sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Bola de trapos “Zunzuns das Portas de Mértola”

José Saúde
Recapitulando fortuitas pesquisas reunidas no refinado baú de recordações, sendo certo que estas marcaram o quotidiano bejense, trago à estampa uma coluna no Diário do Alentejo ("DA") que encantava o leitor, tendo em conta o conteúdo das bisbilhotices registadas: “Zunzuns das Portas Mértola”. O autor dessas linhas, escritas com sagacidade e rigor de observação, era o saudoso jornalista do "DA" José Moedas, um homem que trabalhava com elevado malabarismo a dialética dos assuntos historiados. Expunha o povo que a sua redação, fora do jornal, era a Ginjinha, de fronte à “meia laranja”, em pleno coração da cidade de Beja. Parafraseava-se, em surdina, que o senhor Secundino, proprietário do espaço, seria uma das suas fiéis fontes de informação. Uma dica aqui e uma outra acolá auscultadas pelo meio dos falatórios, serviam a preceito as suas intenções para debitar no papel uma esplêndida notícia. Sentado a uma das mesas do exíguo lugar, o Zé, sempre de ouvido à escuta à cavaqueira de gentes que chegavam e que partiam, lançava um gracejo ao senhor Secundino, e este, com a resposta à ponta da língua, gizava desde logo as traves mestras para uma comunicação que por vezes se consumiria no tempo. O desporto apresentava-se como um assunto que não passava ao lado dos “Zunzuns das Portas de Mértola”. Nesses tempos não havia jornais desportivos diários, nem tão-pouco rádios locais que usufruíssem da rápida comunicação das notícias. Naquela tertúlia o nosso primoroso escriba desafiou o reino dos mortais e lançou para a maralha indubitáveis novidades desportivas. Umas que se afirmariam como reais, outras que ficavam pela imaginação do divino criador. Real foi o facto que o Zé, na década de 1960, foi, nos bastidores e à socapa, um efémero técnico do Desportivo de Beja quando a equipa militou na segunda divisão nacional, uma boa nova que não chegou a fazer parte das utópicas simpatias dos seus “Zunzuns”. Fica a eterna lembrança e a sentida homenagem a um ícone do jornalismo de nome José Moedas, uma criatura que jamais vendeu a alma ao diabo e que soube construir a sua profissão de forma séria e literalmente consagrada. Memórias dos “Zunzuns das Portas de Mértola” que muito encantaram um rol de companheiros que, tal como eu, se deixavam seduzir pela fértil imaginação do divino varão do jornalismo regional, sendo ele também um excelente fidalgo na arte em planear as produtivas comunicações. Outros tempos, outras temáticas onde a perspicácia de quem informava tinha como revés o ocultado “lápis azul”, ou seja, o da censura!
Fonte: Fcebook de Jose saude

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