sexta-feira, 2 de setembro de 2016
É tudo novo para todos
Um empate no jogo de estreia, frente a um dos principais candidatos, foi um estímulo maior para que o Sporting Clube de Viana, e o seu treinador, João Daniel, confiem no futuro da equipa no Campeonato de Portugal.
Texto e foto Firmino Paixão
Vivendo momentos inéditos no seu historial, o Sporting Clube de Viana do Alentejo, emblema fundado em 1944, confiou o seu percurso no Campeonato de Portugal da presente temporada ao jovem treinador João Daniel, 30 anos, nascido em Pias. O técnico tem um perfil académico elevado e provas dadas no futebol do distrito de Beja (Piense), mas ambicionava voar mais alto, por isso deve potenciar o convite do Sporting de Viana para se projetar no futebol nacional.
São estreias absolutas, o Sporting de Viana e o João Daniel a competir e a treinar no Campeonato de Portugal?É algo curioso, estamos numa competição que marcou a estreia do Sporting de Viana no Campeonato de Portugal e a minha estreia enquanto treinador neste campeonato e, enfim, o facto de estarmos pela primeira vez a este nível, não impede que tenhamos ainda mais força para mostrarmos que, quer o Sporting de Viana, quer o João Daniel, enquanto treinador, estão mais do que capazes e mais do que preparados para enfrentar este desafio.
Foi um convite irrecusável?Sim, foi irrecusável. Foi um convite que eu não esperava que surgisse, até porque o Sporting de Viana tinha treinador, depois ainda é um bocadinho longe da minha zona de residência. Era um clube cujo trajeto eu vinha acompanhando nos últimos anos, sabia que estava a crescer e que, no ano passado, por ter sido campeão, faria a sua estreia, esta época, nos campeonatos nacionais. Mas como tinha um treinador acompanhava mais por saber quem era o treinador, um técnico que nas últimas época tinha sido meu adversário no campeonato distrital de Beja. De repente surgiu o convite e com uma grande necessidade que eu tomasse uma decisão rápida, porque o campeonato começava dentro de duas semanas e a equipa viu-se de um momento para o outro sem treinador. A decisão teve que ser muito rápida mas foi tomada como se já tivesse sido previamente refletida por mim. Não hesitei, achei que era uma grande oportunidade que não poderia desperdiçar.
Já tinha decidido não continuar no Piense, por isso, estava disponível para outros projetos?Muito antes do final da temporada já tinha decidido que seria a minha última época, pelo menos nesta fase, como técnico do Piense. Nunca escondi que gostaria de estar a treinar num projeto desportivo mais ambicioso. Penso que tenho condições para tal e tenho trabalhado muito para estar preparado no momento em que isso acontecesse. Sou bem novo, ainda tenho muito futebol pela frente, por algum lado se há de começar e o que espero é que esta época me corra bem em termos individuais – sinónimo de que para o clube a época também será bem-sucedida.
Teve duas semanas para conhecer um plantel que não foi escolha sua. O valor do coletivo conheceu--o a competir na primeira ronda do campeonato?Exatamente, como foi tudo muito trabalhado em cima da hora, com muita necessidade de decisões rápidas eu fui apanhado, como já referi, um bocadinho desprevenido, mas conseguimos fazer algumas unidades de treino e conhecer o plantel. Estou satisfeito com a qualidade dos jogadores, mas foi o primeiro jogo do campeonato, que serviu para ver o que a equipa vale em termos de coletivo, conhecer cada vez mais a equipa para fazer algumas experiências que, normalmente, a pré-época permite, o que não foi possível, pela forma como as coisas foram sucedendo. Esperemos que os primeiros resultados também ajudem porque trabalhar na construção de uma equipa em cima de vitórias é completamente diferente do que fazê-lo em cima de insucessos.
A meta só pode ser a manutenção…Nem podia ser de outra maneira. A nossa série é fortíssima, temos equipas que, ao contrário do que aconteceu noutras épocas, desde que este formato existe, têm ambições que são muito legítimas, até pelo investimento que fizeram, de ganhar a série ou evitar a segunda fase no lote de manutenção ou despromoção, inclusive, poderem subir de divisão. São várias equipas nestas condições, não é uma nem duas, portanto, equipas como a nossa, que aparecem aqui com um plantel que, tendo qualidade, lhes falta experiência, um clube que não tem aquilo que outros têm, que são jogadores que passaram pela primeira divisão, nem sequer experiência em campeonatos nacionais. Tem sido tudo novo, para mim, para o clube e para os próprios jogadores. Por isso, nesta fase inicial, não quer dizer que as coisas ao longo da época não mudem, os objetivos não sejam redefinidos, mas nesta altura, obviamente, o que nos foi pedido pela direção foi que fizéssemos o melhor possível e que, em linha com esse desejo, tentássemos a manutenção.
Fonte: http://da.ambaal.pt/
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