Procura medalha que lhe falta no currículo
Doze
anos depois da estreia paralímpica, Lenine Cunha está de regresso aos
jogos e espera cumprir o sonho, adiado depois de a deficiência
intelectual ter saído do programa, de conquistar uma medalha, a 135ª.
Depois
do quinto lugar no salto em comprimento para deficientes intelectuais
conseguido em Sydney2000, com apenas 17 anos, Lenine acreditou que, "com
muito treino", poderia chegar à medalha em Atenas2004.
"Disse
na altura, em Sidney, que uma medalha ia ser minha em Atenas", garante
Lenine Cunha, ou Lenny, como prefere ser tratado, por não gostar muito
do seu nome. A saída da deficiência intelectual dos Jogos "travou-lhe" o
sonho, mas não a vontade de continuar a treinar e competir.
Nos
últimos 12 anos, conseguiu 134 medalhas em competições internacionais
do Comité Paralímpico Internacional (IPC) e da Associação Internacional
de Desporto para Pessoas com Deficiência Intelectual (INAS-FID). Começou
a praticar atletismo aos sete anos, três anos depois de ter sofrido uma
meningite, que lhe provocou perda da fala, de parte da visão e da
memória, com consequências a nível intelectual.
Começou pelo
desporto regular, mas, aos 16 anos, experimentou o desporto adaptado, no
qual tem somado sucessos em várias especialidades. É recordista mundial
do heptatlo, do pentatlo e do triplo salto da INAS-FID.
Na
competição regular, em 2005, foi terceiro no campeonato de Portugal,
ganho pelo campeão olímpico do triplo salto em 2008, Nelson Évora. Aos
29 anos, o desporto é quase sempre a sua única ocupação, exceto nos dias
em que trabalha à noite, sobretudo em bares, para conseguir "pagar as
despesas do dia-a-dia", porque o dinheiro da bolsa "não dá para viver".
Admite
que a sua deficiência traz dificuldades, sobretudo ao nível da
apreensão da técnica, e por isso treina "ainda mais", de segunda a
sexta-feira, no Estádio Municipal de Gaia. Regressar aos Jogos
Paralímpicos 12 anos depois de Sydney está a ser "uma sensação difícil
de descrever", mas reforçou ainda mais a ideia de que não há
impossíveis. "Chorei na cerimónia de abertura. Estar aqui 12 anos
depois. Fez-me pensar que nada é impossível", admite.
Por
agora está "ansioso", no dia 04, antes da prova, vai estar "nervoso",
mas depois do início da competição estas sensações vão desaparecer. "A
partir do primeiro salto, acabaram-se os nervos. Gosto do barulho e do
apoio do público", garante.
Parte para a sua prova na
condição de terceiro classificado do ranking mundial IPC. Sabe que
chegar ao pódio "não é fácil, mas também não é nada impossível" e
promete "lutar até ao fim" pela medalha que lhe falta no extenso
palmarés.
Fonte: http://www.record.xl.pt
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