Há reproduções doutras eras que colocam o atual mundo desportivo a espreitar veleidades de outrora que levam o homem contemporâneo a duvidar de ilustres e majestosas audácias. Desses tempos, já longínquos, restam certezas que os anais da história do futebol bejense jamais ousará apagar. Sabendo-se que a velha pedaleira se transformou ao longo de décadas, quer mecanicamente quer na sua complexidade de novos materiais utilizados para a sua construção, sendo que a bicicleta de agora, porque é dela de que falamos, ultrapassou etapas memoráveis, eis-nos a reviver uma história que contempla a grandiosidade de antigos atletas, cuja entrega ao futebol foi literalmente mensurável.
Justino Baião, um homem que nasceu em Beja no dia 15 de dezembro de 1915, estreou-se ao serviço do Despertar, transitando depois para o União. Era um jogador polivalente e com ânimo voluntarioso. Esse espírito lutador no interior do retângulo de jogo levou-o a assumir-se como “back” de eleição. O saudoso Justino foi, também, um fervoroso crítico da fusão do Luso, União e Pax Julia, que deu origem ao Desportivo de Beja em 8 de setembro de 1947. Essa revolta interior causou ao antigo jogador dissabores inimagináveis. Prevaleceu, contudo, a sua eficaz idoneidade, bem como um coração colossal que o elevou ao púlpito como adepto indomável do seu União. Desse arbítrio feito de histórias encantadoras do antigamente, Justino Baião deixou para a posterioridade uma ida a Moura para jogar pelo Atlético local, onde o transporte utilizado, ida e volta, foi uma velha bicicleta. Era jogador do União de Beja mas da terra de Salúquia surgiu o convite de que Justino não abdicou. O comboio da manhã que ligava Beja-Moura já tinha partido. Havia o compromisso da sua presença e, então, Justino, com a roupa domingueira já envergada, lá se fez à estrada rumo a Moura, percorrendo os 60 quilómetros a pedalar e jogou os 90 minutos por inteiro. Seguiu-se o regresso com a inestimável pedaleira. Histórias deslumbrantes de um passado que em nada se enquadra no tempo que decorre. Velhos tempos, outras devoções!...
Fonte: http://da.ambaal.pt
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