sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Quim tem um trajeto de sucesso a treinar a formação do V. Setúbal: “Quem joga bem ganha mais vezes”



Joaquim Manuel Aguiar Serafim, no meio desportivo conhecido por Quim, nasceu em Beja no dia 5 de abril de 1967. Iniciou a sua carreira de futebolista no Desportivo, de onde saiu na década de oitenta para o Vitória de Setúbal, então treinado pelo mítico Manuel de Oliveira.

Texto e foto Firmino Paixão

Jogou futebol até ao final da temporada 2000/2001, enveredando por uma carreira de técnico dos escalões de formação do clube sadino, só interrompida entre 2007 e 2009 para treinar o Odemirense. O treinador bejense, ponte entre o pai, Vladimiro (velha glória do Desportivo de Beja), e os filhos Ricardo Dâmaso (Alcochete) e Alexandre Serafim (júnior do Setúbal), aguarda por um projeto ambicioso que o emancipe como treinador do futebol sénior. “O futebol faz parte da minha vida desde os 12 anos”, refere Quim, assumindo: “Treinar é uma missão bastante bonita, muito abrangente, e quando é feita com paixão e baseada na experiência que adquirimos ao longo de muitos anos pode ser bastante frutuosa. E eu estou à espera de projetos onde possam transmitir estes princípios”.

O que é feito do Quim?Estou num período de pausa, não é voluntária, mas foi uma situação que aconteceu. Tenho 25 anos de Vitória de Setúbal, 22 deles consecutivos, estive dois anos em Odemira e nos últimos três andei dividido entre o treino dos juniores e dos seniores. Foi uma experiência muito boa, que coincidiu também com a entrada da direção de Fernando Oliveira. Conhecemo-nos há muitos anos, ele era o presidente no meu início como jogador em Setúbal.

O último projeto que teve foi na formação do Setúbal?No final da época passada terminei um trabalho de três anos com os sub/19 e, ao mesmo tempo, assegurando períodos de transição com os seniores. Nos juniores fizemos um trabalho que considero excelente, fomos à fase final do campeonato, onde o clube não estava há nove anos e colocámos três jogadores no plantel principal. Mas o clube também sente a crise, o orçamento foi reduzido, diminuíram os quadros e, como a minha ambição também passa por um projeto ambicioso ao nível de seniores, chegámos a um acordo para a minha saída.

Mantém uma enorme cumplicidade com aquele clube?Sem dúvida, tenho já mais anos de Setúbal do que de Beja, de onde sai com 18 anos. Até agora tenho vivido sempre em Setúbal e estado ligado ao Vitória, um clube centenário onde eu já vivi cerca de um quarto de século. É com bastante orgulho que o refiro, são factos que não se podem apagar, mas agora eu quero projetos mais ambiciosos. Às vezes temos que fazer uma pausa para relançarmos a nossa carreira e darmos asas à nossa ambição.

E a sua formação como treinador?Fiz a minha formação técnica e académica, estou preparado para todos os desafios. Sou finalista da licenciatura em Motricidade Humana, e como técnico tenho o Uefa Pró, que é o nível máximo que em Portugal corresponde ao 4.º nível. Foi feito no ano passado, no Luso, com uma série de amigos e antigos colegas. Tem sido um percurso de contínua valorização que me faz sentir preparado para outros voos, daí o Vitória perceber a minha ambição. As portas estão abertas, mas eu tenho que seguir a minha vida.

No Odemirense liderou um projeto que está a dar frutos…O Odemirense fez uma boa aposta na formação, mercê das infraestruturas que o município disponibilizou para o concelho, e eu entrei nesse projeto com muito orgulho. Estive lá dois anos, porque, entretanto, surgiu um novo convite para regressar a Setúbal. O Odemirense não subiu porque tinha adversários muito fortes, o castrense e o Moura, ambos promovidos, mas na terceira época o Piteira aproveitou muito bem os recursos que lá estavam e conseguiu a subida. Julgo que foi um período muito positivo e fico feliz por ter deixado lá a minha marca.

Estaria disponível para voltar a treinar um clube da região?Sem dúvida! É necessário cortar um pouco a imagem de que o Quim é apenas um treinador dos escalões de formação. Não nego que foi onde ganhei grande tarimba, é ali que evoluímos e escolhemos o nosso caminho. Não descarto nenhuma possibilidade, estou preparado para trabalhar ao mais alto nível, mas sei que nem todos podem começar pelo topo, pelo que, se surgir um projeto interessante, principalmente ao nível dos seniores, não descartaria essa possibilidade, é apenas uma questão de as coisas surgirem.

Como treinador privilegia a eficácia ou o espetáculo?Pela minha vivência do passado, numa cidade muito exigente ao nível do futebol, aprendi a aliar as duas coisas. Os bons resultados são essenciais na vida dos clubes, mas o bom treinador nunca deve descurar o espetáculo, sobretudo para trazer mais gente ao futebol, mas com uma filosofia, e eu tive muitos treinadores (Malcom Allison marcou-me bastante) que me transmitiram isso – quem joga bem ganha mais vezes. E eu, não sendo lírico, sei que os resultados são essenciais, mas um treinador vive, também, da qualidade da impressão digital que deixa na equipa.

Fonte:  http://da.ambaal.pt

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