CARTA ABERTA AOS SÓCIOS
Rescaldo de uma Década
Mais uma época termina, e mais uma vez uma época de dificuldades. Cabe-me fazer um pequeno balanço, um balanço do que foi e é o S.C. Farense. Um presidente, é constantemente colocado à prova e igualmente posto em causa! Algo que o S.C. Farense, os seus sócios e em especial os seus simpatizantes a isso nos ensinaram e habituaram, tal como em outros clubes.
Em Faro, talvez mais, e tantas vezes injustamente, talvez pelo passado
recente do nosso clube, quem o tenha levantado (para não dizer,
retirado) do fundo, merece-se mais crédito, mais apoio e margem de
confiança.
Um presidente, e restante equipa de trabalho, deve de uma forma geral,
ser avaliado e considerado em alguns aspectos fundamentais, tais como: Desportivo, Financeiro,Organizacional e Patrimonial, na sobrevivência, e gestão de um clube.
Não deve exclusivamente, ser avaliado pelo Resultado Desportivo. (apesar de sabermos, que por norma é assim que funciona, mas que no caso do S.C. Farense,
não o deveria ser de uma forma tão atroz! Não só repito... pelo passado
recente que tivemos, bem como, pela manifesta falta de apoios e
problemas do passado que ainda nos afligem). Ate porque, o sucesso do
nosso clube, essencialmente nos últimos 10 anos, não se restringiu
apenas ao sucesso desportivo, mas sim a tudo o que foi feito
paralelamente e que contribuiu para esse mesmo sucesso desportivo
tivesse existido.
Sabemos, que na ideia dos sócios e simpatizantes do clube e ate demais
apreciadores da modalidade, muitas vezes só olhamos para o “jogo jogado” e as alegrias e tristezas que esse jogo nos transmite! Mas o S.C. Farense é
mais do que isso, e como é mais do que isso, tudo desgasta, tudo requer
condições, mas essencialmente tudo requer estrutura financeira e
acarreta dificuldades ao clube e a quem o gere se estas não existirem.
Vamos por partes:
Estruturalmente, um clube em que, as suas actividades amadoras principais, no passado, se encontravam “moribundas”, neste momento possui um departamento de futebol de formação com
cerca de 300 crianças, devidamente organizados e em crescimento
sustentado. O que ontem era insignificante representar o nosso clube,
hoje voltou a ser um orgulho (uma palavra de apreço para o Pedro
Gonçalves, Hugo Costa, Vítor Martins e restante equipa de trabalho);
neste momento detém, um departamento de Basquetebol devidamente
estruturado/organizado, sendo que nesta conjuntura representa uma das
maiores “potências” do sul do País, tornando-se num dos clubes, senão o
clube, com mais atletas inscritos na modalidade. Tendo recuperado,
inclusive o escalão de Seniores, que tão boas recordações trás a todos
os sócios. (palavra de apreço ao Daniel Nascimento e sua equipa de
trabalho); contém neste momento o departamento de futsal,
que foi criado acerca de 3 anos e já subiu à 2º Divisão Nacional,
criando inclusive um escalão de formação próprio, e mais se
perspectivam, tornando o clube igualmente numa primeira fase numa
potencia Algarvia, e com o devido crescimento uma “potência” Nacional no
futuro. (palavra de apreço ao António Correia e Rui Iria).
Tudo isto, trabalho de uma direcção que decidiu em bom tempo criar
vários departamentos autónomos do clube, visando a sua sustentabilidade,
que trabalham diariamente nas modalidades, mas coordenados pela
direcção do S.C. Farense.
Patrimonialmente, encontrei um clube que se preparava para vender o seu principal activo o Estádio São Luís,
por uma verba que nem chegaria para pagar a divida do clube (esta era a
ideia de alguns “prezados” da nossa sociedade Farense) Assim o S.C. Farense,
ficaria não só sem património, bem como, não conseguiria pagar a divida
existente. Resolvi não vender! Recebi inúmeras ameaças, fui avisado das
dificuldades que passaria pela não venda, que o clube acabaria e fariam
questão de decretar o seu fim, etc. … Continuei convicto em não vender!
