sábado, 28 de outubro de 2017
O homem da maratona
“Foi um momento único, nem tenho palavras para descrever o que senti. Sou um rapaz que luto sempre para que a vida me sorria, sacrifico-me bastante para que o dia de amanhã seja mais positivo. Este sucesso foi o resultado da minha luta diária, sabendo que nunca é tarde para nos superarmos”, afirma Bruno Paixão, atleta do Beja Atlético Clube que recentemente conquistou o título de campeão nacional de maratona.
Texto e foto Firmino Paixão
Bruno Paixão nasceu em agosto de 1984 na freguesia de Fortios, no distrito de Portalegre. Iniciou a sua carreira desportiva no Atletismo Clube de Portalegre e representou o Benaventense, antes de vestir a camisola do Beja Atlético Clube. Foi com este emblema ao peito que terminou a Maratona de Lisboa 2017 na sétima posição, o melhor português, arrebatando um título importantíssimo para a sua carreira. Por isso, diz: “Sinto-me uma pessoa mais responsável, mais madura e dedicada. Sempre pensei qual seria o dia em que teria o gosto de ser campeão nacional e esse dia chegou. Luto sempre com todas as minhas armas por novas etapas na minha vida. Tem sido assim ao longo de todos estes anos de empenho pelo atletismo. Mas todo o sacrifício com que trabalhamos arduamente pelos nossos objetivos vê-se compensado nestes momentos”.
Cortou a meta no sétimo posto, logo atrás da poderosa legião africana, mas não evitou algumas lágrimas: “As lágrimas foram de emoção, o sentimento de ter cumprido o objetivo, mesmo com poucos recursos e por ter visto na meta uma pessoa que tem feito de tudo para que eu chegue sempre mais longe nas minhas conquistas, o Luís Busca, massagista e terapeuta, um grande homem a todos os níveis”.
A receita do título foi de simples prescrição, planeamento, trabalho e sacrífico: “Houve uma preparação bem planeada para atingir este objetivo, porque era um título que estava em causa e a maratona exige muito tempo, muita disponibilidade, empenho, concentração, descanso, muito trabalho básico e técnico e algo mais. Para que tudo corra pelo melhor temos que deixar muita coisa da nossa vida para trás. Não é fácil mantermos tudo isto. Mas sem sacrifício e luta não há resultados”.
O título foi com naturalidade dedicado à família, aos amigos, aos patrocinadores, mas foi também um momento importante na projeção do Beja Atlético Clube, emblema que continuará a representar na presente temporada: “Sim, porque além de ser um clube que muito respeito, penso que nunca teve um campeão nacional e merece este presente magnífico, pelo empenho e dedicação que tem tido para com todos os atletas. Aquele momento ficará na história do Beja Atlético Clube e da própria cidade”.
Bruno Paixão trabalha na área da geriatria na Associação dos Amigos da Terceira Idade de Fortios, uma tarefa solidária para a qual, afirma, ser preciso “ter uma personalidade forte para servir uma comunidade como aquela, mas gosto do que faço, os utentes estão contentes comigo e eu também me sinto feliz, porque é um trabalho diferente e gratificante”.
Do ponto de vista pessoal, este título pouco mudará na vida do novo campeão: “Não muda nada, sou a mesma pessoa que era antes, apenas sou mais feliz por ver o meu trabalho árduo ser compensado”. Provavelmente o que mudará é a forma como os grandes clubes olharão para o portalegrense Bruno Paixão, eventualmente, com algum assédio, mas o atleta desvaloriza: “Vejo isso com outros olhos, os outros clubes irão ver o Bruno Paixão como um atleta igual a todos os outros, mas cada um à sua maneira, sou um atleta dedicado ao meu clube atual e empenhado em atingir novas metas. Estou bem no Beja Atlético Clube, sou bem tratado e ali espero ficar durante muitos anos”.
Aos 33 anos, quais serão os grandes sonhos que Bruno Paixão ainda alimenta, uma questão legítima a que o novo campeão não se esquiva a responder com a sua habitual humildade: “Vou ser muito sincero, gostava de atingir o título de campeão nacional de estrada e de meia-maratona e conseguir um novo recorde pessoal na meia e no crosse, especialidade de que gosto menos. Tentar os mínimos para os europeus de crosse, 10 mil metros em pista, meia-maratona e mais tarde na maratona. Sonho com uma presença nos Jogos Olímpicos numa destas distâncias”. Metas ambiciosas para um atleta a quem não falta ambição e disponibilidade para o sacrifício: “Treino três horas por dia, desde o aquecimento, corrida contínua, alongamentos, parte técnica e algo mais. Nem sempre é fácil gerir o trabalho com o atletismo, tem de existir uma grande organização da minha parte para não deixar que tudo se perca! Trabalhar por turnos é complicado, porque o corpo não descansa o suficiente para o dia seguinte e, em competição, ainda mais grave se torna. Mas tudo se consegue com este lema – sacrifício, humildade e dedicação”. Parabéns campeão.
Fonte: http://da.ambaal.pt
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