José Saúde
Foi com um misto de saudade e de tristeza
que revisitei o estádio municipal dr. Flávio dos Santos, em Beja. “Uma
lágrima ao canto do olho” suplicou--me serenidade. Revejo uma foto do
dia em que o estádio foi inaugurado e lá estão três glórias do passado
que tiveram o condão em abrilhantar o fenómeno futebolístico doutros
tempos: Manuel Trincalhetas, porta- -estandarte da bandeira do Luso,
tendo ao seu lado Adriano Apolinário e José Guerreiro. O simbolismo
desta imagem transportar--nos-ia para um futuro risonho. Viajo pela
estrada da melancolia e centralizo as minhas memórias num espaço onde se
subscreveram inigualáveis páginas de fama que jamais se apagarão. No
limbo da glória revejo tardes e manhãs de multidões de gentes que
preenchiam a avenida Vasco da Gama para aplaudirem o Desportivo e o
Despertar. Lembro as filas contínuas de espetadores para adquirirem os
seus bilhetes de ingresso a um desafio que pedia entusiasmo. Recordo a
azáfama da miudagem na procura de um pressuposto pai que visava, apenas,
a entrada para o interior do campo onde assistiam ao rubro à jogatana
quiçá sonhada. Conheço a evidente realidade do estádio dr. Flávio dos
Santos. Sei das suas enormes potencialidades que fizeram furor no mundo
desportivo de outrora. Há 50 anos pisei pela primeira vez aquele
maravilhoso retângulo de jogo. Depois, vivi naquele estádio momentos
inolvidáveis. Tardes inesquecíveis e de excelentes jogos de futebol. De
massas humanas que se propunham a apoiar o clube do seu coração. Hoje,
uma simbiose de emoções amputam-me a alma. Refuto as promessas vãs em
campanhas eleitorais e de projetos pomposamente anunciados mas
colocados, à posteriori, na prateleira do esquecimento. Reconheço que já
nada é como dantes. Não há euros. Faltam as comparticipações. Não basta
uma limpeza superficial, mas de obras profundas. Deixo, uma vez mais, a
quem de direito a minha modesta opinião e que visa retirar ilações de
um espaço que se agoniza à medida que o tempo avança. Revitalizem o
velhinho estádio dr. Flávio dos Santos. Fica o repto.
Fonte: http://da.ambaal.pt
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