Hoje depois de vários melhoramentos (Cobertura
dos tops; cadeiras em todos os sectores; pintura interna e externa de
todo o Estádio; Quadro electrónico; reestruturação das zonas Vips;
modificação das zonas técnicas interiores no Estádio; intervenção no
relvado; obras de melhoramento, etc…), hoje temos um Estádio de
“cara lavada”, considerado por muitos, dos mais bonitos da LEDMAN
LIGAPRO. Com isto, não só se manteve o património como se valorizou o
existente.
Mais foi feito, existem projectos para a chamada bancada do “Pingo
Doce”, a qualquer momento pode ser uma fonte de receita para o clube,
bem como, mais valorização do Património. O Edifício Sede foi
melhorado, onde existe actualmente, por exemplo, um piso de habitação
para atletas (8 quartos) que todos os anos sofre melhoramentos pelo
desgaste provocado anualmente pela utilização dos mesmos.
Resumidamente, muito trabalho de manutenção e melhoramentos foram feios
sem que saltasse a vista de todos os sócios, toda a valorização
efectuada ao Património.
Realce, que este ponto por singelo que poça parecer, não se deve ignorar, pois esta é a nossa casa, é o nosso “rosto” é onde os Farenses mostram domingo a domingo, jogo a jogo a sua casa, o seu clube, a sua cidade. Daí que, para mim este seja um ponto de honra “deixar melhor e mais valorizado”, porque as pessoas passam, os resultados desportivos passam, os presidentes passam, mas o clube e a obra FICA.
Financeiramente
O ponto mais importante, não só pela sua especificidade e dificuldade,
mas igualmente porque os sócios hoje em dia, têm de perceber que sem
dinheiro, apoios financeiras e não só, nada se constrói e faz! Este
ponto, Foi… É… e Será sempre o grande problema do S.C. Farense, no Passado, Presente e Futuro recente.
Foi…, porque
actualmente continuam a cair dívidas do passado, problemas de
impedimentos do passado, como é público o clube tinha um passivo de
cerca de 15 milhões de euros, hoje em dia, com o trabalho deste
Presidente o passivo anda na ordem dos 2 milhões e 700 mil euros.
Existiam Dividas negociadas de uma SAD insolvente,
em cerca de 4 milhões de euros, que com o trabalho deste presidente já
foi negociada e reduzida para valores na ordem dos 700 mil euros.
Pergunto eu!? Foi este Presidente e Direcção que criaram essas dividas…
claro que não, mas sem a sua resolução/negociação certamente o S.C. Farense, não
só não competiria actualmente, como não se poderia orgulhar de, a par e
passo, tentar resolver os seus problemas, tornando-se cada vez mais
credível e mais honroso! Mas não é
fácil ver muitos dos que contribuíram para esse passado penoso, estarem a
preparar-se para regressar, orquestrando já calúnias e difamações de
quem arduamente conseguiu interromper, o fim do clube.
Voltando às dificuldades financeiras, Dívidas ao Clube Naval (cerca
de 300 mil euros) que actualmente já penhorou as acções do clube, que
com isso, retirou a todos os sócios os activos do clube e o seu poder.
Dividas a ex. activos, que têm de ser pagas mensalmente, como exemplo,
ao Sr. João Alves (que tinha um contrato de trabalho vitalício), divida ao Sr. Hassan Nader (que apresentou uma declaração de divida do clube como é do conhecimento publico), entre outros.
Foi…, porque tem
constantemente pedidos de pagamento de ex fornecedores (como por exemplo
estágios, hotéis, etc…) que em tempos não foram pagas. É verdade que
actualmente existem dívidas “residuais” nossas, não fugimos delas, mas
que certamente sem as dívidas do passado seriam mais facilmente pagas, e
em tempo útil. Enfim, uma constante de ameaças de penhoras, ameaças de
processos judiciais, ameaça de acabar com a sobrevivência do clube.
Foi… porque ainda temos de suportar dívidas de empréstimos efectuados no passado, como por exemplo, o da Caixa Agrícola; Detemos uma divida actualmente com a Federação Portuguesa de Futebol resultante do Longínquo Plano “Mateus” em cerca de 500 mil euros, que faz com que o S.C. Farense, não receba qualquer verba da FPF, como por exemplo, o resultante da Taça de Portugal (todos
se recordam do recente jogo com o Braga, que poderia dar um bom lucro
ao clube e deu ZERO, apenas despesas), quer com isto dizer, que andamos à
anos a jogar a Taça de Portugal, com a mesma a resultar apenas em
despesas, quer o jogo seja em casa ou fora, tenha transmissão ou não. E
assim vai continuar durante os próximos anos.
