Atlético

José Saúde


Persuadido pelos esplendores de uma dimensão desportiva que fervilha num argumento frenético, retiro-me para um abrigo onde revejo recordações que insinuam ordem numa orla que persevera em trazer a público memoráveis histórias dos nossos sortilégios desportivos. Observo imagens num espelho mágico que protege o culto da sensatez. O tempo voa, todavia fica a nostalgia de existências onde fomos simples geradores de insofismáveis lembranças. O desporto é um universo onde a firmeza dos homens se enquadra com a evolução de cumplicidades que fazem do divertimento uma liça que emerge para um púlpito quiçá imaculado. Época de 1974/1975. Em Aldeia Nova de São Bento, sob os auspícios recentes da Revolução de Abril, a juventude, ao cair da tarde, reunia-se no antigo campo da feira e dava uns chutos na bola. Seguia-se, à noite, uma visita ao café do Zé Amaro, onde a conversa da rapaziada desembocava no futebol e, logicamente, num arquitetar de uma equipa sénior para o Atlético participar no campeonato da AFBeja. O Zé Amaro, motivado pelo momento de liberdade vivido, propunha um novo emblema que ele intitulava como o “1.º de Maio”. Porém, nestas coisas das competições oficiais há pormenores que licitamente impõem normas. Na associação existiam depositados os estatutos do Clube Atlético Aldenovense, logo tudo estava facilitado. O Atlético inscreveu-se e a jornada seguinte foi a construção, obrigatória, de balneários junto ao retângulo de jogo. A rapaziada ofertou a força dos seus braços e lá se fez, em madeira, os aposentos exigidos não se omitindo sequer um bidon sobre as folhas de zinco do telhado cuja finalidade era canalizar água para os duches. Hoje, o clube, com a ajuda autárquica, desfruta de um excelente complexo, donde sobressai um relvado natural, bancadas, cabines, um pavilhão multiusos, um campo de treinos, entre outros adornos de eficaz utilidade. Atlético Aldenovense, um clube com biografia e que a 20 de agosto de 1947 o capitão Alcino Pires, sob a sua égide, fundou. Outros tempos, outros estilos.
Fonte:  http://da.ambaal.pt