A história de José Correia, ou "Zé Turbo", parece saída
dos filmes que fazem o impossível parecer uma realidade verosímil. Saiba
como é que o miúdo que há dois anos jogava nas ruas de Bissau treina ao
lado de Podolski em Appiano Gentile.
Futebol Sub-19
Os últimos dois anos de José Correia, vividos a uma velocidade alucinante, contrariam toda a lógica dos jovens que chegam às seleções nacionais. E ainda bem, já que tiveram todas as condições para desenvolverem o seu potencial desportivo num país com infra-estruturas de boa qualidade. Não se passou o mesmo com José Correia, ou "Zé Turbo", alcunha ganha ainda numa infância onde calcorreou as ruas de Bissau atrás da bola, sempre atrás da bola. Mas, surpreendentemente, José Correia é o primeiro a defender que a o epíteto não faz jus às qualidades que demonstra em campo: "Quando as pessoas ouvem o nome 'turbo' pensam logo que sou muito rápido, mas eu acho que sou muito mais explosivo e forte fisicamente do que veloz", apressa-se a registar, com um discurso coerente e seguro, que não deixa antecipar um percurso meteórico no mundo do futebol.
A história de José Correia é demasiado boa para não ser contada em discurso direto, na primeira pessoa: "Há dois anos, eu apenas jogava futebol de rua com os meus amigos da Guiné. Aconteceu tudo muito rápido, e por acaso. O meu pai já estava em Portugal, mora em Massamá, e eu vinha apenas passar férias com ele. Tinha um visto de apenas três meses. Entretanto, acabei por ir treinar ao Real Massamá e as coisas correrem bem, pediram-me para ficar e continuar a estudar em Portugal [em 2013/2014]. Fiquei só a treinar durante dois meses porque ainda não tinha documentação, mas tudo se compôs e na época seguinte [2014/2015] fui para o Sporting, onde fiz quatro meses. O passo seguinte foi o Inter [de Milão], onde permaneço até agora."
Costuma dizer-se que "contado ninguém acredita", mas quando o próprio parece não acreditar no que lhe está acontecer, as palavras ganham outro significado: "Estou a viver um sonho porque treino sempre com a equipa principal, onde tenho muitos amigos. O Luka Podolski, por exemplo, dá-me muito apoio, ajuda-me nos treinos e aconselha-me. Está a correr tudo bem e adaptei-me mesmo muito rápido."
Falta apenas uma parte da história, a mais recente e importante. José Correia foi chamado pela primeira vez a um estágio da Seleção portuguesa (a de sub-19, neste caso) e não esconde que quer continuar a escrever a sua própria história: "O meu principal objetivo neste momento passa por ganhar a confiança da equipa técnica dos sub-19. A minha intenção é continuar a fazer parte deste grupo e da convocatória para a Ronda de Elite de acesso ao Campeonato da Europa de 2015. Já conhecia alguns jogadores porque foram meus colegas no Sporting. Estou muito feliz por esta chamada."
José Correia, que já conta com cinco golos ao serviço da equipa "nerazzurri", diz que a experiência de enfrentar os defesas italianos o está a deixar mais preparado para a alta competição e quer trazer essa experiência para os sub-19: "Quero muito ajudar esta equipa e acho que o posso fazer, que posso trazer coisas interessantes. Sou polivalente, posso jogar em qualquer posição do ataque e estou disposto a dar o meu contributo onde for realmente necessário. Para além disso, aqui estou rodeado de jogadores muito bons, os melhores em Portugal, e eles também me vão ajudar a integrar nos mecanismos da equipa."
Os comandados de Edgar Borges voltam ao trabalho esta terça-feira, pelas 10h00 e 16h00, onde não vão estar André Ferreira e Pedro Rodrigues (ambos do SL Benfica), dispensados no início deste estágio, por lesão.
Fonte: FpF.PT
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