sexta-feira, 31 de janeiro de 2014
Sonhando com um sintético...
Fundado em 16 de março de 1979, o Negrilhos Futebol Clube mantém o seu percurso de puro amadorismo procurando, com a dignidade de sempre, reforçar a intervenção social e desportiva em Montes Velhos.
Texto e foto Firmino Paixão
Os resultados não condizem com o real valor da equipa, por isso a classificação é modesta, mas é enorme a vontade de quem lidera este emblema da freguesia de São João de Negrilhos, no concelho de Aljustrel. As dificuldades são maiores que as ajudas, e os tempos não correm de feição, mas tudo se supera com o voluntariado em redor da equipa. A maioria dos atletas são mineiros e, por vezes, saem das entranhas da terra para vestir a camisola do clube, sem outro objetivo que não seja honrar o emblema e manter a atividade desportiva numa terra onde o futebol congrega as vontades e une as pessoas. Os resultados desportivos têm sido modestos, reconheceu o dirigente Manuel Galhofa, antigo árbitro de futebol, mas a história do desporto também se escreve com aqueles que nem sempre ganham dentro do campo mas, à volta dele, dão exemplos de superior nobreza.
O campeonato tem correspondido às vossas expectativas?Não, temos andado muito aquém daquilo que se esperava, devido aos compromissos profissionais dos nossos jogadores. Numa semana temos 11, outras vezes nem a isso chega. Só no jogo com o Amarelejense é que nos aproximámos daquilo que é verdadeiramente a nossa equipa. Mas, entretanto, já recuperámos alguns atletas que tinham desistido e estamos com esperanças que isto melhore.
O Amarelejense chegou aqui na condição de líder e saiu derrotado, naquele que foi até ao momento o vosso único triunfo?
Mas os nossos resultados têm sido enganadores em face do valor da nossa equipa. Esperamos que as coisas melhorem, porque com a qualidade dos jogadores que temos o campeonato que estamos a fazer é uma mentira. Se pudéssemos sempre dispor do plantel completo não estaríamos na situação em que nos encontramos.
Que metas traçaram para a época desportiva?O nosso objetivo passa normalmente por mantermos uma atividade desportiva na freguesia e oferecermos aos nossos sócios a possibilidade de assistirem aos nossos jogos ao fim de semana. A nossa vontade também não era andarmos no último lugar, naturalmente que queremos andar um pouco mais acima, mas proporciona-se assim, vamos tentar melhorar na segunda volta do campeonato.
É uma luta desigual relativamente a outros adversários?Sim. Se olharmos para os outros clubes que estão a competir connosco, como o Desportivo de Beja, o Despertar, o Amarelejense, não são clubes do nosso campeonato. São equipas estruturadas para a primeira divisão, com outras condições, quer ao nível de recursos, quer de infraestruturas.
Que apoios têm para manter o clube em atividade?Principalmente o apoio do município de Aljustrel e algumas ajudas da junta de freguesia, mas os recursos deles também não são muitos. Depois temos a ajuda de alguns associados que têm contribuído com equipamentos. Na área financeira as coisas estão muito mais complicadas.
As dificuldades são, certamente, muitas…As despesas são cada vez maiores. E as maiores dificuldades são, sobretudo, ao nível do plantel, temos 29 jogadores, mas há jogos em que não conseguimos reunir 11, por causa do trabalho em turnos nas minas. Os atletas não são remunerados e não podem abdicar desses compromissos de onde obtêm o seu rendimento. Nós não pagamos nada aos atletas, apenas temos um jantarinho no final de cada jogo.
A motivação assim é difícil…Nem por isso, os atletas que estão connosco são como uma família, prezam muito o convívio, conhecem as limitações do clube e, por isso, já sabem com o que podem contar. Nunca nenhum deles nos pediu dinheiro, até porque sabem que não temos possibilidade de lhes pagar, querem é participar nos jogos e depois conviverem num ambiente saudável.
A direção está determinada em prosseguir esta missão de manter o desporto na freguesia?Este ano até reforçámos a direção com mais alguns elementos, estamos unidos e dispostos a manter este projeto. O nosso maior desejo seria conseguirmos um piso sintético para o nosso campo, porque mudaria muita coisa. O campo é municipal, mas temos a nossa sede onde convivemos e guardamos os nossos troféus. Pouco a pouco temos melhorado as instalações, já temos duas viaturas, vamos devagar porque as verbas são poucas.
O sintético é apenas um sonho?O presidente da Câmara de Aljustrel tem-nos dito que aguarda a oportunidade de apresentar alguns projetos que possam avançar, como se sabe, eles também estão muito limitados em termos de recursos financeiros. Mas temos esperança que isso aconteça, quem sabe se mais cedo do que nós estamos a pensar.
Fonte: http://da.ambaal.pt
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