É… um grande problema,
porque actualmente temos um rol de entidades públicas e privadas da
nossa cidade que não ajudam, entre elas a Câmara Municipal de Faro
(compreendemos e somos sensíveis ás suas dificuldades, mas a realidade é
que distam e muito, dos apoios que outras Câmaras dão aos seus clubes e
todas têm as mesmas dificuldades), quando observamos que outras Câmaras
Municipais ajudam financeiramente, quando vemos outras CM ajudarem no
mínimo, nas melhorias e condições dos clubes (todas as obras enumeradas
no ponto anterior, foram de exclusiva responsabilidade da angariação de
verbas desta direcção e que actualmente ainda as paga e terá de pagar no
futuro recente). “Pena” olharmos para uma cidade como Faro, uma Câmara
como Faro e actualmente alem de não entrar qualquer verba (nem para a
formação) ou ajuda alem da cedência esporádica de transporte, ainda
fomos confrontados com o pagamento de água e luz (utilizada em 90% pelas
actividades amadoras do clube como o Basquetebol, Futsal, Ginástica,
Boxe, Ballet, etc, tudo isto actividades amadores igualmente de proveito
Social) que orçamenta cerca de 6 mil euros mensais, tornando-se mais
uma despesa insustentável para um clube, que por si só, apresenta
inúmeras dificuldades de sobrevivência.
É… um grande problema porque
os vários empresários da cidade não se mostram disponíveis para ajudar
(talvez resultante um pouco da crise do País), e os apoios que surgem
diariamente são quase inexistentes. É… porque
actualmente o clube tem/tinha uma fonte de receita que era da TV, que
representa cerca de 35% do orçamento mínimo de uma Liga Profissional. Só para que se tenha noção, um orçamento mínimo de competição profissional cifra-se em cerca de 850 mil euros total (tendo
como base os salários mínimos da Liga para atletas e treinadores; os
activos mínimos para fazer face às exigências da Liga; as deslocações ao
norte do País que contemplam viagem, hotel e refeições na ordem dos
35mil euros anuais; a Segurança Social, o IRS; o pagamento de Seguros
na ordem dos 35mil euros anuais; material desportivo indispensável para
a pratica da modalidade na ordem dos 30 mil euros; o pagamento de
activos diários do clube; o Pagamento da organização dos jogos,
contemplando policia, bombeiros e staff na ordem dos 30 mil euros
anuais; etc), e mesmo assim este orçamento é e será sempre, dos
mais baixos de uma 2º liga, porque qualquer clube do meio da tabela para
cima, tem sempre orçamentos entre o milhão de euros e os dois milhões,
sem a agravante das deslocações.
È… um grande problema, porque alem de todas as faltas de apoios, actualmente as receitas da Clínica Farense estão penhoradas; as receitas do Café Farense estão penhoradas; as receitas da FPF (como dito anteriormente) estão penhoras; em caso de negociação com a SPORTTV as
receitas da mesma ficam automaticamente retidas para abatimento da
divida que o Farense tem referente a vários anos de antecipação de
receita pedido na altura, etc. …
Posto isto, ter uma
receita da TV na ordem dos 300 mil euros, como única fonte de receita
significativa, alem do actual patrocinador, e verba de quotização na
ordem dos 20 mil euros anuais (quase nem cobre a despesa anual com a
organização de jogos). Quer com isto dizer, todos os anos partimos com
um défice de cerca de 550 mil euros. Quer com isto dizer, de uma forma
simples e tendo em conta os 11 meses de competição (pré-época e
campeonato) que o clube tem uma despesa mensal na ordem dos 77 mil
euros, e uma receita na ordem dos 32 mil euros, tudo isto sem contar que
todos os jogos em casa neste momento dão uma despesa a rondar os 700
euros domingo após domingo (porque temos gastos extra com a policia,
alegando que é devido a ter uma claque; gastos com bombeiros obrigatório
pela competição; gastos com o pessoal mínimo exigido para a organização
dos jogos; etc); sem contar com a despesa anual de multas à Liga em
cerca de 15 mil euros (cartões amarelos e cartões vermelhos que são
pagos, comportamento incorrecto do publico, etc); sem contar que a
manutenção do campo e preparação do campo para o jogo tem igualmente
custos elevados, etc...
