No mundo global do desporto coabitam pessoas que alguns consideram inesquecíveis. Recordo com saudade, a que acresce uma inabalável amizade consumada pelo tempo, a febril tarefa que o professor Manuel Fonseca exercia, enquanto docente, e que visava descobrir valores para o futebol. A sua dedicação à causa era irrepreensível e sob o seu astuto olhar foram muitos os jogadores que saltaram para a ribalta. Conheço histórias em que a sua faculdade em visionar as potencialidades de um miúdo se tornava infalível no seu encaminhamento para os grandes símbolos nacionais. Seria fastidioso citar os muitos casos em que a sua opinião era assumida como palavra dada, palavra honrada. De Beja saíram jovens que brilharam no palco futebolístico lusitano. Na época de 1967/1968, em consonância com a sua observação, o professor teve o engenho em enviar dois putos, oriundos do Despertar, para a “capital do Império” e cujo destino foi o Sport Lisboa e Benfica: o Cano Brito e o autor desta prosa. Na impetuosidade evolutiva dos tempos, recordo a tarde quente de agosto em que parti no comboio das cinco rumo a Lisboa, sendo que no Terreiro do Paço, perto das 23 horas, fui recebido pelo antigo campeão europeu Ângelo Martins (jogador que só conhecia nos cromos da bola) que me conduziu ao Lar do Benfica, na Calçada do Tojal. Na noite anterior o professor Fonseca, acompanhado pelo senhor Lança, pai do Vaz Lança, foram-me buscar a Aldeia Nova de São Bento numa altura em que gozava o período das férias grandes e me deram a retumbante novidade. É óbvio que no universo dos sonhos tudo suava a grandeza. Benfica? Ah, que oportunidade fantástica, rejubilava. Depois dessa feliz experiência, acabei por transitar para o Sporting CP, clube que dignamente representei. A prosa espalha-se a um catálogo de miúdos que vestiram camisolas de colossais grémios, sendo a altivez desses emblemas simplesmente divinal. Fica a justa referência ao professor Manuel Fonseca, um homem que viveu com intensidade o futebol dos mais novos e que projetou muitos craques para palanques memoráveis.
Fonte. http://da.ambaal.pt
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