A presença da seleção distrital Sub/17 na final do Interassociações de Futsal e a distinção com o Prémio Mérito e Excelência pelo índice de crescimento de atletas femininas foram os dois momentos que, no final de 2016, deram grande visibilidade à Associação de Futebol de Beja.
Texto Firmino Paixão
Foto AF Beja
O coordenador técnico da Associação de Futebol de Beja, Paulo Paixão, analisou esses dois polos de sucesso que prestigiam o futebol distrital, explicando que assentam em novas estratégias de incremento e desenvolvimento desportivo, e anunciou que outros projetos inéditos, mas estruturantes, podem, muito em breve, estar no terreno.
A presença da seleção de Beja na final do Interassociações foi um acontecimento inédito e notável…Sem dúvida, isso é inegável e incontornável, porque uma associação da nossa dimensão atingir a Final Four de Futsal, sendo um das quatro melhores associações do País neste escalão, foi um feito, para além de histórico, notável. Principalmente para quem nem sequer tem competição de futsal neste escalão. Estes são miúdos que jogam no escalão de juniores da modalidade e, sabendo nós que o futsal nesta região ainda tem muito para progredir, é um resultado espetacular e os responsáveis por isso foram os próprios jogadores, pelo seu talento.
O quarto lugar final não belisca, minimamente, o mérito do percurso até à final?Sabíamos que na Final Four encontraríamos muitas dificuldades. A probabilidade de acontecerem resultados negativos era muito grande, porque, para além dos nossos jogadores terem demonstrado qualidade, ainda têm muitas carências ao nível da aprendizagem do que é o jogo do futsal.
Para além de ser uma meta, esta etapa pode ser entendida como um ponto de partida para qualquer coisa que poderá estar para acontecer?Partilho dessa opinião. Acho que sim, que é um marco que nos vai ajudar no desenvolvimento do futsal e que fará com que olhemos para o futuro com mais confiança. Será um excelente ponto de partida para que possamos desenvolver o futsal na região, mas que se desenvolva de uma forma sustentada e não em detrimento do futebol. O crescimento do futsal não pode provocar o empobrecimento do futebol, ou o desaparecimento de equipas que o pratiquem. Tem que ser uma solução muito viável para atletas que tenham mais características para esta modalidade, depois para clubes de terras mais pequenas que, não tendo atletas suficientes para o futebol, possam competir no futsal.
A par de tudo isto, a federação atribuiu o Prémio de Mérito e Excelência pelo incremento do número de atletas no futebol feminino. Foi outra boa distinção. O início desta época desportiva tem-nos dado muitas alegrias, especialmente este prémio e a presença dos Sub/17 na Final Four. Tivemos o maior crescimento relativo de atletas femininas, comparativamente com todas as outras associações do País. Um prémio que, pessoalmente, me deixa muito satisfeito, porque foi uma opção estratégica resultante da promoção do Projeto Centro de Treino de Futebol Feminino. Optámos por criar três polos diferenciados. O Polo Litoral, em Milfontes, o Polo Interior, na Amareleja, e o Polo Central, em Beja. E isso permite à nossa estrutura técnica ir aos diversos locais promover essa oferta a raparigas que gostem de jogar futebol. Com esta proximidade, promovemos também a sua aproximação aos clubes e, simultaneamente, identificam-se talentos para a nossa seleção distrital.
Estamos a falar de mais de meia centena de jovens com muito talento?Temos um grupo em Milfontes com 24 atletas e com grande assiduidade aos treinos. É gratificante fazermos essa deslocação e constatarmos a sua motivação para o futebol. No polo interior temos uma média de 16 atletas, que pode crescer. Em Beja passámos de 13 para 23 atletas, um bom crescimento, embora estejamos ainda numa fase inicial. Outro aspeto importante foi termos escolhido alguém dessas localidades para integrar as equipas técnicas e isso é um aspeto facilitador para assegurar a regularidade deste trabalho. Sentimos que estamos a deixar uma semente e a promover esse crescimento com uma estratégia única a nível nacional; apesar de o Projeto Centro de Treino existir em todas as associações mas, com estas características, é única e tem resultado.
O que podemos esperar no futuro que dê continuidade a essa dinâmica?Temos que dar passos seguros para consolidarmos as nossas estratégias de desenvolvimento. Não podem ser coisas efémeras, que acabem por se dissolver. Vamos continuar atentos a novas estratégias de desenvolvimento até de outras áreas. Temos várias ideias, vamos criar condições e, aos poucos, iremos trazê-las para o terreno de uma forma sustentada. Mas temos ainda muito por onde crescer, temos o futebol de rua, o futebol de praia, enfim, há ainda um longo caminho a percorrer.
Fonte: http://da.ambaal.pt
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