sábado, 1 de abril de 2017

Clã Madeira

José Saúde

A analogia que nos agita quando viajamos pelo universo do passado, conduz-nos a penetrar no baú da saudade e rever indeléveis recordações. É espiando profícuas imagens de notabilidades de outrora e clãs familiares que se envolveram no prodígio desportivo, que trazemos à liça a família Madeira. Oriundo da cidade de Beja e residente clássico da zona do Terreirinho das Peças, o clã Madeira era, e é, felizmente, formado por um quinteto de irmãos que outrora espalharam o perfume do seu futebol no interior das quatro linhas. O Joaquim, o Nói, o Rui, o João e o Vítor. Reza a gesta desportiva bejense que todos se iniciaram nas camadas jovens do Desportivo e defenderam, com dignidade, as cores da emblemática coletividade. O Joaquim, filho primogénito da tribo, estreou-se na célebre escola de futebol bejense orientada pela antiga “torre” de Belém, Feliciano, em meados da década de 1950 e quando aquela virtuosa glória nacional treinava a equipa sénior paxjuliana. Sabe-se que o seu olhar de perito se dedicava à descoberta de novos talentos. O trajeto inicial do mano Nói foi idêntico. Ambos fizeram carreiras famosas mas a virtuosidade do Nói levou-o mais longe. Em terras de Moçambique foi conhecido, com pomba e circunstância, tal como o saudoso rei Eusébio em Portugal. A sua afirmação no futebol africano atingiu a quota da excelência. O Rui, militou em diversos grémios, registando-se uma passagem pelo Benfica de Luanda, Angola. O João foi um atleta que explodiu em clubes da urbe bejense. O Vítor, o catraio que encerrou a fábrica da brilhante linhagem Madeira, assumiu-se como uma das mais-valias de uma irmandade onde dogmatizaram autênticos craques. Numa breve discrição sobre o clã Madeira, fica explícito que esta geração de exuberantes astros é coisa rara, ou inigualável, atrevo-me a sublinhar, neste território lusitano. Um orgulho para o velhote Joaquim Madeira, o pai, um homem que alimentava o clã com o dinheiro angariado na venda de peixe no mercado municipal. Vidas de gentes nobres da bola e onde se cruzaram histórias encantadoras. 

Fonte:  http://da.ambaal.pt

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