José Saúde
A analogia que nos agita quando viajamos pelo
universo do passado, conduz-nos a penetrar no baú da saudade e rever
indeléveis recordações. É espiando profícuas imagens de notabilidades de
outrora e clãs familiares que se envolveram no prodígio desportivo, que
trazemos à liça a família Madeira. Oriundo da cidade de Beja e
residente clássico da zona do Terreirinho das Peças, o clã Madeira era, e
é, felizmente, formado por um quinteto de irmãos que outrora espalharam
o perfume do seu futebol no interior das quatro linhas. O Joaquim, o
Nói, o Rui, o João e o Vítor. Reza a gesta desportiva bejense que todos
se iniciaram nas camadas jovens do Desportivo e defenderam, com
dignidade, as cores da emblemática coletividade. O Joaquim, filho
primogénito da tribo, estreou-se na célebre escola de futebol bejense
orientada pela antiga “torre” de Belém, Feliciano, em meados da década
de 1950 e quando aquela virtuosa glória nacional treinava a equipa
sénior paxjuliana. Sabe-se que o seu olhar de perito se dedicava à
descoberta de novos talentos. O trajeto inicial do mano Nói foi
idêntico. Ambos fizeram carreiras famosas mas a virtuosidade do Nói
levou-o mais longe. Em terras de Moçambique foi conhecido, com pomba e
circunstância, tal como o saudoso rei Eusébio em Portugal. A sua
afirmação no futebol africano atingiu a quota da excelência. O Rui,
militou em diversos grémios, registando-se uma passagem pelo Benfica de
Luanda, Angola. O João foi um atleta que explodiu em clubes da urbe
bejense. O Vítor, o catraio que encerrou a fábrica da brilhante linhagem
Madeira, assumiu-se como uma das mais-valias de uma irmandade onde
dogmatizaram autênticos craques. Numa breve discrição sobre o clã
Madeira, fica explícito que esta geração de exuberantes astros é coisa
rara, ou inigualável, atrevo-me a sublinhar, neste território lusitano.
Um orgulho para o velhote Joaquim Madeira, o pai, um homem que
alimentava o clã com o dinheiro angariado na venda de peixe no mercado
municipal. Vidas de gentes nobres da bola e onde se cruzaram histórias
encantadoras.
Fonte: http://da.ambaal.pt
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