sexta-feira, 8 de março de 2013

A 20 de março chega a 31.ª edição da maior prova desportiva da região: Volta ao Alentejo em Bicicleta, o passado, o presente e o futuro



A 31.ª Volta ao Alentejo em Bicicleta/Crédito Agrícola Costa Azul será, oficialmente, apresentada na próxima quarta-feira, dia 13, pelas 16 horas, em Mértola, no Cineteatro Marques Duque. A “Alentejana”, organizada pela Lagos Sports/Pad e pela Comunidade Intermunicipal do Alentejo Central, disputar-se-á entre os dias 20 e 24 de março. O início da competição terá lugar em castelo de Vide, e a última etapa disputa-se entre Santo André e Santiago do Cacém. Sousel, Portel, Vidigueira, Mértola, Ourique e Odemira também serão locais de partida e chegada dos corredores.

Texto e foto Firmino Paixão
Recordista na singularidade de ter um vencedor por cada edição, a “Alentejana” revelou sempre elevado potencial para o desenvolvimento da região e foi espaço privilegiado para o culto da fraternidade deste povo.
Foi em finais de junho de 1983 que a primeira edição da Volta ao Alentejo em Bicicleta se fez ao asfalto. Não sem que antes se tivesse formado um elo de boas vontades entre amantes da modalidade, autarcas e patrocinadores. A corrida foi gizada pelo vereador do município de Évora, Joaquim Mendes, que a lançou sobre a mesa do executivo, à época liderado por Abílio Fernandes. Mas era um sonho comum a outros amantes do ciclismo. Lado a lado com a realização de um evento de caráter desportivo caminhou sempre a ideia de promoção da região. Mendes foi mandatado para reunir pessoas que com ele iniciassem a campanha. “Manuel da Gaita”, antigo ciclista, bem relacionado na velocipedia nacional, tornou­-se o seu “braço direito”, ao mesmo tempo que o entusiasmo se propagava a outras autarquias da região e se reconhecia que estava ali uma janela de oportunidade para o Alentejo se dar a conhecer através do desporto. O dirigente federativo Aníbal Oliveira foi outra figura incontornável no apoio ao embrião e à maturação da prova. Mas a prole em defesa do evento foi crescendo, todos com o mesmo espírito de missão e o desejo de verem a “Alentejana” (assim viria mais tarde a ser apelidada) nas estradas e que rapidamente se transformasse num canal de excelência para fazermos chegar a outras paragens o eco dos nossos anseios, a imagem da nossa identidade cultural e da nossa solidariedade.


Acontecimento desportivo, social e político Com o empenho de muitas autarquias e a disponibilidade de muitos dos eleitos e técnicos, formou-se a equipa e foi possível desenhar um primeiro conjunto de sete etapas, 752 quilómetros, desde Évora, com passagens por Elvas, Moura, Beja, Santiago do Cacém, Grândola, Vendas Novas, Montemor-o-Novo e regresso às muralhas da Cidade Museu.
Já as bicicletas tinham partido de Évora, naquela manhã solarenga do dia de São Pedro de 1983, para superarem o percurso de 28 quilómetros da etapa inaugural da 1.ª Volta, e ainda muita gente não tinha dado conta do potencial que a Volta ao Alentejo encerrava em si mesma. A prova tornou-se rapidamente num acontecimento desportivo de primeira grandeza para a região, e conquistou suficiente visibilidade para o exercício de uma componente social inédita, inexistente em todas as realizações do género que aconteciam em Portugal. O número crescente de órgãos de comunicação social que anualmente se interessava pela prova, obrigou os organizadores a repensar estratégias que pudessem projetar as transformações por que a região passava em matéria de crescimento urbano, económico e social, levando o pelotão às melhores montras para essa perceção. O exemplo de sucessivas passagens da caravana pelo pontão onde hoje se ergue a barragem de Alqueva ilustra na perfeição a componente política que muito legitimamente se colava à pedaleira da Volta.


O fascínio da Volta ao Alentejo Os jornalistas nacionais pediam para serem destacados para a prova, tal o fascínio que a Volta ao Alentejo exercia. Por aqui passaram grandes nomes do jornalismo português, homens generosos que através da escrita, de distintos olhares e melhores opiniões, abraçaram o Alentejo com a sua solidariedade para com as nossas gentes. Mas os grandes protagonistas foram, serão sempre, os ciclistas e o Alentejo pode orgulhar-se de ter sido percorrido por homens como Paulo Ferreira (vencedor da 1.ª edição) Marco Chagas, Joaquim Gomes, Manuel Zeferino, Joaquim Andrade, entre outras figuras gradas no pelotão nacional. Mas que dizer de outros ciclistas que também valorizaram a “Alentejana” como Blanco Villar, Melchor Mauri, Rubiera, Moller ou Zintchenko, e, naturalmente, Miguel Indurain (ganhou em 1996 com a camisola da Banesto), o penta vencedor do “Tour de France”.


Que futuro para a Alentejana? A Volta ameaçou definhar, sobretudo depois de ter ficado órfã do apoio de algumas autarquias e de alguns eleitos se terem retirado da caravana. É justo lembrar aqui o papel exercido por Alfredo Barroso, autarca do Redondo, na regeneração da prova e no garante da sua continuidade. Foi necessário fazer algumas cedências, quer ao nível do calendário, quer da sua cotação como prova internacional, transformações que a crescente debilidade económica do País aconselhavam. O quadro competitivo nacional está em clara recessão, menos equipas, menos provas, salve-se, contudo, a Volta ao Alentejo. Nas edições mais recentes, primeiro a PAD, depois a Lagos Sports, tomaram a rédeas da organização, no presente, aliados a uma entidade bancária de cariz regional que, em boa hora, decidiu refrescar o sonho do Mendes e do “Manuel da Gaita”, mantendo a prova na estrada. Bem hajam todos eles, os do passado, os do presente e os vindouros. A próxima edição realiza-se já entre 20 e 24 deste mês com início em castelo de Vide e final em Santiago do Cacém.


31.ª Volta ao Alentejo em Bicicleta
Etapas 

1.ª etapa  20/3 - castelo de Vide/Marvão

2.ª etapa  21/3 - Sousel/Portel

3.ª etapa  22/3 - Vidigueira/Mértola

4.ª etapa  23/3 - Ourique/Odemira

5.ª etapa  24/3 - Santo André/Santiago Cacém

Fonte:  http://da.ambaal.pt

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