O Beja Basket Clube está, nesta época, a disputar o Campeonato Nacional da 1.ª Divisão. Com um plantel oriundo da sua base de formação e com as habituais dificuldades: a falta de apoios e poucos espaços para trabalhar.
Texto e foto Firmino Paixão
Não! O Beja Basket Clube não foi promovido. O quadro competitivo nacional foi reestruturado em face das dificuldades conjunturais e a solução passou pela junção das equipas que competiam na antiga 1.ª e 2.ª divisões, criando o I Campeonato Nacional da 1.ª Divisão Masculinos, em cuja zona sul B estão a competir os bejenses, a par de outras equipas alentejanas como os Javalis de Grândola, Salesianos de Évora e o Atlético de Reguengos. Luís Caramba, presidente do BBC e um dos atletas e técnicos mais carismáticos do basquetebol bejense, retrata aqui o atual momento do clube.
A novidade desta época foi a reestruturação competitiva?
A decisão estava anunciada há algum tempo. Um pouco devido à crise financeira, às muitas despesas que os clubes tinham, e foi decidido reagrupar as divisões para se diminuírem os encargos.
É expectável que resulte uma melhoria na qualidade do basquetebol?
O nível competitivo e a qualidade mantiveram-se iguais, porque se dividiram equipas. Se tivéssemos uma grande zona, julgo que a qualidade competitiva melhorava. Agora, as subdivisões mantiveram-se, em termos competitivos as equipas são ligeiramente melhores, mas não tanto como se esperava. A intenção desta junção foi mesmo encurtar custos financeiros.
Na zona sul subsistem as equipas de épocas anteriores?
No ano passado tínhamos seis equipas em competição, nesta época entrou o Olhanense que estava na 1.ª Divisão e os Javalis de Grândola entraram de novo. De resto são equipas que já competiam connosco.
O Beja Basket Clube continua com a mesma dinâmica?
Mantemos a mesma dinâmica em termos de seniores, mantendo este processo de renovação da equipa como temos vindo a fazer nos últimos três anos, um processo que estamos a completar, eu sou o jogador mais velho, os restantes têm todos menos de 23 anos. Mas em termos financeiros as coisas não estão fáceis, nem para nós, nem para os outros clubes, por isso a aposta fundamental é na formação. Estamos a construir equipas para o futuro e se houver oportunidade e se os jogadores tiverem gosto em continuarem connosco.
Com metas desportivamente moderadas?
Os nossos objetivos são sempre os mesmos. No momento que vivemos não podemos alimentar grandes expectativas, estamos numa zona interior, com os problemas que existem e os custos que temos que suportar, não podemos ter expectativas muito elevadas. O adversário mais próximo que temos está a 80 quilómetros, portanto, temos de fazer 160, torna-se muito difícil suportar custos tão elevados.
O plantel é todo ele oriundo da formação?
Todos os jogadores que temos são da nossa formação, todos eles foram meus atletas nos escalões mais baixos, são jogadores que conheço bem, é muito mais fácil trabalhar assim, às vezes nem preciso de dizer nada porque eles adivinham o meu pensamento. Temos uma excelente interação.
Os elos construídos ao longo da formação são fundamentais para o sucesso do grupo?
A grande mais-valia deste grupo é a nossa união, a nossa ligação sentimental, os laços de amizade entre todos. É um sentimento diferente das outras equipas, nota-‑se que a união da nossa equipa é muito diferente das outras, e só por isso nos superamos quando defrontamos grandes equipas, porque eles não possuem esta extraordinária motivação que nós temos enquanto grupo.
O trabalho na formação continua a ser intenso?
Temos poucos miúdos no mini basket, estamos a tentar recrutar mais, mas não tem sido fácil, porque já começámos a temporada muito tarde, e agora tornou-se difícil porque muitos já estavam noutras modalidades. Estamos com sub/14, sub/16 e sub/18, mas no mini basket continuamos a sentir essas dificuldades.
E os apoios para a vossa atividade?
O que nos move é o apoio dos pais e dos próprios atletas, que fazem um esforço enorme para que possamos manter esta atividade porque os apoios são de facto muito diminutos.
O espaço no pavilhão municipal é um problema recorrente?
E este ano as coisas complicaram-se ainda mais. Jogamos aqui hoje com os sub/18 que, pela primeira vez, pisaram este recinto, porque nunca treinam aqui, depois é óbvio que as coisas não funcionem, treinam no pavilhão com metade da dimensão deste e quando aqui chegam notam-se as dificuldades. Os seniores treinam aqui duas horas e meia durante a semana. O município de Beja tem feito um esforço muito grande para nos arranjar horários, mas torna-se muito difícil, porque são quatro modalidades a treinar e jogar neste espaço, a patinagem artística, o hóquei em patins, nós e o futsal, é uma gestão muito difícil, tem que existir uma compreensão muito grande de todas as partes, senão alguém fica de fora, e nós já temos ficado.
Fonte: http://da.ambaal.pt
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