Manter os bons resultados com um investimento reduzido, preconiza Amílcar Pereira, presidente da Juventude Desportiva das Neves (JDN), clube que tem atenuado as dificuldades com os sucessos desportivos.
Texto e foto Firmino Paixão
O histórico dirigente deste clube na freguesia das Neves sublinha a intervenção social da JDN, elogia o papel dos técnicos e atletas, num quadro em que o clube se obriga a reduzir o orçamento e a movimentar menos atletas. Ainda assim, a época passada foi bem sucedida: cinco atletas na ribalta, com 11 medalhas conquistadas. O dirigente revelou que na atual conjuntura, com todas as dificuldades inerentes e com tão poucas verbas para apoiar estes atletas foi quase uma época invulgar no contexto em que estamos. Foi quase um milagre o que estes cinco atletas conseguiram fazer na última temporada.
Um pouco longe do fulgor do passado mas teimando em manter bons resultados?Sempre estivemos no desporto para proporcionarmos prática desportiva à juventude, depois, tentando obter resultados de bom nível que projetassem o clube. Mas sempre degrau a degrau, sem forçarmos muito e em consonância com a filosofia dos nossos técnicos. Como a conjuntura entretanto mudou, de há uns anos para cá, temos reduzido despesas e reduzido o nosso fulgor, mas os sucessos desportivos mantêm-se porque ainda temos um lote de atletas com um bom nível e bem enquadrados tecnicamente.
Sem comprometerem o prestígio da JDN no atletismo regional?Fomos durante muitos anos o clube mais representativo, com melhores resultados e mais títulos. Agora já não é bem assim, há outro equilíbrio, porque nós fomos quase obrigados a baixar um pouco a fasquia e os nossos índices desportivos, devido a este quadro de falta de apoios e de patrocínios, numa conjuntura a que tivemos que nos adaptar. E esse foi o passo certo, caso contrário já teríamos acabado.
Dificilmente o Grande Prémios das Neves será reposto no calendário?Mantendo-se o atual quadro económico não será fácil. Qualquer prova com os índices que a nossa atingiu já era um investimento elevado. Baixámos o valor dos prémios, mesmo assim a despesa mantinha-se elevada. Só voltaremos a organizá-la com o financiamento garantido, mas hoje não existem apoios para estas atividades pontuais como acontecia no passado. O Grande Prémio foi organizado durante 20 anos consecutivos e foi com muita pena nossa que o retirámos do calendário.
A JDN tem a particularidade de recrutar nas instituições de apoio social à juventude…É um trabalho invulgar e não é apoiado nem reconhecido. Sempre tivemos esse papel, sempre trabalhámos com miúdos da Casa Pia, da Casa do Estudante e agora com miúdas da Fundação Manuel Geraldo. É muito bom vermos jovens com problemas a nível social a singrar no desporto, como, por exemplo, a Sara Inácio e a Elsa Patriarca, miúdas da Fundação que estão a conseguir resultados brilhantes a nível nacional e que um dia poderão ser grandes atletas. É um trabalho gratificante.
Liliane Abreu, Sara Inácio, Elsa Patriarca, Diogo Luz, Catarina Breu, são os vossos atletas de eleição?Esses foram os atletas que mais se destacaram na última época. O Diogo Luz conseguiu sete medalhas a nível nacional, um atleta que deu um grande salto mercê de um trabalho sustentado em cinco ou seis anos de atletismo. Os outros atletas também. São quatro Juvenis, só a Liliane é que é Sub/23, e todos podem ainda dar muito à modalidade. Assim eles mantenham a dedicação e nós tenhamos condições para os levar aos campeonatos nacionais. Tenho que sublinhar o papel dos treinadores, Jorge Aniceto e José Silveira, fundamentais neste processo, são pessoas a quem o clube deve muito.
Que perspetivas para a próxima época?Vamos reduzir ainda mais as despesas, tentar manter esta qualidade com o mínimo de atletas. Tentaremos repetir o sucesso da última época, não será fácil, esta foi singular, os atletas estiveram muito bem. Manteremos esta filosofia de obter resultados gastando o mínimo possível. Mas a ambição será sempre grande.
Menos apoios equivalem a mais dificuldades?O nosso orçamento na época anterior era de 20 000 euros, na próxima será de 12 500, o que é isso? Nem dá para o gasóleo, ao preço a que ele está! Estamos a reduzir tudo, é tudo gerido ao mínimo e é assim que temos que fazer porque no atletismo não temos receitas. Os resultados são conseguidos graças ao voluntariado e é nessa base que tentamos que os atletas sejam bem sucedidos e que o clube se projete a nível nacional.
Acredita na rápida recuperação da Pista Fernando Mamede?Todos os dias luto por isso. É um processo que se arrasta há quatro anos, não sei até quando, ficaria muito feliz de voltar a ter em Beja uma pista em condições, mas não vejo que nos próximos tempos isso aconteça.
A Associação Regional vai estar em eleições. É o tempo de saber quem apoia quem?O nosso clube nunca teve pretensões em estar na Associação. Sempre apoiámos quem lá esteve, todos eles fizeram um bom papel, umas vezes melhor outras menos bem, mas todos cumpriram. Certamente que a solução que será encontrada será uma lista que apoiaremos e com a qual estaremos sempre. Apoiaremos quem avançar.
Fonte: http://da.ambaal.pt/
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