José Saúde
Aprovado por despacho ministerial datado de 11 de
dezembro de 1956, instituiu-se, oficialmente, o “Bairro de Nossa Senhora
da Conceição, em Beja, sendo as suas casas entregues a um chefe de
família e sua esposa”. O processo de doação pertenceu à Junta Diocesana
de Amparo aos Pobres que naquele tempo pretendia banir a pobreza na
cidade. Os bairros, no seu todo, albergam um conjunto de princípios que
extravasam, literalmente, para a componente desportiva e onde reinam
futuros deuses que continuam a brilhar em colossais palcos desportivos
mundiais. O jogo da bola remete-nos para uma viagem no tempo,
sucintamente ao século XIX, onde jornadeamos, em particular, pelos
bairros operários de Liverpool, Inglaterra. Naqueles subúrbios, sediados
em terras de sua alteza, realizaram-se excelentes despiques que
regozijaram a irreverente juventude. O prodígio dinamizou-se e a fome da
mocidade no exercício físico galgou fronteiras. Nas décadas de 1950 e
1960 conhecemos esse enorme entusiasmo nos bairros de Beja. Nesses
tempos existiam grupos de moços que palmilhavam ruas, becos, travessas e
largos, sendo o intuito efetuar derbies contra a malta dos bairros das
Alcaçarias, Poça da Lã, João Barbeiro, Pelame, Arrabalde, Aparícia,
Salazar, Praça de Touros, Largo do Carmo, Salvador, Terreirinho das
Peças e do castelo, entre outros. Nesta panóplia de turmas, organizadas
na hora, destaco, por razões evidentes, o Bairro de Nossa Senhora da
Conceição. Recordamos o tempo dos jogos para o campeonato distrital da
antiga FNAT. O campo, cedido pela Diocese, era um espaço ermo. O público
arrumava-se ao longo das linhas polvilhadas de cal viva. Em 11 de
agosto de 1987 fundou-se o Centro de Cultura e Desporto do Bairro Nossa
Senhora da Conceição. Paulatinamente foram-se construindo novas
infraestruturas e o recinto ganhou uma dimensão indiscritível. Hoje,
deparamo-nos, com a convicção, que o CCD do Bairro usufrui de dignas
instalações, aonde não faltam um pavilhão gimnodesportivo, um relvado
sintético, bancadas, secretaria, vedação do espaço circundante, além de
muitas outras acomodações que elevam o grémio bejense a um patamar
superior. É justo que deixemos uma menção honrosa para dirigentes,
sócios, amigos e voluntários que gratuitamente se entregaram a uma causa
crescente que merece rasgados elogios. E se a mão-de-obra oferecida em
prol da construção de um espaço que copiosamente ganhou forma, não
deixará de ser também verdade que a componente desportiva alcançou,
simultaneamente, parâmetros memoráveis.
Fonte: http://da.ambaal.pt/
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