sábado, 1 de abril de 2017
Uma “geminação” a remos
A pista de remo e canoagem instalada na Tapada Grande da Mina de São Domingos começa a dar frutos. A Federação Polaca de Canoagem já instalou ali o seu centro de preparação para as suas equipas olímpicas.
Texto e foto Firmino Paixão
O Clube Náutico de Mértola e a Polski Zwiazek Kajakowy (Federação Polaca de Canoagem) acabam de celebrar um protocolo que permite a instalação na Mina de São Domingos do Centro de Preparação Olímpica e Paraolímpica de Canoagem para as seleções da Polónia. O apoio do município de Mértola e do grupo hoteleiro (Duna Parque) a quem está concessionada a unidade hoteleira da Mina de São Domingos são parcerias importantes para potenciar a infraestrutura que durante os meses de inverno, e meados da primavera, fixa cerca de três dezenas de atletas.
A notícia foi partilhada com o “Diário do Alentejo” pelo vice-presidente da Federação Polaca, o antigo atleta e técnico Zdzislaw Szubski, 59 anos, nascido em Grudziadz. Como atleta foi medalha de prata em k4 10 000, nos campeonatos da Europa de 1978 (Belgrado), 1979 (Duisburg) e 1981 (Nottingham), e medalha de bronze em 1977 (Sofia) e 7.º nos Jogos Olímpicos de Moscovo (K2 500m).
Como treinador/selecionador desenvolveu a sua atividades em países como Portugal, Grécia, Chile, Brasil e Polónia, sendo um profundo conhecedor dos bons planos de água e excelentes condições climatéricas existentes no Alentejo, o que terá sido um elemento facilitador na vinda das seleções da Polónia para a Mina de São Domingos.
Szubski já tinha estado em Mértola em 2012 acompanhando pelo selecionador nacional de canoa- gem da Rússia, Vladimir Parfenovich. Veio avaliar as condições locais para as equipas russas ali estagiarem e, em 2014, esteve na Mina de São Domingos representando o Comité Olímpico da Polónia e participando no II Simpósio Internacional de Treinadores de Canoagem, com organização do Clube Náutico de Mértola, em parceria com a Federação Portuguesa de Canoagem. Zdzislaw Szubski voltou em 2015 para dirigir a preparação do atleta porto-riquenho Eddi Montanez, uma referência nacional como atleta paraolímpico. Com uma tão grande afinidade com a região e, uma vez construída a pista de remo e canoagem, não se estranha que o agora dirigente federativo tenha escolhido a Mina de São Domingos. E o próprio fez questão de recordar “um pouco da história do que foi a minha presença em Mértola em 1987, a convite do Carlos Viegas. Fizemos aqui os primeiros estágios com uma equipa nacional portuguesa, depois houve um momento em que eu saí para outros países, era também um momento em que o Carlos Viegas estava a trabalhar muito para desenvolver a canoagem nesta região e agora, finalmente, a pista que foi construída na Tapa Grande da Mina de São Domingos valoriza muito o local”, por isso, adiantou: “As equipas olímpicas da Polónia querem ficar aqui a fazer a sua preparação para os próximos jogos olímpicos, sobretudo no período preparatório, ou seja, no período de inverno, novembro, final de janeiro até meados de abril”.
E de que seleções estamos a falar? “Serão todas as seleções femininas e masculinas nas especialidades de canoa e kayak e também a paraolímpica. Eu até tenho outra ideia, porque participei nos seminários internacionais que aqui se realizaram, e, este ano, gostaria de dinamizar a organização, em conjunto com o município de Mértola e com os gestores da unidade hoteleira, de mais uma edição desse seminário, principalmente para a vertente de paraolímpicos”. E justificou: “A paracanoagem já é modalidade olímpica, foi-o pela primeira vez no Rio de Janeiro, será também em Tóquio, e por isso queremos que esse centro de treino não seja apenas para a Polónia, mas que tenha uma expressão mais internacional”.
O clima é também um dos grandes atrativos destas seleções, recordou Zdzislaw Szubski: “Nesta altura está frio em toda a Europa, na Polónia estão dois ou três graus durante o dia e negativos à noite, e aqui estamos com temperaturas muito agradáveis, quase de verão. Depois, sem dúvida nenhuma, sentimo-nos aqui muito felizes, porque somos muito bem recebidos, sentimo-nos acarinhados e os atletas também já me manifestaram a sua felicidade em estarem aqui, por isso aprovaram este plano de água para a sua preparação e nós, responsáveis, estamos muito felizes também por nos ter sido proporcionado um local para estágio onde nos sentimos tão bem”.
Vinte e oito atletas desta comitiva participaram até na 2.ª etapa (velocidade 500m) que fechou a competição II Rivers Trophy e que ali reuniu cerca de 150 remadores. “Uma boa participação e em relação ao ano passado, se calhar, com um nível mais elevado, pois tivemos aqui vários atletas que competiram nos jogos olímpicos, alguns medalhados, e as provas correram muito bem”, considerou Luís Godinho, presidente do Clube Náutico de Mértola.
Fonte: http://da.ambaal.pt/
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