos últimos dois anos fomos o distrito que colocou mais pombos nas seleções nacionais representadas nas Olimpíadas e na Exposição Ibérica, por isso estamos num nível muito elevado. No próximo ano não será fácil chegarmos ao mesmo patamar, estaremos a um bom nível, mas não creio que sejamos outra vez os melhores. Estamos a trabalhar nesse sentido, mas temos que ser realistas.
Será candidato a um novo mandato?Está a terminar o meu segundo ciclo na associação e não voltarei a ser candidato. Estou com vários projetos profissionais que quero levar a bom porto e farei uma pausa no dirigismo columbófilo. Há outros dirigentes com capacidade e dedicação para manterem a columbofilia distrital em bom nível.
Sai satisfeito com a marca que deixa na columbofilia distrital?Tenho consciência que no plano desportivo conseguimos atingir níveis nunca alcançados. Por outro lado, 80 por cento das coletividades apresentam já a sua atividade na Internete, nós ajudámos nisso, fizemos o levantamento das coordenadas dos pombais do distrito, vamos inaugurar uma nova sede, já temos os camiões em lugar seguro e estivemos sempre disponíveis para tudo o que fosse bom para a modalidade. Sei que era possível fazer mais, sempre tive o melhor grupo de diretores comigo, fizemos o que podíamos porque todos somos voluntários.
Fonte: http://da.ambaal.pt/
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