A rua foi um insofismável berço onde se conceberam craques no universo desportivo. Na rua nasceram atletas que colocaram no púlpito genuínas referências desportivas. Conheci essa irrefutável realidade. A tribo de amigos que me acolheram nos meus tempos de meninice, conduzem-me a um nostálgico leque de lembranças que me enchem a alma de saudade. Beja, naquele tempo, tal como a mais vulgar povoação do distrito, um chuto na bola numa ruela assumia-se como uma infração à lei e punível com multa. Os polícias de giro não davam folgas a uma miudagem que tentava fugir às perseguições de homens fardados que cumpriam escrupulosas ordens do Estado Novo. Neste deambular de crianças que sonhavam com a orbe desportiva, muitos inclinavam-se preferencialmente para o futebol. Nas áreas limítrofes da velha Pax Julia existiam espaços onde a moçada se sentia mais folgada para disputar um desafio com a malta de um outro bairro. A cidade, à época, tinha auréolas de competitividade que se inseriam com as lógicas herdadas em zonas onde os moços residiam. Recordo o antigo bairro do João Barbeiro, lá para as bandas da antiga estrada de Évora e a azáfama dos “putos” em finais da década de 1950 e princípios de 1960. A rapaziada concentrava-se num campo térreo junto à praça de touros, ou num outro situado nas proximidades da ermida de Santo André, e ali disputava os dérbis. Desse lote de miúdos pertencentes àquele arrabalde, alguns já crescidos, evoco nomes e apelidos de famílias que marcaram o cenário futebolístico bejense: Os “Bajujas”, os “Parranças”, os Ernestos, os Ameixas, os Moisões, os Abóboras, os “Tarugos”, os “Terinhos”, os Lelas, entre muitos outros que por ora não me ocorrem, foram meus companheiros de jogatanas memoráveis. Recordar é viver e nós lá vamos refrescando fantasias onde se escondem encantadoras histórias que tendem cair no limbo do esquecimento. Desse catálogo de recordações fica a convicção que na rua resplandeceram outrora admiráveis desportistas. Como os tempos mudaram!
Fonte: http://da.ambaal.pt/
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