sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Um duro golpe no “Distritalão”

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O Centro de Cultura e Desporto do Bairro da Conceição desistiu de participar no Campeonato Distrital da 1.ª Divisão, suspendendo a atividade ao nível dos seniores. Uma decisão inédita no seu historial.

Texto e foto Firmino Paixão

O clube tinha sido despromovido na última época à 2.ª Divisão Distrital, mas a não inscrição do Rosairense na prova principal levou a Associação de Futebol de Beja a repescar o Bairro da Conceição. O treinador seria José Estrela e o plantel iniciou normalmente os trabalhos de pré-temporada, até que, a duas semanas do início da prova, anunciou a sua desistência. João Mimoso, presidente do clube, revelou que o dia 12 de setembro deste ano foi o dia mais triste para o Bairro da Conceição, que em 28 anos de existência nunca tinha desistido de uma prova. O dirigente revelou as causas da decisão e anunciou o regresso para a próxima época.


O que esteve na origem desta desistência?

Esta decisão foi tomada porque há duas semanas tínhamos 20 jogadores, íamos para o Torneio de Serpa com 11, já tinham desistido nove. Não valia a pena mantermos esta situação, achámos que seria oportuno tomar já esta decisão, porque assim a Associação de Futebol de Beja ainda iria a tempo de convidar outro clube, será o Aldenovense e nós ficamos pelo caminho. Reunimo-nos, chegámos a esta decisão e comunicámos aos oito jogadores que estavam aqui no campo e, passado um quarto de hora, às 21 e 15 horas do dia 12, estava uma mensagem na associação a confirmar a nossa desistência.

Que justificações deram os jogadores para abandonarem o clube numa altura destas da época?
Não terá sido por falta de condições. Somos o único clube da cidade que possui instalações próprias. Os atletas treinam às horas que querem e lhes apetece. Não sei a razão, nem consigo compreender por que motivos tomaram essa decisão.

O treinador seria José Estrela, que trouxe consigo alguns jogadores…
José Estrela trouxe seis jogadores, mas os que abandonaram estavam cá a jogar há dois ou três anos e nem respeito tiveram pelos atletas que vieram de novo. Jogadores que vieram de Vidigueira, Portel e até um rapaz do Redondo que não falhou um treino, e os jogadores da casa não apareciam. Não apresentaram qualquer motivo, alegaram que tinham filhos para criar, outros tinham muito trabalho, arranjaram mil e uma desculpas quando uma semana atrás tinham acordado tudo com o clube. Mas a vida continua, o Bairro da Conceição não morrerá por isso e para o ano cá estaremos de novo.

A vossa decisão causa algum embaraço organizativo, porque os calendários estão feitos e a época começa na próxima semana?
É por isso que eu, em nome do Bairro da Conceição, apresento um pedido de desculpas a todos os clubes da 1.ª Divisão que iriam competir connosco e, particularmente, à Associação de Futebol de Beja porque vai ter um embaraço grande para ultrapassar tudo isto. Mas haverá tempo para que tudo se solucione, e acredito que compreenderão a nossa decisão, não havia outra forma de solucionar isto. Não tínhamos jogadores, íamos entrar num campeonato com 12 ou 13 jogadores e à 3.ª jornada não teríamos equipa e, nessa altura, seria mais grave para o clube e para a própria associação.

O recurso a juniores de clubes que estavam inscritos num campeonato que não se realizará não seria uma solução?
Nós, optando por essa solução, iríamos atrasar a nossa decisão. Teríamos que contactar alguns miúdos juniores e talvez o Despertar tivesse jogadores que nos dispensasse, mas se não fossemos bem-sucedidos a desistência aconteceria na mesma e ainda mais em cima do início do campeonato. Assim, deixámos um espaço de 15 dias para a associação resolver o problema.

Que retribuição tem o Bairro da Conceição para com os seus atletas que jogam a este nível?
Não temos compensações financeiras de qualquer espécie, o que oferecemos aos jogadores é uma churrascada no final de cada jogo, mais nada. Não temos mais disponibilidade financeira, a corda está esticada, a câmara cada vez dá menos, as empresas não dão publicidade e nós vamos vivendo com a receita dos sócios e de alguns alugueres que fazemos das nossas instalações. Mas o clube não tem problemas graves, temos uma gestão equilibrada no dia a dia.

Esta suspensão acarretará sanções disciplinares e pecuniárias, eventualmente impedimento competitivo em futuro imediato…?
Não sabemos. Ainda não consultámos os regulamentos da Associação de Futebol de Beja sobre essa matéria, mas se existirem alguns problemas cá estaremos para os assumir.

O futuro competitivo do Bairro da Conceição não está minimamente em causa?
O futuro do clube passará pela formação, desde que continuemos a ter miúdos para competir. Manteremos o nosso trabalho nos escalões de traquinas, benjamins, infantis, iniciados e juvenis e na próxima época, seja em que campeonato for, voltaremos a ter aqui uma equipa de seniores.
Fonte: http://da.ambaal.pt/

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