sexta-feira, 29 de maio de 2015

Uma paixão pelo futebol


O juiz André Baltazar, o melhor classificado do quadro da primeira categoria distrital (C3 A), realizará, entre 20 e 27 de junho, os testes de acesso ao quadro nacional de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol.

Texto e foto Firmino Paixão


O “árbitro do ano” no Conselho Regional de Arbitragem da Associação de Futebol de Beja será o candidato efetivo e estará na Academia de Arbitragem em Rio Maior, acompanhado pelos suplentes Ruben Rochinha e Filipe Gomes, para prestação de provas de acesso ao quadro nacional, uma época depois de ter descido daquele patamar. André Baltazar, técnico administrativo na Santa Casa da Misericórdia de Ourique, chegou a ser “o maior crítico dos árbitros. Ia ver os jogos e chamava-lhes tudo”, reconhece, e hoje, ironia do destino, ostenta os galões do melhor árbitro do distrito de Beja.


Foi uma época bem-sucedida, trabalhou bem e teve o retorno dessa dedicação?Sim, posso dizer que foi uma época bem conseguida, com muito esforço, muito trabalho e muito empenho, mas no fim valeu a pena todo esse trabalho. Foi uma época longa, com nove meses a lutar por este objetivo que foi alcançado com todo o sucesso.


Esteve recentemente no quadro nacional e foi despromovido, nesta época, jogo após jogo, sentia que o regresso estaria eminente?No ano passado, quando desci aos distritais, pensei abandonar a arbitragem. Depois tive um problema familiar, um tio meu que faleceu ainda muito jovem, e antes, quando estava na fase terminal, pediu-me que não deixasse a arbitragem. E foi esse apelo a que não consegui resistir, continuei por ele, pela sua memória, e hoje tenho um misto de felicidade por ter conseguido este sucesso, mas muita tristeza por não poder partilhar com ele este momento. Mas, ao longo da época, cada jogo que fazia, e em cada avaliação que me faziam, sentia que cada vez estava mais perto.


Quando sairam as classificações não ficou surpreendido por ser “árbitro do ano”? As observações já indiciavam isso?Para ser sincero, já esperava ser o “árbitro do ano”. O conhecimento das classificações foi apenas a confirmação das minhas suspeitas, porque sei que fiz uma época muito regular, uma época muito boa mesmo e, jogo após jogo, sentia que estava cada vez mais forte e mais confiante e que só faltaria refletir esse meu desempenho para o papel.


Há um conjunto de jovens árbitros que lhe sucederam na classificação e que, provavelmente, também mereciam esta distinção?Claro. Cada um faz o seu trabalho o melhor que sabe, mas isto é como um jogo de futebol, no final não podem ganhar as duas equipas, e durante uma época na arbitragem é igual, não podemos ser todos os primeiros classificados, eles fizeram o trabalho deles, e muito bem, mas se calhar eu fiz o meu um pouco melhor, daí ter ficado em primeiro lugar.


Expectativas para o acesso ao nacional? Emendar erros do passado?A expectativa é positiva. Acho que a minha descida foi uma lição, apesar de achar que a despromoção foi injusta, mas aconteceu, são coisas da vida com as quais temos que saber lidar. Agora vou trabalhar e dar tudo para conseguir fixar-me no quadro nacional.


O que o fez abraçar a arbitragem?Sinceramente, eu era o maior crítico dos árbitros. Ia ver os jogos e chamava-lhes tudo como um adepto comum, mas andei num curso com o António Guerreiro e o Cesar Leitão e eles incentivaram a acompanhá-los na arbitragem. Se não gostasse desistiria e eu acabei por aceitar, fui ficando e cá estou…


Já pediu perdão aos árbitros a quem chamava nomes? Já, já, (risos) e já estou perdoado. Afinal, o que tenho é uma grande paixão pelo futebol.


O que espera que a arbitragem lhe dê?A arbitragem é um mundo muito complicado, tentamos sempre chegar o mais longe possível e as nossas expectativas são sempre as melhores, só que existem muitos fatores, alguns extra arbitragem, que nos condicionam. Não é necessário, apenas, estarmos bem no terreno de jogo, sermos bons árbitros, temos de ser felizes no terreno e ter alguma sorte no resto. Vamos ver…


Considera que o atual conselho regional tem valorizado a arbitragem bejense?Sem dúvida. Tem feito um excelente trabalho. Entraram de novo, não nos conhecíamos, mas agora já nos conhecemos todos bem e o conselho está a trabalhar muito bem, está a trilhar o caminho correto.

Fonte:  http://da.ambaal.pt/

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