Diz a lenda que uma jovem da Aldeia da Fonte do Canto se enamorou por um rapaz da vizinha Cabeço de Vaqueiros. O enlace, no entanto, desvaneceu-se quando o cavalheiro não aceitou o rogo da donzela. Desse ímpeto amoroso, que deslizou para contornos rudes, emergiu Aldeia Nova de São Bento. A lengalenga tem perfis superabundantes que derraparam para brigas entre portugueses e espanhóis. O reino de Portugal estava sob o domínio da dinastia filipina. A guerra da Restauração da Independência de 1640 apresentava-se ao rubro e o Alentejo palco da peleja. Acontece que a moça, desolada, encantou-se e casou com um soldado espanhol. O assunto ferveu com a plebe e o jovem, atónito, apressou-se a chefiar um grupo de homens das duas aldeias a declararem luta aos estranhos. A bravura dos portugueses materializou-se colocando em debandada as tropas de Espanha. Adianta a lenda que as enaltecidas preces da vitória levaram o povo a afirmar que “São Bento tinha concedido um milagre”. Assim, em honra do seu santo padroeiro, construíram-se os alicerces de uma população que prosperou e que desde o início do século XX vive o contexto desportivo. Mas se em fevereiro de 1924 o Aldenovense Football Club disputou um desafio de futebol internacional em Paymogo, vitória dos visitantes por 8-0, ficam nos anais da história os dérbis entre o Atlético Aldenovense e a equipa de Rosal de la Frontera. A rivalidade entre a rapaziada das localidades fronteiriças ditava princípios básicos e pareceres administrativos. Os regimes políticos eram cruéis. Ora, o jogo pressupunha cuidados atempados. Todavia, a dualidade da lenda e da realidade deu origem a benquerenças desportivas que se solidificaram com o progredir do tempo. Aliás, as antigas rixas, de índole diversa, sugeriam inquietações. Hoje, ao determo-nos sobre o historial do clube aldenovense, damos conta da presença de atletas do Rosal de la Frontera que já defenderam as suas cores. Consubstanciando a natureza do fenómeno, não há lenda que trave o intercâmbio desportivo constatado. A realidade é agora outra.
Fonte: http://da.ambaal.pt/
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