Resumidamente mensalmente de uma forma geral estamos perante um défice
de cerca de 45 mil euros… que este Presidente e sua direcção de uma
forma ou de outra têm conseguido fazer face, sem que com isso se acumule
passivo que neste momento é nulo!
Será… um grande problema, porque
muitos destes problemas do presente continuaram no futuro, as receitas
sem capital de investimento externo, continuaram a ser as mesmas e as
despesas no mínimo serão
iguais, com a probabilidade de serem maiores; caso a Câmara continue sem
ajudar e a “obrigar-nos” a pagar a água e luz das nossas actividades
amadoras e jovens que nela se inserem; caso a “Cidade” que por si só,
não tem infelizmente capacidade de ajudar; caso continuem a cair
impedimentos resultantes de políticas erradas do passado, a título de
exemplo, agora o Ex-Atleta Carlos Costa colocou oS.C. Farense em tribunal por dívidas na ordem de mais de 100 mil euros do passado, etc…
Caros sócios e simpatizantes Farenses, durante alguns anos, passou uma
ideia de estabilidade, tranquilidade e alguma saúde Financeira, no
entanto, tudo isso só foi conseguido pelo esforço e dedicação do
presidente e respectiva direcção, Que Em primeiro lugar, realizou uma gestão criteriosa; em segundo lugar ao sacrifício pessoal de algumas pessoas; e em terceiro lugar a
alguns (poucos, muitos poucos) “bem feitores” que nos momentos de mais
aberto têm dito “presente” (mas como sabemos um dia será impossível
ajudar mais).
Sabemos das vossas ambições, que são as nossas, sabemos dos vossos
desejos, que são os nossos, sabemos da vossa exigência que é nossa, não
pensem vocês que ficamos satisfeitos com o que temos… No entanto, para
querer mais é preciso mais! E o “mais” que é preciso, modestamente não é
“o saber” que muitos comentam, não é a experiencia que muitos insistem
em escrever, muito menos a dedicação que alguns apregoam, mas sim a
capacidade financeira de poder e querer mais.
Como foi de fácil percepção, ter nestes 3 anos cerca de 950 mil euros
para fazer face a despesas mínimas na ordem dos 2 milhões e 700 mil
euros, e juntando a tudo o isto o ainda pagamento e negociação de
dívidas a ex atletas, fornecedores e entidades, não é fácil.
Não ter condições financeiras, para ter um gabinete de scouting
condizente com uma liga profissional, não ter condições financeiras para
ter um departamento de marketing/comunicação maior e a tempo inteiro,
não ter condições de realizar deslocações com mais vantagens e
benefícios para os atletas, não ter atletas com outro traquejo e
qualidade na Liga onde nos encontramos (com todo o respeito por todos os
que vestiram a nossa camisola de forma honrosa), não ter melhores
condições de treino (somos praticamente o único clube que treina e joga
no mesmo campo), não poder ter um posto medico maior e mais completo e
condizente com a divisão profissional em que nos encontramos; não ter
melhores condições para dar ao atletas e com isso trazer os “craques”
que muitos de vocês queriam que viessem e nós também! Enfim … um vasto
número de pequenas coisas, que no final de uma época desportiva fazem a
diferença e somam pontos.
Caros sócios e simpatizantes do S.C. Farense, tudo isto só acontece por dois grandes motivos: 1º. Os problemas do passado do nosso clube ao qual não podemos fugir, ignorar, ou fingir que não existem; 2º.
Essencialmente porque fiz uma promessa a todos vós, de que não venderia
o clube, não entregaria o clube como no passado se fez! Mas esse “Ponto
de Honra” esta a sair “caro” ao presidente deste clube, que mesmo assim
o continua a honrar.
Um bem-haja a todos… esta explanação não foi um lamento mas sim uma
constatação da realidade vivida nos últimos anos, que esta direcção
sentiu que muitos desconheciam e muitos outros ignoram.
Saudações Farense
O PRESIDENTE
Antonio Barão
Fonte: http://sportingclubefarense.com/
Fonte: http://scfarense1910.blogspot.pt/
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