quarta-feira, 1 de maio de 2013

Jogo: Farense - U. Leiria


Os mais antigos adeptos do S.C. Farense têm muitas experiências amargas do resultado de jogos decisivos, desde as antigas "liguilhas" de subida da 2ª à 1ª divisão, passando pelos jogos na década de sessenta de subida da 3ª à 2ª e pela disputa dos títulos de campeão das 3ª e 2ª divisões, sem contar com a final da Taça de Portugal.
Portanto, quando aparece um jogo destes, definitivamente decisivo para a obtenção de um objectivo, estas memórias são um entravo a encarar estas partidas com optimismo...
Eu tentei fazer ver que agora estávamos numa sequência de 6 finais sucessivas e que depois de 5 vitórias, era apenas mais uma...
A moldura humana deste jogo, era um espanto, todos os lugares completamente preenchidos, incluindo escadas e corredores, cerca de 14 mil adeptos a puxar pelo Farense, tinha que ter algum efeito... E na verdade, a equipa teve um comportamento como ainda não se tinha visto esta época, do começo ao fim , sempre a querer ter a bola e na procura incessante do golo.
As coisas não podiam ter começado melhor, pois logo aos 2 minutos, e na sequência de um canto, o central Bruno Bernardo cabeceou para o fundo da baliza adversária, dando origem à 1ª explosão de alegria dos adeptos (que nesta altura ainda não enchiam as bancadas). Mas a equipa não se acomodou, continuou no mesmo ritmo, não deixando que o U. Leiria tivesse qualquer hipótese de se acercar da baliza de Serrão, procurando com afinco o golo que lhe desse outra tranquilidade e só não o conseguiu porque o fiscal de linha conseguiu descortinar um fora de jogo num excelente cabeceamento de Diop, e depois numa recarga de Matias, anulando 2 golos, o primeiro dos quais muito duvidoso, para não dizer mais... Na 1ª parte ainda Fajardo fez a bola embater na barra na marcação de um livre direto.
Na 2ª parte, o U. Leiria apareceu mais adiantado no terreno, a pressionar os defesas do Farense, na tentativa de estancar o sufoco que tinha sido toda a 1ª parte, e na verdade até conseguiram fazer parar a respiração de Serrão e de muitos adeptos, quando um remate cruzado do lado esquerdo, passou a rasar a barra da baliza Farense. Este lance fez ver à equipa que era urgente conseguir o 2º golo, pois o improvável poderia acontecer e o Farense intensificou a pressão sobre a baliza adversária, mas um cabeceamento de Matias ao poste e mais um golo anulado por pretenso fora de jogo, inviabilizaram o golo da tranquilidade.
Aos 74 minutos aconteceu o que os mais pessimistas temiam e num lançamento para a área apareceu rápido Emiliano Té a cabecear para o fundo da baliza. O estádio ficou gelado de espanto e durante alguns segundos o silêncio foi "ensurdecedor", mas passado o choque, empurrados pela claque South Side e prontamente acompanhada pela enorme massa humana a equipa reagiu ao infortúnio e passados 6 minutos, viu Matias cair na área quando se aprestava para rematar um cruzamento da direita. Imediatamente o árbitro apontou a marca de grande penalidade, ficando toda a gente suspensa do que faria o jovem Ibukun, mas a confiança era grande, pois este jogador tinha sempre tido êxito neste tipo de acções e mais uma vez não falhou, enviando a bola para o lado esquerdo do guarda redes, quando este se atirou, com toda a convicção para o lado contrário. A explosão de alegria foi enorme... Ainda faltavam quase 10 minutos, mas já ninguém acreditava que a vitória pudesse fugir... nem mesmo quando o árbitro deu mais 6 minutos (o habitual nos jogos do Farense em casa), mas desta vez com alguma justificação, pela demora dos festejos do golo do Farense e das lesões de Serrão e Anselmo (este teve mesmo que ser substituído).
Ao fim de um jogo que nunca mais acabava, mas sempre controlado pelo Farense junto da linha de fundo adversária, lá veio o apito final e a consagração de uma equipa que conseguira um objectivo que a certa altura parecia querer fugir e a invasão de campo com os adeptos a envolverem num abraço de gratidão pela felicidade que lhes tinham proporcionado...

Crónica de Eduardo Roque

Sem comentários:

Enviar um comentário