sábado, 2 de agosto de 2014
Um ano de excelência...
Não é vulgar, em modalidades individuais, um mesmo atleta vencer um campeonato nacional e uma taça de Portugal. Acontece aos predestinados e o atirador bejense João Pedro Dores deve ser um deles.
Texto e foto Firmino Paixão
Nasceu em Beja há 36 anos, aqui reside e exerce a sua profissão de perito averiguador no ramo automóvel, mas o tiro às hélices é uma paixão antiga que nasceu por influência dos amigos José Bento Monteiro e Luís Monteiro. “Viram que eu tinha jeito e começaram a levar-me às provas, nunca desisti e cheguei ao patamar onde estou hoje”, contou João Dores, atirador que representa o Clube de Tiro e Caça de Elvas. A conversa com o jornalista marcada, por nossa iniciativa, para o cenário do Campo de Tiro de Beja, decorreu no exterior das instalações, encerradas em final de tarde.
Foram os seus primeiros títulos nacionais?Sim, já tinha sido uma vez master e tinha desempatado duas vezes na Taça de Portugal e duas vezes no campeonato, perdi, se calhar aprendi com as derrotas para este ano ganhar a Taça de Portugal e o Campeonato Nacional. Foi um ano excelente para mim e para a minha equipa, foi extraordinário, estou muito orgulhoso.
Por onde tem andado este excelente atirador?Tem andado por aí, disputando algumas provas. No ano passado estive na seleção nacional, conseguimos uma medalha de prata por equipas, este ano vou novamente com o Luís Monteiro, em setembro, representar o nosso país no Mundial de Bologna.
O Luís Monteiro já tem um sucessor, é isso?De modo nenhum, Luís Monteiro só temos um e, para mim, é o melhor atirador do Baixo Alentejo. É um amigo com quem tenho aprendido muito, vamos ver se um dia lhe conseguirei ganhar. Tem qualidades natas para o tiro e um enorme currículo de provas nacionais e internacionais ganhas e títulos conquistados. Não sei se algum dia lá chegarei.
O João Dores treina pouco, ou quase nada?Olhe, como estamos a constatar, aqui em Beja não treino rigorosamente nada. Irei para o mundial sem qualquer preparação, porque aqui na minha terra não tenho onde fazê-lo, o mais perto é Elvas, no meu clube, mas a distância inviabiliza a minha deslocação frequente para treinar.
No campeonato ganhou a prova de Elvas e nas restantes foi o mais regular, na taça venceu no desempate …Venci a prova em Elvas no mesmo fim de semana em que ganhei a Taça de Portugal. Foi uma grande jornada. Fui o mais regular até ao fim, foi muito difícil, temos excelentes atiradores em Portugal. A taça foi uma prova muito competitiva, provavelmente fui psicologicamente mais forte, estava concentrado e suportei a pressão do momento.
O seu pensamento já está no próximo mundial?A seleção já está de novo no meu horizonte, espero fazer um bom mundial, estou mentalizado e motivado para brilhar individualmente e oferecer uma boa prestação à seleção nacional. Estou preparado para a alta competição, estou bem física e psicologicamente, estou cheio de vontade e muito entusiasmado.
A cidade de Beja tem grandes atiradores de tiro às hélices e esta disciplina não se pratica?Já fui atirador do Clube de Caçadores do Baixo Alentejo, já se praticou aqui tiro às hélices, atualmente não existe, com muita pena minha. Vamos ver se no futuro as coisas mudarão. Há coisas que a gente, às vezes, não entende, se calhar é melhor não as entendermos. Vamos ver se com a nova direção que virá para o clube as coisas mudarão.
Representar o Clube de Elvas foi uma opção natural?Foi uma opção de conveniência, e tenho diretores que nos apoiam muito, nomeadamente o senhor Carlos Vasconcelos que nos acompanha desde o primeiro dia do campeonato até ao final, sempre com grande profissionalismo, tem sido um dirigente fantástico. E o apoio do Luís Monteiro que me levou para aquele clube, ele também atira por Elvas.
Depois destes dois títulos nada será igual na sua carreira de atirador…Mudou alguma coisa mas não vou embandeirar em arco. Hoje ganha-se, amanhã perde-se, para conseguirmos muitas vitórias temos que saber perder. Já me aconteceu desempatar finais, perder a taça e títulos para depois aprender a ganhar. O que muda um pouco é a mentalidade, estou na melhor fase da minha carreira de atirador, julgo que amadureci um pouco, nesta época preparei-me mentalmente melhor. Não seria uma questão de falta de jeito para partir as hélices, seria a mentalização e a concentração perante a pressão. Quando conseguimos esse controlo as vitórias ficam mais fáceis.
Beja é terra de grandes atiradores, João Rebelo, José Monteiro, Luís Monteiro, enfim, muitos outros… e agora João Dores?Não sei se já me posso comparar com esses nomes, eles foram uns senhores na modalidade, o Luís Monteiro, meu companheiro de tiro, é um senhor que já ganhou quase tudo, é um atirador fantástico e eu tenho aprendido muito com ele, tem-me ajudado muito.
Fonte: http://da.ambaal.pt
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário