sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Sem olhar para a meta


O Sport Clube Mineiro Aljustrelense regressou ao Campeonato de Portugal. Uma vez mais depois de ter sido campeão com a liderança de Vítor Rodrigues, o treinador em quem voltou a apostar para esta época.

Texto e foto Firmino Paixão

O título distrital conseguido na última época franqueou as portas do Campeonato de Portugal aos tricolores. Vítor Rodrigues, 36 anos, está a viver esta experiência pela segunda vez, com um plantel renovado e cuja qualidade reconhece. Quanto aos objetivos do clube, assume que passam pela manutenção, mas privilegia o sentimento de estar permanentemente focado nos três pontos a conquistar em cada jogo, sem preocupações de olhar constantemente para a meta. O treinador, nascido em Mértola mas com fortes ligações à Vila Mineira, assume a responsabilidade pela reestruturação do plantel, acredita nos jogadores que ficaram e agradece aos atletas que deixaram o clube.

O Mineiro regressou ao seu espaço natural que é o Campeonato de Portugal?
Sim, o Campeonato de Portugal é o espaço onde este clube tem de estar, a sua organização trabalha com essa qualidade e nós, jogadores, equipa técnica, equipa médica e todos os outros colaboradores, tentaremos estar à altura daquilo que é o esforço dos dirigentes e daquilo que legitimamente merecem. Nunca nos faltou nada, tudo aquilo que foi pedido foi-nos proporcionado e isso só aumenta a nossa responsabilidade, mas também reforça a nossa motivação em lhes proporcionarmos muitas alegrias. E porque os sócios e os adeptos também são parte importante deste projeto, tive oportunidade de pedir aos atletas para convidarem os adeptos e os sócios a virem ao futebol. Eles deram muito a este clube e quando vêm ver o Mineiro têm de sentir motivação e reconhecer a nossa competência. Isto é um desafio, e se nós formos competentes num jogo, perante um determinado número de adeptos, no jogo seguinte teremos, se calhar, os mesmos adeptos, mais um. É isso que queremos já no início desta época e isso é simples, mas constrói-se com vitórias.

Está satisfeito com o plantel considerando que os orçamentos são normalmente precários – se calhar, realistas, mas contrastam muitas vezes com a ambição de um treinador?
Estou muito satisfeito e agradeço à direção. Porque me deu toda a liberdade para eu poder manobrar e observar jogadores. Obviamente que foi difícil, mas acho que conseguimos bons homens, a sua formação enquanto atletas e o coletivo conseguir-se-á com trabalho, mas bons homens, pessoas com caráter, já conseguimos trazer para junto de nós.

Os reforços são um misto de atletas que competiam em clubes do distrital de Beja e outros que vieram de equipas do nacional, todos eles referenciados pelo Vítor Rodrigues?
Sim, eram jogadores que eu conhecia. Posso até partilhar algo que disse já aos atletas. Lembrei-lhes que todos eles eram titulares indiscutíveis nas equipas onde jogavam no ano passado. Por isso, a responsabilidade aumenta para mim, mas também aumenta para eles, porque terão que demonstrar que vindo para este clube, um clube diferente dos outros onde estiveram, com certeza que o seu percurso será diferente, sentirão que estão num clube diferente. O que se lhe exige é que estejam à altura da história recente de um clube com esta dimensão.

Um grupo de olhos postos na manutenção, quanto mais cedo melhor?
Estamos focados nos três pontos que vale cada jogo, se ganharmos esse jogo temos a certeza que ficaremos entre os primeiros, se ganharmos o segundo normalmente continuaremos entre os primeiros e é esse o nosso objetivo. Não vamos olhar para a meta, vamos olhar para cada etapa, se vencermos etapa a etapa, estaremos, seguramente, mais perto de chegar no pelotão da frente.

O plantel perdeu dois ou três jogadores considerados “notáveis” e que tinham uma relação forte com os sócios e adeptos, Nelson Raposo, Nuno Martins, Paulo Serrão. Foram opções do treinador ou dos atletas?
São decisões que nós temos de tomar, mas que são opções tremendamente difíceis. Estou aqui e um dia vou sair, mas tudo aquilo que esses jogadores deram a este clube, aos seus adeptos e associados, foi imenso, foram muitos anos de alegrias, mas infelizmente os anos passam e as decisões têm de ser tomadas. E eu sou uma pessoa que assumo sempre as minhas responsabilidades, tanto para o sucesso, como para o insucesso. Se no final as coisas correrem menos bem, serei eu o responsável, mas se correrem bem também o serei. A responsabilidade será sempre minha, mas há uma coisa que não esqueço: aquilo que eles me deram e tudo aquilo que eles deram a este clube, porque eu acompanhei sempre, não como treinador, mas como adepto do futebol no nosso distrito, tudo aquilo que eles fizeram e, fundamentalmente, deram ao futebol distrital. Deixo-lhes aqui o meu agradecimento. Um enorme obrigado para eles.

Fonte:  http://da.ambaal.pt/

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