sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Um tiro nas exigências


O Campo de Tiro João Rebelo, na cidade de Beja, recebeu a 6.ª e última contagem do Campeonato de Portugal de Tiro às Hélices, modalidade que a federação designa agora como tiro às ventoinhas.

Texto e fotos Firmino Paixão

O Clube de Caçadores do Baixo Alentejo recebeu, no seu campo de tiro, mais uma competição nacional. Uma contagem na disciplina de tiro às hélices (tiro às fan 32 “ventoinhas”), última prova pontuável para o campeonato de Portugal, que percorreu o País (Porto, Matosinhos, Pevidém, Elvas e Ovar), chegando a Beja para encontrar os vencedores, entre os 27 atiradores que disputaram esta competição. Em paralelo disputaram-se a Taça Abertura Troféu Cartuchos Sulbeja, a Taça Federação Troféu Miguel Penteado e uma prova extra Troféu Vila Galé, competições que antecederam as provas do campeonato de Portugal, individual, por equipas e masters. Sem atiradores nesta disciplina, o Clube de Caçadores do Baixo Alentejo não se fez representar na competição, ainda assim Beja é a cidade natal do atirador Luís Monteiro (Clube de Tiro e Caça de Elvas), várias vezes campeão da Europa e do mundo nesta modalidade de tiro às hélices, por sinal ausente desta contagem, por motivos de ordem pessoal.
Na direção de tiro desta contagem esteve o bejense João Pedro Dores (CTC Elvas), ele próprio concorrente ao nacional e vencedor da Taça de Portugal na época de 2014, um feito que gostaria de repetir em breve. “Estou a trabalhar para isso com muita dedicação, vamos ver se surge a oportunidade de repetir esse brilharete”, anunciou, lembrando que este ano “as coisas não têm saído muito bem, na parte final têm estado a sair melhor mas, na verdade, não foi um ano favorável”. E porquê? “Pois, é algo que não se consegue explicar, mas que tem a ver com momentos em que atiramos melhor do que noutros e os resultados acabam por ser irregulares”. Contudo, João Dores avançou com o compromisso: “Conseguindo formar aqui uma equipa que possa trazer para cá uma contagem, ficarei por cá, não o conseguindo vou ver qual será a opção. Mas é sempre bom representar um clube da terra, essa é a minha vontade, mas às vezes não é possível, não basta a nossa vontade, precisamos de algo mais que não conseguimos dominar”. E justifica: “O Clube de Caçadores do Baixo Alentejo está a tentar reconquistar o prestígio do passado, mas as coisas não têm sido fáceis e, essencialmente, porque não há dinheiro e, quando isso acontece, tudo se torna mais difícil e complicado”, até porque “existe muita burocracia à volta do tiro, muitas exigências e constrangimentos financeiros e as pessoas afastam-se porque não estão para se sujeitar a todas as exigências que lhes colocam para praticarem um desporto de que gostam e que fazem de 15 em 15 dias ou de mês a mês”.
Um lamento partilhado também pelo veterano José Bento Monteiro, uma referência histórica do tiro, empresário no ramo do armamento, que se queixou: “A caça e o tiro são desportos cada vez mais difíceis de praticar, por causa das exigências e pelo custo das licenças. Temos uma licença de porte de arma para possuirmos uma espingarda e depois, para atirarmos às hélices, temos que ter uma segunda licença, que custa 150 euros”. Por isso, explicou: “O tiro custa muito dinheiro e ele está muito escasso no bolso dos portugueses, as limitações e os regulamentos para que não tenhamos armas são muitas, e tudo isso faz com que as pessoas se afastem e percam o gosto e o vício por este desporto”. A opção por esta disciplina explica-se porque “o tiro às hélices é muito semelhante à caça, é uma modalidade em que qualquer caçador consegue facilmente bons resultados e nos pratos já é diferente”, depois, sempre é o pai do campeão Luís Monteiro. Este ano fez poucas provas, não definiu objetivos, mas sublinhou que “como a contagem final do campeonato veio aqui para a minha terra, naturalmente que não podia deixar passar essa oportunidade em claro e vim competir, a idade já é outra, mas enfim, as coisas vão-se compondo”.
Classificações Campeonato Portugal – Seniores: 1.º José Neves (Matosinhos). Juniores: 1.º Filipe Teixeira (Ovar). Veteranos: 1.º António Vaz (Pevidém). Super veteranos: 1.º Eusébio Silva (Porto). Equipas: 1.ª CC Porto, 197 pontos. Taça Federação- -Seniores: 1.º Ricardo Vale (Braga). Juniores: 1.º Manuel Silva (Porto). Veteranos: 1.º António Vaz (Pevidém). Super veteranos: 1.º Eusébio Silva (Porto). Masters: 1.º Pedro Leite (Pevidém). Campeão Nacional – Ricardo Vale (CC Braga) 73 pontos. Top 10 2016: 1.º Ricardo Vale (Braga), 2.º Pedro Leite (Pevidém), 3.º João Pedro Dores (CRC Elvas).

Fonte:  http://da.ambaal.pt

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