sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

No Alentejo há uma terra onde se formam campeões do desporto que para a Nasa “é o mais difícil de ser praticado”: o ténis de mesa


“O ténis de mesa tem retribuído a minha dedicação à modalidade através daquilo que considero o mais importante: o empenho, a amizade, a verdade e o respeito mútuo existente entre mim e os atletas. Outra coisa importante é o reconhecimento do nosso valor a nível nacional e o respeito que todas as equipas têm por Serpa, como potência do ténis de mesa”.  

Texto e foto Firmino Paixão


Uma confissão de António Carlos Azedo Bentes, 59 anos, licenciado em Ciências da Educação e docente do 1.º ciclo no Agrupamento de Escolas de Serpa, cidade de onde é natural. Há 36 que pratica, e treina, ininterruptamente, a modalidade.
Tudo começou “pela participação nos primeiros torneios do Centro de Cultura Popular de Serpa, em 1974”, lembra António Bentes. “Mais tarde, comecei a treinar diariamente na Sociedade Luso União Serpense, até que o diretor Bento Pataca me propôs a criação de uma secção de ténis de mesa”, conta. Um desafio aceite e a equipa prontamente organizada: “Escrevi para todos os municípios do distrito a convidar os clubes interessados em participarem num campeonato de equipas, uma vez que não existia uma associação regional. Inscreveram-se 10 clubes, iniciámos a atividade regular, participando nessa prova, e também em torneios do Inatel, até que federámos o Luso Serpense na Associação de Ténis de Mesa de Évora”.
Como jogador representou o Luso Serpense, a Casa do Povo de Serpa e o Lepe (Espanha) e já como treinador tem orientado as referidas equipas de Serpa e o agrupamento de escolas local. No currículo de António Bentes inscrevem-se várias centenas de títulos regionais e nacionais, em várias categorias, quer a nível federado, amador ou no desporto escolar, área que o levou a Israel, em 1995, para representar a Escola Secundária de Serpa. No seu palmarés conta também a inédita projeção de dois atletas alentejanos para as seleções nacionais.
O mesa-tenista recorda ainda a passagem por Serpa de “mais de duas centenas de praticantes, entre os quais um jogador chinês e outro de Barbados”. No entanto, refere que “recordar o nome de alguns, seria omitir o nome de outros e, para não ferir suscetibilidades, posso dizer que todos foram importantes para a modalidade”. E sublinha que, “presentemente, nos Jogos Municipais de Serpa, conseguem-se bons resultados e captam-se novos atletas”.
Por tudo isto, e não é pouco, quando se fala de ténis de mesa nesta região é obrigatória a referência a António Bentes. Mas será que o próprio convive bem com esta realidade? “Quando alguém se dedica a uma causa durante tantos anos, é normal que sejamos conhecidos, principalmente no meio mesa-tenístico. Posso dizer que convivo bem com esta realidade e que, dentro das minhas capacidades, e em prol do desenvolvimento deste desporto, procuro sempre ajudar e orientar quem precisa”. Afinal, confessa que o ténis de mesa “é uma grande paixão que me faz procurar diariamente uma evolução neste desporto, com o objetivo de ser cada vez melhor praticante, ao mesmo tempo que beneficio de uma atividade física muito salutar”.
O ténis de mesa é, realmente, uma atividade muito salutar e António Bentes fez mesmo questão de citar um estudo recente feito pela NASA: “O ténis de mesa é o desporto mais difícil que pode ser praticado a um nível elevado, o desporto mais complexo e excitante que pode existir, aliando a inteligência, rapidez mental, agilidade de movimento, bons reflexos”.
Habilitado com o curso de treinador do 2.º grau, que frequentou durante dois anos, António Bentes projeta “manter a prática e dinamizar cada vez melhor a modalidade desportiva que mais gosto e continuar a levar o nome de Serpa e do Alentejo a todo o País e ao estrangeiro”. Uma atividade que se propõe manter “enquanto tiver saúde, apoio e empenho dos atletas e clubes”, realçando que nesta modalidade “é frequente a participação de atletas com 70, 80 e 90 anos em campeonatos da Europa e do Mundo, na classe de veteranos”.
E quando questionámos se o ténis de mesa já lhe retribuiu tudo quanto deu e continua a dar à modalidade, foi perentório: “Nunca me pus em bicos de pés para receber reconhecimentos institucionais, no entanto, a Federação Portuguesa de Ténis de Mesa, a Associação de Ténis de Mesa de Évora e o Instituto Português do Desporto e Juventude já me reconheceram ‘mérito’. A Sociedade Luso União Serpense também me atribuiu a qualidade de ‘sócio de mérito e, este ano, a Casa do Povo de Serpa reuniu os atuais e antigos atletas que passaram por Serpa, desde 1982, e prestou-me uma homenagem”.
Tributos justíssimos a um homem que tem dedicado toda uma vida à causa do ténis de mesa.

Fonte: http://da.ambaal.pt

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